sexta-feira, 24 de abril de 2009

O novo perfil dos programas a distância no terceiro milênio – o caso brasileiro

O novo perfil dos programas a distância no terceiro milênio – o caso brasileiro

Marlene Montezi Blois
Diretora do Escritório CREAD- Rio de Janeiro Consultora da UNIVIR- UNICARIOCA/ Brasil
mmblois@unicarioca.br

Fátima Azeredo Melca
Coordenadora do Laboratório de Educação à Distânciado Instituto Benjamin Constant
Professora do Instituto de Psicologia da UFRJ
fatimamelca@ibc.gov.br


Resumo:

A Educação a Distância - EAD na atualidade ganha destaque na relação que estabelece entre os usuários e sua realidade. A significativa expansão do aprendizado à distância, acarretou uma reflexão sobre os paradigmas da Educação consolidados ao longo de décadas. A natureza multicultural da sociedade brasileira determina que se construa uma visão plural da realidade e que se possibilite um engajamento maior de todas as pessoas. À medida que as distâncias espaço-temporais diminuem, culturas se confrontam, diversidades e diferenciações sociais se evidenciam no cenário público. A EAD apresenta-se, assim, como uma estratégia fundamental na diminuição das desigualdades educacionais históricas no país. O perfil dos programas a distância deixou de ser uma exceção ou algo especial, para se constituir em mais um componente do sistema educacional. Em nosso país, 24,3 milhões de pessoas apresentam algum tipo de deficiência e os movimentos de defesa de equiparação de oportunidades reconhecem o papel imprescindível de direito à Informação às pessoas com necessidades especiais. Ao se buscar a construção de uma cultura de respeito às diferenciações, torna-se inerente repensar a área educacional e rever suas práticas, desenvolver novas competências e propor estratégias de aprendizagem condizentes com as reais necessidades de sua clientela e as mudanças marcantes desse século que se inicia. A evolução da era digital possibilitou o surgimento da Internet, uma das maiores revoluções tecnológicas do século. A valorização da diversidade cultural e a necessidade de incorporar esse contexto multicultural na Educação e, mais especificamente, a inclusão social de pessoas que permanecem alijadas do desenvolvimento científico-tecnológico, fortalecem a intenção de se desenvolver programas que atendam as diferenças e alicercem uma política de acessibilidade social e digital.Hoje, na medida em que o avanço tecnológico é uma realidade, torna-se imperativo que os perfis dos programas a distâncias caracterizem-se por uma abordagem mais amigável, interativa, colaborativa, democrática e acessível, permitindo ao usuário mediações de diferentes naturezas. É fundamental que os programas produzidos para ambientes virtuais de aprendizagem gerem processos realmente inovadores de educação, criando espaços ricos e flexíveis que possibilitem instrumentos capazes de orientar adequadamente e os alunos e de apoiar o desenvolvimento de múltiplas competências cognitivas, habilidades e atitudes, oferecendo realmente situações pelas quais possam construir o conhecimento.

Abstract:
Summary the Education in the distance - EAD in the present time gains prominence in the relation that establishes between the users and its reality. The significant expansion of the long-distance learning, caused a reflection on the consolidated paradigms of the Education throughout decades. The multicultural nature of the Brazilian society determines that if it constructs a plural vision of the reality and that if makes possible a bigger enrollment of all the people. To the measure that the space-secular distances diminish, cultures if collate, social diversities and differentiations if they evidence in the public scene. The EAD is presented, thus, as a basic strategy in the reduction of the historical educational inaqualities in the country. The EAD is presented, thus, as a basic strategy in the reduction of the historical educational inaqualities in the country. The profile of the programs in the distance left of being an exception or something special, to consist in plus a component of the educational system. In our country, 24,3 million people present some type of deficiency and the movements of defense of equalization of chances recognize the essential paper of right to the Information to the people with necessities special. If searching the construction of a culture of respect to the differentiations, one becomes inherent to rethink practical the educational area and to review its, to develop new abilities and to consider condizentes strategies of learning with the real necessities of its clientele and the marcantes changes of this century that if it initiates. The evolution of the digital age made possible the sprouting of InterNet, one of the biggest technological revolutions of the century. The valuation of the cultural diversity and the necessity to incorporate this multicultural context in the Education and, more specifically, the social inclusion of people who remain unloaded of the scientific development, fortify the intention of if developing programs that take care of the differences and alicercem one politics of social and digital accessibility.
Today, in the measure where the technological advance is a reality, one becomes imperative that the profiles of the programs the distances are characterized for friendlier, interactive, colaborativa, democratic and accessible a boarding, allowing to the user mediações of different natures. It is basic that the programs produced for virtual environments of learning generate really innovative processes of education, creating rich spaces and flexible that make possible instruments capable to guide and the pupils adequately and to support the development of multiple cognitivas abilities, abilities and attitudes, offering really situations for which can construct the knowledge.

Palavras- chave:
Educação a distância - Perfis de programas de EAD - pessoas com necessidades especiais - contexto multicultural na Educação - inclusão social - princípios universais de acessibilidade.

Keys-word:
Education the distance - Profiles of programs /EAD- people with specials necessities - multicultural context in the Education - social inclusion - universal principles of accessibility.

Introdução

A Educação a Distância - EAD na atualidade ganha destaque na relação que estabelece entre os usuários e sua realidade, que não se limita apenas às experiências pessoais ou ao que a escola e a família lhes transmitem. É possível ser o empreendedor do seu próprio conhecimento, administrar a informação e escolher modelos diferenciados de interpretação da realidade.

A significativa expansão do aprendizado à distância, acarretou uma reflexão sobre os paradigmas da Educação consolidados ao longo de décadas, como o ensino centrado no professor ou do especialista em treinamento empresarial. O foco da ação educativa agora está voltado para o aprendiz - em ambientes formais ou não-, que assume responsabilidades como ator principal do seu próprio saber.

As exigências em relação ao trabalho reduzem, em muito, o tempo livre das pessoas para investirem em cursos de qualificação e, associado a isso, as formas convencionais de estudo, baseadas em salas de aula com horários fixos e rígidos, além do seu alto custo, acabam por dificultar a busca por uma qualificação ou atualização. Torna-se necessário buscar uma maneira que favoreça o desenvolvimento pessoal e a atualização profissional, para se manter competitivo em uma sociedade marcada por constantes transformações, avanços científicos e incorporações tecnológicas.

O uso de tecnologias aplicadas à propostas educativas, seja na EAD seja em propostas flexíveis de Educação, vem se projetando como indicativo de que o aprendizado pode constituir-se em um processo de caráter dinâmico e permanente, num mundo globalizado, dinâmico e altamente competitivo, que necessita de profissionais “antenados” com um cenário mundial competitivo, que lhes exige cada vez mais rápida e constante atualização.

Educação a Distância

Ao longo do tempo, a Educação vislumbrou nas tecnologias de seu tempo perspectivas interessantes para levar suas ofertas a pessoas distantes. É o acesso a uma ou mais tecnologias pelos segmentos da população que se quer atingir que dá existência à EAD. O quadro a seguir nos dá uma panorâmica histórica sobre a evolução tecnológica que marcou o século passado, revolucionando as comunicações e, conseqüentemente, as relações humanas. Vale lembrar que, no Brasil, a primeira emissora de rádio- a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro- é criada em 7 de abril de 1923, com programação voltada para a cultura e educação.


O contexto brasileiro

A natureza multicultural da sociedade brasileira determina que se construa uma visão plural da realidade e que se possibilite um engajamento maior de todas as pessoas. À medida que as distâncias espaço-temporais diminuem, culturas se confrontam, diversidades e diferenciações sociais se evidenciam no cenário público.

A EAD vem se disseminando pelo mundo, independente do grau de desenvolvimento dos países e, no Brasil, país de tantos contrastes sociais, não tem sido diferente. Sua ampla difusão é conseqüência da socialização do acesso aos meios de comunicação por toda a população. A EAD apresenta-se, assim, como uma estratégia fundamental na diminuição das desigualdades educacionais históricas no país.

O número de empresas que utilizam a EAD, como um caminho de capacitação profissional, tem crescido vertiginosamente. Em 1999, quando se inicia a aplicação no meio empresarial do e-learning no Brasil, eram menos de dez empresas, hoje o número ultrapassa 566, com mais de 1,5 milhão de pessoas treinadas por esta modalidade.
Em 2004, mais de 1,1 milhão de brasileiros optaram por algum curso não presencial. O número de alunos de graduação e pós-graduação cresceu mais 100% entre 2003 e 2004 e 63% dos cursos credenciados utilizavam a Internet como meio de comunicação.

Os números revelam um aumento fantástico na utilização da Internet. O IBOPE/ Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, em 2006, apontou que 14,4 milhões de internautas acessaram de suas residências à Internet, uma alta de 18% em relação a dezembro de 2005 e que a média de horas dos brasileiros na internet foi de 21h 39minutos por mês.

A Pesquisa Nacional do IBGE por Amostra de Domicílios, em 2006, registrou os seguintes dados , referentes ao acesso dos brasileiros à Internet :


Cidadãos acima de 10 anos que acessam a internet no país

32,1 milhões, o equivalente a 21% da população.

Percentual de usuários

Brasil - 62% no mundo e 4º na América Latina ( atrás da Costa Rica, Guiana Francesa e Uruguai)

Local de acesso:

domicílio- 50%
local de trabalho- 39,7%
escola- 25,7%
centro público de acesso pago- 21,9%
centro público de acesso gratuito- 10%
outro local- 31,1%

Finalidade

educação e aprendizado- 71,7%
comunicação- 68,6%; lazer- 54,3%
leitura de jornais e revistas- 46,9%
interação com autoridades e órgãos de governo- 27,4%
busca de informações e outros serviços- 24,5%
transações bancárias- 19,1%
compras e encomendas- 13,7%.

Acesso:

somente discado- 52,1%
somente banda larga- 41,2%
discado e banda larga- 6,7%

Usuários da rede

idade média- 28,1 anos
número médio de anos de estudo- 10,7 anos
rendimento mensal por domicílio per capita- R$1.000,00.

As mudanças ocorridas na sociedade têm sido profundas e marcantes e com a notável expansão tecnológica, o perfil dos programas a distância deixou de ser uma exceção ou algo especial, para se constituir em mais um componente do sistema educacional, preservando uma educação qualidade, além de possibilitar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, sócio- emocionais, profissionais e éticas, compatíveis em uma sociedade que busca para os seus componentes o pleno exercício da cidadania.

No Brasil, não se pode dizer que os perfis das ofertas de EAD, atualmente, tendem a ser hegemônicos, muito pelo contrário, estão tendendo cada vez mais para uma adequação às diferentes realidades de um país com dimensões continentais. E não apenas considerando-se o espaço geográfico, mas, também, as características da sociedade brasileira. A diversidade étnica e cultural de seus diferentes grupos é clara, ao focarmos questões como as desigualdades no acesso a bens econômicos e culturais, em que os determinantes de classe social, raça e gênero atuam de maneira decisiva.

Em nosso país, milhões de brasileiros compõem um contingente de excluídos e entre esses, estudos chamam a atenção para a parcela da sociedade constituída por pessoas com necessidades especiais, o que equivale a 24,3 milhões de pessoas. Apesar deste grupo ter uma especificidade que o diferencia, também tem um fator comum que o torna semelhante a tantos outros grupos, os que são considerados minorias e sofrem um processo de exclusão social.
Os movimentos de defesa de equiparação de oportunidades reconhecem o papel imprescindível de direito à Informação às pessoas com necessidades especiais e, conseqüentemente, ao acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Objetiva-se uma sociedade mais justa, menos preconceituosa. E a democratização da sociedade passa pela possibilidade desse segmento excluído ter acesso às tecnologias, e, portanto, condições de utilizarem tais recursos.
Foley (2003) afirma, no Comitê Preparatório da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação da Organização das Nações Unidas – ONU, que uma Sociedade Global de Informação Inclusiva deve possibilitar a todas as pessoas, sem distinção, estarem habilitadas para criar, receber, compartilhar e utilizar informação e conhecimento para o seu desenvolvimento econômico, social, cultural e político.
Ao se buscar a construção de uma cultura de respeito às diferenciações, torna-se inerente repensar a área educacional e rever suas práticas, desenvolver novas competências e propor estratégias de aprendizagem condizentes com as reais necessidades de sua clientela e as mudanças marcantes desse século que se inicia.

A Educação no contexto da cultura tecnológica

A cultura tecnológica tem criado novas oportunidades para as práticas educacionais e buscado desenvolver experiências, que tornem possível capacitar o maior número de pessoas com maior economia.

As tecnologias da informática, associadas às das telecomunicações, vêm provocando mudanças radicais na sociedade, uma nova revolução emerge - a revolução digital. É possível digitalizar ações, imagens, gráficos, textos, vídeos e áudios e torná-los acessíveis às pessoas com os mais diversos tipos de limitações.

A evolução da era digital possibilitou o surgimento da Internet, uma das maiores revoluções tecnológicas do século. A rede vem configurar uma nova cartografia política, sem precedentes na história. Com a barreira geográfica rompida, para que seja possível navegar pelo mundo cibernético, é necessário, apenas, um computador, uma linha telefônica, cabo/satélite ou transmissão via rádio.

A Internet tem ajudado a rever e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e aprender, ocorrendo simultaneamente mudanças nos paradigmas convencionais, que mantêm a relação professores e alunos cristalizados há séculos.

Neste cenário a educação já não pode permanecer com os mesmos paradigmas. Abre-se espaço para uma nova abordagem, mais adequada ao mundo sem fronteira de hoje, ágil e mutante. Surge a possibilidade da modernização e da utilização de uma forma de construção do conhecimento, na qual as pessoas possam aprender com qualidade e em curto intervalo de tempo.

Ao longo dos anos, a educação tem se apropriado das tecnologias vigentes, na intenção explícita de modernizar suas práticas, de alcançar efetividade em suas propostas, de dar acesso ao conhecimento a atores distantes e, assim, romper fronteiras territoriais. Com isso, tem desmistificado e colocado os meios de comunicação a serviço da sociedade não só da informação, mas, também, do conhecimento
A Educação a Distância, a apropriação de ferramentas computacionais e a inclusão social

A EAD parece estar se definindo, neste cenário, como um meio de se proporcionar uma capacitação contínua, flexível e de qualidade da forma que está sendo socialmente demandada. Incrementada pela Internet, possibilita levar o conhecimento a comunidades remotas ou dispersas geograficamente, a pessoas que tenham algum tipo de limitação. A falta de tempo para realizar cursos e participar de eventos, devido às demandas da própria atividade produtiva, agrava-se quando o profissional precisa realizar deslocamentos significativos para chegar até as fontes de conhecimento.

A valorização da diversidade cultural e a necessidade de incorporar esse contexto multicultural na Educação e, mais especificamente, a inclusão social de pessoas que permanecem alijadas do desenvolvimento científico-tecnológico, fortalecem a intenção de se desenvolver programas que atendam as diferenças e alicercem uma política de acessibilidade social e digital.

As tecnologias assistivas atendem a pessoas com diferentes tipos de comprometimento sensorial, físico e cognitivo e possibilitam o acesso a WEB e aos benefícios oferecidos pela rede, em suas atividades cotidianas. Com a utilização de variados recursos disponíveis no mercado, já é possível reduzir o grande abismo digital entre os que têm e os que não têm acesso a informações via rede. É evidente, que, sem o emprego dessas tecnologias, mesmo que se alcance uma massificação digital, grande parcela dessa população ainda continuará excluída.

A Educação a Distância, a apropriação de ferramentas computacionais e o mundo do trabalho

No intuito de preparar pessoas para assumirem suas atividades profissionais inseridas na sociedade global, uma gama de opções de programas estão sendo ofertados, e adotam para isso estratégias mais imperativas e de maior alcance. Os programas apoiados na virtualidade. proporcionada pelos ambientes em rede, cria, ao mesmo tempo que amplia, as condições para que se antecipe mudanças e se prepare as pessoas para enfrentar o futuro .Os ambientes desenvolvidos são estruturados para promover a interação e a colaboração entre as pessoas. favorecendo a comunicação em rede e promovendo uma efetiva troca de informações entre os diversos atores do processo.

A disseminação do conhecimento, realizada através de opções de EAD, tem como disponibilizar programas com qualidade, com a percepção de uma aprendizagem que vise atender ao mercado produtivo e alcançar respostas educacionais exigidas pelas expectativas sociais. Para tal, é necessário que se utilizem ferramentas que possibilitem oferecer com igualdade de oportunidades, ações educacionais, que criem espaços para a construção do conhecimento, através do desenvolvimento e da adequação de ambientes virtuais de aprendizagem, mediados pelas tecnologias de informação e comunicação.

No contexto virtual, onde os atores envolvidos estão em rede, aspectos em constante construção, como multiculturalismo, desterritorialização, independência, privacidade e diálogo eletrônico, personalização da comunicação, códigos específicos das diferentes mediações tecnológicos terão que ser considerados.

A EAD século XXI e os ambientes virtuais de aprendizagem – seus protocolos

Hoje, na medida em que o avanço tecnológico é uma realidade, torna-se imperativo que os perfis dos programas a distâncias caracterizem-se por uma abordagem mais amigável, interativa, colaborativa, democrática e acessível, permitindo ao usuário mediações de diferentes naturezas.

A fundamentação teórica deve ser estruturada na confluência da concepção sóciointeracionista de desenvolvimento, com o efeito do emprego de múltiplos suportes para que as mensagens cheguem ao usuário .

Partindo do pressuposto de que os indivíduos se desenvolvem em um ambiente social ou grupal, empregar a tecnologia para integrar as pessoas, ao invés de separá-las, parece ser a ação mais apropriada, de acordo com Vygotsky (1991). Sendo a aprendizagem um processo ativo de construção do conhecimento, resultado da interação do homem com o meio, o professor/tutor deve participar como facilitador (estimulador) do aprendizado.

Os programas a distância devem favorecer a aprendizagem a partir de um conceito básico que deverá ser reconstruído pelo participante, de acordo com seu ritmo da sua bagagem prévia, estimulado-o a buscar seus próprios recursos para realizar as tarefas propostas. O hipertexto, os simuladores e as ferramentas de colaboração (Chat, lista de discussão, fórum) se destacam como ferramentas que podem ser utilizadas neste tipo de aprendizado.

Os ambientes virtuais devem respeitar que (a) a aprendizagem e o desenvolvimento social são atividades onde há colaboração; (b) a zona de desenvolvimento proximal, citada por Vygotsky, é uma forma de potencializar o aprendizado através da ajuda, colaboração entre todos os participantes; (c) o contexto do curso deve estar relacionado com o assunto a ser aprendido; e (d) a troca de experiências é uma oportunidade ímpar para a aprendizagem.

Para favorecer a construção do conhecimento, a interatividade e a cooperação, é necessário a utilização de ambientes virtuais que atuem como um canal propiciador de comunicação e de interatividade entre os atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.

A Teoria das Inteligências Múltiplas pode contribuir de forma significativa para a educação. Pesquisa realizada pela Universidade de Stanford revela que as pessoas retêm até 70% do que ouvem, vêem e interagem. Quando apenas vêem e ouvem a retenção cai para 30% das informações (SIROTSKY,1994). Gardner (2001) ressalta “(...) por isso a interatividade proporcionada pelos avanços da tecnologia digital começa a ganhar importância como nova mídia"(p.154). A abordagem multissensorial dos ambientes virtuais de aprendizagem estimula diferentes sentidos, visuais e sonoros, constituindo-se em um fator facilitador da aprendizagem.

A abordagem multissensorial dos ambientes virtuais de aprendizagem estimula diferentes sentidos, constituindo-se em um fator facilitador da aprendizagem e permitindo que as pessoas possam atingir as capacidades inerentes a si, privilegiando aquelas que lhe são mais favoráveis. É importante democratizar a aceitação de todas as formas de linguagem e de simbolização como meios de expressão do conhecimento do processo de ensino aprendizagem.

É possível disponibilizar um leque de opções de interfaces, valorizando diferentes aspectos da inteligência humana, e atender a uma diversidade complexa e heterogênea de habilidades e aptidões. No processo de estruturar o aprendizado para o ambiente do programa, várias tecnologias são disponibilizadas de forma a interagir, intensamente, com as pessoas envolvidas. A combinação de diferentes fatores (objetivos, clientela a ser atendida, recursos disponíveis) é que vai determinar a ou as tecnologias a serem utilizadas. É preciso considerar em cada mídia a sua especificidade e explorar dela o que possui de melhor para estruturação e organização da proposta educativa que mais adequadamente atenda às exigência do terceiro milênio.

O mundo das novas tecnologias é caracterizado por atributos como interatividade, mobilidade, convertibilidade, interconectividade, globalização e velocidade, favorecendo o emprego de diferentes meios de se levar o conhecimento ao interessado. Hoje existem tecnologias com grande potencial para desenvolvimento de diferentes maneiras de se abordar os conteúdos a serem trabalhados. É possível criar programas de computador voltados para as diferentes inteligências citadas por Gardner , programas que ofereçam um leque de pontos de entrada e permitam ao indivíduo demonstrar sua compreensão em vários sistemas de símbolos (lingüístico, numérico, musical, gráfico etc.)

É fundamental que os programas produzidos para ambientes virtuais de aprendizagem gerem processos realmente inovadores de educação, criando espaços ricos e flexíveis que possibilitem instrumentos capazes de orientar adequadamente e os alunos e de apoiar o desenvolvimento de múltiplas competências cognitivas, habilidades e atitudes, oferecendo realmente situações pelas quais possam construir o conhecimento.

Neste contexto, os ambientes eletrônicos de aprendizagem constituem a mais recente tecnologia para a integração e contextualização do saber; uma ferramenta poderosa nos processos de construção da aprendizagem.

Considerações finais

Para Paulo Freire (1975), o desenvolvimento de uma proposta de educação à distância fundamenta-se em princípios básicos da educação popular, pois imbrica a dimensão política da educação, a organização social dos homens a partir de seus saberes, a metodologia dialógica e a permanente relação texto/contexto. É, portanto, na leitura do mundo, na investigação, na tematização e na problematização dos fazeres, dizeres e saberes do educador e do educando, que se busca um movimento de tomada de consciência e ação transformadora em uma sociedade crescentemente diversificada, multi, inter e transcultural. É também em uma abertura respeitosa aos outros que se reconhece que não existe um “penso” individual e sim um “pensamos”, como ato coletivo, conforme sintetizado na frase do referido autor
“ninguém educa a ninguém, os homens se educam entre si mediatizados por seu mundo”.

Como já indicado, o Brasil apresenta realidades de estágios de desenvolvimento econômico, cultural e tecnológico distintos. Uma gama de programas de diferentes gerações da EAD convivem concomitantemente, e precisam integrar diferentes mídias com facilidade, rapidez e criatividade, e não somente as digitais. Para isso é necessário que os professores dominem em curto prazo novas linguagens comunicacionais, os recursos de cada mídia, para que seja possível criar realmente uma nova pedagogia- a pedagogia mediática.

O sistema educacional brasileiro preconiza uma educação para todos, uma escola, heterogênea, pluralista que acolha todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, buscando para tanto, estratégias que viabilizem atuar na e para a diversidade Dessa maneira, os ambientes virtuais de aprendizagem estão se definindo, com a utilização de tecnologias que agregam em si importantes elementos de dinamização desse processo. O próprio conceito de Educação a Distância está ganhando uma nova dimensão nesse milênio - uma educação sem distância.

Com a globalização, a informação circula rapidamente, sem limites de tempo e espaço, e tem-se uma sociedade mais interativa, mais tecnológica, mas que, ainda, não é, em sua totalidade inclusiva.

Muito se discute sobre o importante papel da educação como instrumento de mudança social frente a uma realidade excludente. Leis são criadas preconizando a democratização do ensino, a inclusão das pessoas em uma educação independente de cor, credo, raça ou deficiência. Mas para isso é fundamental a mobilização dos mais diversos setores da sociedade.
Acredita-se que o perfil de programas a distância do terceiro milênio deva ter o compromisso de oferecer um espaço democrático que, ao mesmo tempo, concilie os direitos de igualdade a todas as pessoas, respeitando, incentivando e valorizando o multiculturalismo, como princípio básico. Que enfatize a questão da acessibilidade a WEB, valioso instrumento para proporcionar aos usuários a chance de atualização continuada, ao se apresentar como um meio de crescimento pessoal e profissional, propiciando o acesso aos avanços científicos e tecnológicos do século XXI.

Que as tantas e novas tecnologias sejam janelas efetivas para uma sociedade multicultural , que considere a EDUCAÇÃO como um direito de todos os seus cidadãos, portanto, mais justa e feliz.

Bibliografia

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BLOIS. M.M., MELCA, F.M.A. Educação Corporativa – uma alternativa para a educação continuada. Revista DELFOS/UERJ, Rio de Janeiro, n.24, p.9-24, novembro de 2003.
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MELCA,F.M.A Ferreira,G.F. IBC-LED- Um Laboratório com acessibilidade. Revista IBC.Rio de Janeiro, 2006.
VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins fontes, 1991.
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Um Laboratório de Educação a Distância com acessibilidade

Um Laboratório de Educação a Distância com acessibilidade


Marlene Montezi Blois
Consultora da Unicarioca/Univir
Doutora em comunicação Social- Tv e Rádio

Fátima Azeredo Melca
Coordenadora do Laboratório de Educação à Distância
do Instituto Benjamin Constant
Mestre em Educação pela UFRJ
fatimamelca@ibc.gov.br


Resumo: A sociedade brasileira é composta pela diversidade étnica e cultural de diferentes grupos com desigualdades no acesso a bens econômicos e culturais, em que os determinantes de classe social, raça e gênero atuam de forma marcante. Entre os excluídos, estudos chamam a atenção para a parcela da sociedade constituída por pessoas com necessidades especiais. A Educação a Distância (EAD) vem se traduzindo como uma tendência de aprendizado eficiente na dinâmica atual de negócios, marcada pela busca por conhecimento aplicado e ao mesmo tempo pela necessidade de redução de custos e maior flexibilidade e interação nos processos de aprendizagem.. O Instituto Benjamin Constant, órgão do Ministério da Educação especializado em educação para portadores de deficiência visual, através do seu Laboratório de Educação a Distância oferece à população, independentemente de suas diferenças, um ambiente virtual de aprendizagem com acessibilidade, o que possibilita capacitação profissional com mais economia, rapidez e, ainda, com a vantagem de escolher o melhor horário para realização das atividades. Acredita-se que projetos, que se utilizam da EAD associados às Tecnologias de Informação e Comunicação, possam oferecer relevantes contribuições à educação nacional..


Palavras-chaves: Acessibilidade - Educação a Distância - Educação Especial - Inclusão Social - Laboratório de Educação à Distância - Tecnologias Assistivas


Introdução

O sistema educacional brasileiro preconiza uma educação para todos, uma escola, heterogênea, pluralista, que acolha todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, buscando para tanto, estratégias que viabilizem atuar na e para a diversidade.

Em média, 10% da população mundial é constituída por pessoas com algum tipo de deficiência. Em nosso país, milhões de brasileiros compõem um contingente de excluídos e entre esses, pesquisas realizadas chamam a atenção para a parcela da sociedade formada por pessoas com necessidades especiais, o equivalente a 24,6 milhões de pessoas, 14% da população¹. De acordo com o IBGE², constata-se que desse universo, mais de 170.000 são pessoas cegas, 2 milhões apresentam deficiências graves de visão e 14 milhões acusam problemas visuais.

A Internet vem despontando como um importante recurso para os diferentes setores da sociedade, como educação, saúde, entretenimento, economia, cultura, entre outros, uma vez que, as limitações de tempo e espaço são facilmente contornadas pelos diferentes meios de comunicação e por possibilitar a troca de informações, a interatividade entre as pessoas, a pesquisa imediata sobre qualquer assunto que se deseje apurar, a disseminação de conhecimentos e a observação de diferentes culturas.

De acordo com a UIT (União Internacional de Telecomunicações) ³, o acesso à Internet ainda é um privilégio de poucos. Hoje são, aproximadamente, 700 milhões de pessoas conectadas, o que corresponde a 10% da população mundial total. O Brasil, apesar da gigante exclusão digital, aparece em 11º lugar no ranking mundial, com cerca de 15,8 milhões conectados, ou seja, cerca de 12% da população. Esses números, ainda, são menos expressivos, quando se refere a pessoas com necessidades especiais. Segundo os dados do Projeto Saci (USP) e do DosVox (UFRJ)4, aproximadamente 10.000 pessoas com deficiência visual, o equivalente a 0,5% da população, têm acesso à mídia eletrônica.

Dado o potencial da Internet e os benefícios de sua utilização, faz-se necessário que as pessoas com necessidades especiais sejam incluídas e para tanto as barreiras que ainda existam devem ser superadas.

Os movimentos de defesa de equiparação de oportunidades reconhecem o papel imprescindível de direito à Informação às pessoas com necessidades especiais e, conseqüentemente, ao acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Objetiva-se uma sociedade mais justa, menos preconceituosa. A democratização da sociedade passa pela possibilidade desse segmento excluído ter acesso às tecnologias e, portanto, condições de utilizarem tais recursos.

Foley 5 afirma, no Comitê Preparatório da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação da Organização das Nações Unidas – ONU, que uma Sociedade Global de Informação Inclusiva deve possibilitar a todas as pessoas, sem distinção, estarem habilitadas para criar, receber, compartilhar e utilizar informação e conhecimento para o seu próprio desenvolvimento econômico, social, cultural e político.

Ao se buscar a construção de uma cultura de respeito às diferenciações, é preciso repensar a área educacional e os estabelecimentos de ensino necessitam rever suas práticas, desenvolver novas competências e propor estratégias de aprendizagem condizentes com as reais necessidades de sua clientela.

Educação a Distância

Ao longo do tempo, a Educação vislumbrou nas tecnologias de seu tempo perspectivas interessantes para levar suas ofertas a pessoas distantes. É o acesso a uma ou mais tecnologias pelos segmentos da população que se quer atingir que dá existência à EAD.
O quadro a seguir nos dá uma panorâmica histórica sobre a evolução tecnológica que marcou o século passado, revolucionando as comunicações e, conseqüentemente, as relações humanas.
Vale lembrar que, no Brasil, a primeira emissora de rádio- a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro- é criada em 7 de abril de 1923, com programação voltada para a cultura e educação.

A Educação a Distância (EAD) surge, nesse cenário, como um meio eficaz para atender aos desafios educacionais e às exigências de um país de dimensões continentais. Esta modalidade ocupa um papel cada vez mais importante no contexto educacional brasileiro, não somente no âmbito das tecnologias educacionais, mas, também, no desenvolvimento socialeconômico do país.

A EAD vem se disseminando pelo mundo, independente do grau de desenvolvimento dos países e, no Brasil, país de tantos contrastes sociais, tem sido amplamente difundida com a socialização dos meios de comunicação, caracterizando-se, assim, pelo seu grande potencial para a diminuição das desigualdades.
O número de empresas que utilizam a EAD, como um caminho de capacitação profissional, tem crescido vertiginosamente. Em 1999, quando se inicia a aplicação no meio empresarial do e-learning no Brasil, eram menos de dez empresas, hoje o número ultrapassa 566, com mais de 1,5 milhão de pessoas treinadas por esta modalidade 6

Em 2004, mais de 1,1 milhão de brasileiros optaram por algum curso não presencial. O número de alunos de graduação e pós-graduação cresceu mais 100% entre 2003 e 2004 e 63% dos cursos credenciados utilizavam a Internet como meio de comunicação 7

Os números revelam um aumento dramático na utilização da Internet. O IBOPE em 2006 que 14,4 milhões de internautas acessaram de suas residências à Internet, uma alta de 18% em relação a dezembro de 2005 e que a média de horas dos brasileiros, na Internet, foi de 21h 39minutos por mês. 8

O Instituto Benjamin Constant

A inclusão da educação especial no sistema regular de ensino é hoje a principal diretriz das políticas públicas educacionais, e a formação de professores é, sem dúvida, o aspecto determinante para a efetivação dessa política.

A questão da formação de professores tem sido objeto de estudo por muitos teóricos. Constata-se uma população com necessidades especiais que precisa ser atendida pelo sistema educacional, e percebe-se, também, um segmento expressivo de profissionais da área de educação, em formação ou em exercício, que precisa de uma qualificação especializada para atender a essa demanda escolarizável.

A valorização da diversidade cultural e a necessidade de incorporar esse contexto multicultural na educação e, mais especificamente, a inclusão social de pessoas com necessidades especiais fortaleceram a intenção do Instituto Benjamin Constant de criar o seu Laboratório de Educação a Distância- LED.

Nesta base, o IBC passa a oferecer à sociedade um espaço para o desenvolvimento de projetos que, ao privilegiarem o uso das tecnologias avançadas em um ambiente virtual de aprendizagem, possibilite a formação de professores para atendimento especializado, em salas regulares de ensino e garanta, também, a inclusão de pessoas com necessidades especiais, na formação de estudantes e profissionais, dando ênfase à área da deficiência visual.

Esta iniciativa atende as exigências do Governo Federal, no que consiste em alicerçar uma política de inclusão social e digital, além de caracterizar uma inovação do IBC, no sentido de se utilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação para a ampliação de um campo de pesquisa, que se mostra bastante promissor no resgate de uma parcela da sociedade há muito excluída de uma vida social sem obstáculo.

Site do IBC

O site do IBC está conectado à Rede Rio, através do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, e o seu Laboratório de Educação à Distância dispõem de uma estrutura com ultraconexão feita por meio de enlaces de fibra ótica, operando à velocidade de 100 mbps.

O site é totalmente acessível e tem o selo de aprovação pelas normas brasileiras de acessibilidade na Internet.


Laboratório de Educação a Distância ( IBC-LED)

Proposta

Ao se inserir no contexto da era da informação, o Laboratório, apoiando-se nas redes de comunicação e nas parcerias estabelecidas com órgãos públicos e privados, se propõe a:

ü oferecer condições para que pessoas com deficiências visuais possam usufruir, com igualdade de oportunidades, de ações educacionais, que propiciem a criação de espaços de construção do conhecimento, baseados nos princípios universais de acessibilidade, através do desenvolvimento e da adequação de ambientes de aprendizagem mediados pelas Tecnologias de Informação e Comunicação;

ü favorecer a disseminação de conhecimentos sobre educação especial, utilizando, para isso, de um ambiente virtual de aprendizagem que possibilite às unidades administrativas (Departamentos e Divisões) capacitarem recursos humanos, nas áreas pedagógica, técnica, reabilitacional e médica, com ênfase na deficiência visual.

No intuito de fortalecer a pesquisa e o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação, associados à utilização da Internet, o IBC-LED vem estabelecendo parcerias com outros órgãos públicos e privados .

Fundamentação Teórica

Para embasar o Laboratório, a fundamentação teórica pauta-se na confluência da concepção sociointeracionista de desenvolvimento com o efeito do emprego de múltiplos veículos de comunicação, nas mensagens cognitivas, e com os princípios básicos da educação popular. Assim, três teóricos foram eleitos: Lev Vygotsky, Howard Gardner e Paulo Freire.

Acessibilidade sem discriminação

A Internet, embora seja uma ferramenta de crescimento e expansão social maior que todas as outras mídias modernas, ainda é um recurso tecnológico, que exclui um grande número de pessoas. E isso fica mais evidenciado, quando existe alguma necessidade especial por parte do usuário, que demande uma especificidade maior na forma de utilização.

As Tecnologias Assistivas (TA) visam possibilitar que pessoas com diferentes tipos de comprometimento sensorial, físico e cognitivo tenham acesso à internet e aos benefícios oferecidos pela rede.em suas atividades cotidianas. Com a utilização das variadas ferramentas, disponíveis no mercado, será possível reduzir o grande abismo digital entre os que têm e os que não têm acesso a informações digitais. É evidente, que sem o emprego das TA, mesmo que se alcance uma massificação digital, grande parcela dessa população ainda continuará excluída.
Além das tecnologias assistivas, o acesso de pessoas com deficiência a Internet e aos seus veículos de informação e comunicação como: sítios eletrônicos, terminais bancários, programas de computador, equipamentos de informática é determinado por princípios internacionais de acessibilidade .

Estudos feitos por W3C 10 (consórcio para Web) e WAI 11(iniciativa para a Acessibilidade na rede) apontam situações e características diversas, que o usuário pode apresentar:
1- incapacidade de ver, ouvir ou deslocar-se, ou grande dificuldade - quando não a impossibilidade - de interpretar certos tipos de informação;
2- dificuldade visual para ler ou compreender textos;
3- incapacidade para usar o teclado ou o mouse, ou não dispor deles;
4- insuficiência de quadros, apresentando apenas texto ou dimensões reduzidas, ou uma ligação muito lenta à Internet;
5- dificuldade para falar ou compreender, fluentemente, a língua em que o documento foi escrito;
6- desatualização, pelo uso do navegador com versão muito antiga, ou navegador completamente diferente dos habituais, ou por voz ou sistema operacional menos difundido.

O Brasil adotou esses princípios internacionais, que estão disponibilizados através do EMAG – “Recomendações de acessibilidade para a construção e adaptação de conteúdos do governo brasileiro na internet”12, documento produzido pelo governo eletrônico. A aplicação de tecnologias voltadas para a pessoa com deficiência já é parte da legislação brasileira: o Decreto No. 5.296 de 02/12/2004, 13que consolidou as leis de acessibilidade Nos. 10.048 e 10.098, estabeleceu o prazo de 02/12/2006 para que todos os sítios públicos e de interesse público na internet, sejam acessíveis para esse público.

A expressão "acessibilidade", presente em diversas áreas de atividades, tem , na informática, um importante significado. Representa para os deficientes o direito de acessar a rede de informações, mas, também, o direito de eliminação de barreiras arquitetônicas, de disponibilidade de comunicação, de acesso físico, de equipamentos e programas adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos alternativos.

Condorcet 14esclarece que “accessibilitate”, em latim, significa qualidade de ser acessível ou, como adjetivo, a que se pode chegar facilmente; que fica ao alcance, ou mesmo, como definição proposta pela ONU, processo de conseguir a igualdade de oportunidades em todas as esferas da sociedade. A consideração do termo acessibilidade, não poderá ser ditada por meras razões de solidariedade, mas, sobretudo, por uma concepção de sociedade, realmente onde todos deverão participar - com direito de igualdade - e de acordo com as suas características próprias.

O Instituto Benjamin Constant, como centro de referência nacional na área de deficiência visual, tem como compromisso promover e divulgar a iniciativa da acessibilidade na Internet e desenvolver soluções com critérios de acessibilidade.

Portal

Para que o IBC-LED possa ser acessado pelo público, foi criado um portal no Site Institucional do IBC, de forma a facilitar o acesso por pessoas com deficiências. O portal do Laboratório foi desenvolvido para possibilitar que pessoas, com os mais variados tipos de deficiência, possam ter acesso a um ambiente tecnológico na Internet, diminuindo as barreiras de acesso ao universo digital.

Sites que atendam às recomendações de acessibilidade podem ser apresentados sem prejuízo, tanto para usuários em geral, como para aqueles que estejam interagindo a partir do uso de uma tecnologia assistida.


Os deficientes visuais podem ter acesso aos conteúdos do portal, utilizando um leitor de voz. Dentre os leitores para deficientes visuais os mais utilizados, atualmente, em nosso país são o Dosvox, o Virtual Vision e o Jaws.

As plataformas customizadas para o IBC-LED são acessíveis ao Dosvox e aos demais leitores.

O sistema Dosvox é muito prático e fácil de ser operado pelo deficiente visual, pois cria seu próprio ambiente de trabalho, onde permite que o usuário execute todas as tarefas normais de um computador. Trata-se de um sistema operacional para microcomputadores da linha PC (PersonalComputer, - Computador Pessoal), que se comunica com o usuário através de síntese de voz, viabilizando deste modo o uso de computadores por deficientes visuais. Este sistema vem sendo desenvolvido desde 1993 pelo NCE - Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), sob a coordenação do professor José Antônio dos Santos Borges.

O programa pode ser capturado da Internet (gratuitamente) e atualmente o projeto conta com mais de 5.000 usuários espalhados pelo Brasil, sendo composto por mais de 70 programas.


Pré-requisitos

Para participar das ações desenvolvidas no LED, é preciso:
ü ter conhecimentos básicos, em nível de usuário, de correio eletrônico para enviar e receber mensagens, e de navegação em páginas Web;

ü dispor dos seguintes requisitos mínimos:
-um Microcomputador com processador Pentium, ou similar, com sistema operacional MS-Windows 98, memória RAM de 64Mb e uma placa de rede com velocidade 56000 Kbps;
-um programa de correio eletrônico (Outlook, Internet mail, Eudora, Netscape messager, ou similar) e de navegação na Web (Internet Explorer, Netscape Navigator ou similar). Porém, todos os softwares necessários podem ser acessados e baixados, gratuitamente, via páginas Web.


Metodologia

O perfil interativo e instantâneo das mídias eletrônicas permitem uma conexão on-line e on-time, o que garantem seu potencial para disseminar conhecimentos e permite ao participante:

ü ter acesso conteúdo a qualquer hora e de qualquer lugar;
ü receber orientações sobre como estudar;
ü desenvolver atividades propostas;
ü participar de Fóruns e Chats;
ü interagir com outros profissionais;
ü contar com o acompanhamento de um Tutor;
ü construir o conhecimento contextualizando aprendizagem e realidade.


O IBC-LED oferece uma das melhores e mais fáceis maneiras de capacitação, ao compatibilizar o estudo com a atividade profissional e com a vida pessoal. Caracteriza-se por ser um ambiente que estimula e possibilita, individual e coletivamente, a busca de conhecimento e o contínuo desenvolvimento dos profissionais. O participante aprende no seu próprio ritmo, nos horários disponíveis e sem sair de casa ou do trabalho, quebrando, assim, barreiras de tempo e flexibilibizando a possibilidade de estudo.

Além dos requisitos citados acima, existem os requisitos pessoais como:
@ Autodisciplina- para obter um bom desempenho nessa modalidade de estudo o participante precisa ter autodisciplina.
@ Atitude pró-ativa - como o participante tem total adequação de horário, ausência de deslocamento físico e possibilidade de socialização do saber por meio de uma troca multicultural, torna-se necessário ser o próprio empreendedor do seu conhecimento.
@ Compromisso com a realização das ações a serem desenvolvidas - o participante deve estar ciente da necessidade do compromisso assumido, sobretudo no que tange à sua participação nas atividades interativas, o que torna a aprendizagem dinâmica e colaborativa .
@ Vigilância do cumprimento dos prazos - o participante define o seu próprio ritmo de aprendizagem .

Metas
ü Produção de cursos on-line
A cultura tecnológica tem criado novas oportunidades para as práticas educacionais e buscado desenvolver experiências, que tornem possível capacitar o maior número de pessoas com maior economia.

A Educação Continuada vem obtendo destaque, como indicativo de que o aprendizado precisa ser um processo de caráter dinâmico e permanente, em um mundo globalizado, dinâmico e altamente competitivo, que necessita de atualização profissional cada vez mais rápida e constante.

Os conteúdos dos cursos são redigidos pelos professores especialistas do Instituto Benjamim Constant e são trabalhados por uma designer instrucional especializada em EAD, para que possam ser formatados de acordo com os padrões específicos para cursos on -line.

Os participantes têm a oportunidade de aprender com os melhores profissionais da mais conceituada instituição na área de deficiência visual do Brasil.

Cada curso tem sua própria equipe de tutores a fim de:
§ esclarecer as dúvidas ;
§ promover a interatividade entre os participantes;
§ corrigir as atividades e a avaliação final;
§ avaliar o desempenho dos participantes ;
§ fomentar e acompanhar os debates realizados nos Fóruns e nos Chats;
§ facilitar o acesso ao conhecimento;
§ explorar as potencialidades dos meios utilizados.
Os cursos promovidos enfatizam a cooperação entre os participantes e os tutores, em um ambiente onde todos buscam o melhor aprendizado e a construção de conhecimentos, de maneira contextualizada.

A certificação será conferida pelo Instituto Benjamim Constant e/ou pela entidade parceira.


ü Criação de um ambiente colaborativo de aprendizagem

A construção de ambientes virtuais de aprendizagem está se definindo no cenário da EAD, como uma poderosa ferramenta de capacitação contínua, flexível e de qualidade, atendendo à demanda social. Em particular, no caso do IBC-LED, esse ambiente colaborativo pode se constituir em um valioso instrumento para proporcionar aos profissionais de todas as áreas a chance da atualização permanente, e um meio para colocarem-se em dia com os avanços científicos e tecnológicos.

O Laboratório dispõe, também, de um espaço virtual para troca de comunicação, caracterizando-se por ser um ambiente eletrônico, colaborativo, interativo, construtivo e ativo do conhecimento. Este atende a educação continuada, tanto no que diz respeito ao avanço nos conhecimentos sobre a área de abrangência, como de novas práticas estabelecidas por métodos e procedimentos inovadores de trabalho.

Neste espaço, os profissionais têm acesso a informações, cursos, grupos de estudos, arquivos de texto, áudio e vídeo, materiais para downloads, fóruns e chat, o que concorre para a propagação de conhecimentos e difusão dos aspectos culturais, próprios ao IBC. Acredita-se que, assim, a democratização do acesso à Informação possa ser difundida de uma forma rápida e eficiente, em todo o território nacional, com foco no que estiver sendo desenvolvido pelo staff médico do IBC.


Parcerias

O Instituto Benjamin Constant firmou parceria com a:

ü Universidade Federal Fluminense

A Universidade Federal Fluminense-UFF é uma das maiores universidades públicas brasileiras, situada na cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.

Em abril de 2005, foi firmada uma parceria entre o Grupo de Inclusão Digital do Instituto de Computação da UFF e o Instituto Benjamin Constant, visando à customização da plataforma Interagir (www.interagir.uff.br), para utilização no Laboratório de Educação a Distância do IBC.

Com apoio dos profissionais da UFF, Prof. Luiz Valter Brand Gomes e Filipe Saramago, está sendo feita a adequação da Plataforma Interagir aos princípios universais de acessibilidade, o que permite criar um ambiente virtual para produção, realização e acompanhamento de cursos, que atendam à educação continuada de profissionais da área da educação e um ambiente virtual colaborativo de aprendizagem.

O primeiro curso produzido pelo IBC/UFF com acessibilidade – Alfabetização através do Sistema Braille, está em fase de validação, nas dimensões pedagógica e tecnológica. Brevemente estará sendo oferecido, gratuitamente, à comunidade.
ü Uma empresa de informática

A empresa EduWeb foi fundada em 1998, a partir do programa da Incubadora Gênesis da PUC-Rio, com a qual mantém, ainda hoje, por intermédio do Laboratório de Engenharia de Software (LES), estreita parceria, sobretudo na área do desenvolvimento de soluções tecnológicas.

A partir de março de 2006, a Eduweb em parceria com o IBC está desenvolvendo um projeto, com o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), para implementação de uma solução Web com acessibilidade, visando contribuir para a inclusão digital de deficientes visuais. Para tanto precisou :
§ tornar o software LMS (Learning Management System) AulaNet, desenvolvido pela PUC-Rio, acessível para pessoas com deficiência visual ;
§ trasmitir know-how para a equipe do IBC ;
§ desenvolver um curso de especialização de 360 horas em deficiência visual on-line.

Com essa iniciativa, a Eduweb estará projetando e implementando soluções Web com acessibilidade, que visem favorecer inclusão digital não apenas de pessoas com deficiência, mas, também, de idosos, colaborando, assim, para uma condição de maior igualdade de oportunidades.
O curso de estimulação Precoce está em fase final de produção e será oferecido a comunidade gratuitamente.

Conclusão

Com a globalização, a informação circula rapidamente, sem limites de tempo e espaço, e tem-se uma sociedade mais interativa, mais tecnológica, mas que, ainda, não é inclusiva.

O Laboratório do IBC se insere no atual movimento mundial de inclusão e na realidade brasileira, no programa do Ministério de Educação, que tem como ponto estratégico a qualificação de professores. O envolvimento do IBC em sua criação indica o reconhecimento da sua responsabilidade com uma educação pública e gratuita ao alcance de todos. Com esta iniciativa, o IBC busca desenvolver um espaço que, ao mesmo tempo, concilie os direitos de igualdade a todas as pessoas, respeitando as diferenças culturais, e enfatize a questão da acessibilidade à web, pois esta é parte integrante do projeto brasileiro de inclusão digital.

As competências listadas no regimento interno do IBC estão em consonância com as metas do país, a partir de seus compromissos internacionais, como: a Educação para Todos 15 a Declaração de Salamanca 16e a Convenção Interamericana e nacionais, como: Constituição Brasileira 17, a LDB 18 o Plano Nacional de Educação19 e as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica 20que preconizam uma educação ao alcance de todas as pessoas.

Nesse contexto, o IBC-LED almeja ser uma contribuição à educação especial, atuando na formação e capacitação de professores, médicos e demais agentes da área da educação e da saúde, bem como, na produção de conhecimento por meio de pesquisas e projetos disponibilizados, em um espaço virtual de aprendizagem, que favoreça a troca de experiências, a realização de cursos e o acesso à informação.

Com a criação do Laboratório, uma iniciativa pioneira, o IBC pretende ampliar não só o acesso de deficientes visuais à mídia eletrônica, mas também a outras pessoas, independentemente, das características do usuário. Assim estará contribuindo, tanto para a inclusão digital, quanto para a inclusão social do segmento populacional formado por deficientes visuais, que segundo o último censo do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, representa 1% dos 180 milhões de brasileiros.

O IBC-LED reforça a missão do Instituto ao procurar consolidar sua posição, como Centro de Referência Nacional na Área da Deficiência Visual, ao atender, na modalidade à distância, as demandas sociais de ensino, permitindo o acesso, a ampliação e a disseminação de conhecimentos e a difusão da cultura nesta área, criando um modelo brasileiro de EAD adequado à realidade do país, no que se refere à área da deficiência visual.

É indiscutível a importância desse recurso para pessoas com necessidades especiais, uma vez que a tecnologia utilizada lhes proporcionará maior independência no seu dia-a-dia. Com isso busca-se obter uma condição de maior igualdade de oportunidades e de justiça social.




1- Disponível em: http://www.ibge.gov.br/censo. Acessado em agosto de 2006.
2- Disponível em: http://www.adeva.org.br/fiquepordentro/elearning.htm. Acessado em agosto de 2006.
3- Disponível em http://ftp.mct.gov.br/temas/info/Imprensa/Noticias_5/Internet_5.htm. Acessado em setembro de 2006
4- Disponível em http://www.mj.gov.br/sedh/ct/conade/conferencia/arquivos/subsidios_para_o_conferencista.doc. Acessado em setembro de 2006
5 Foley, D. J P. Discurso de D. John Patrick Foley na primeira fase da Cúpula Mundial da Sociedade de Informação, Ginevra, 11/12/2003) Disponivel em: http://www.vatican.va/roman_curia/secretariat_state/2003/index_po.htm. Acessado em agosto de 2006.
6- Disponível em: http://www.elearningbrasil.com.br/home/brasil. Acessado em abril de 2007
7-Brasil..Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância - 2005.Disponível em: http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home&UserActiveTemplate=4abed. Acessado em agosto de 2006.
8- Ibope/NetRatings Disponível em http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=260&breadcrumb=1&Artigo_ID=4087&IDCategoria=4583&reftype=1. Acessado em março de 2007
9- Disponível em :http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2005/default.shtm.Acessado em março de 2007
10-Disponível em:http://www.w3.org. Acessado em abril de 2007
11-Disponível em:http://www.w3.org/WAI. Acessado em abril de 2007
12- Disponível em: www.inclusaodigital.gov.br/.../emag-acessibilidade-de-governo-eletronico-modelo-v20.pdf Acessado em agosto de 2006.
13-DECRETO Nº 5.296 DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004. ......Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm -. Acessado em agosto de 2006.
14-CONDORCET, B. Webvox - Um Navegador Para A World Wide Web Destinado A Deficientes Visuais. Rio de Janeiro - RJ- 2001Dissertação (Mestrado em Informática), UFRJ IM/NCE.
15-DECLARAÇÃO MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS. Plano de Ação para satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem (Jomtien, Tailândia, 1990).
16- UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE, 1994.
17- BRASIL Constituição Federal Brasileira, 1988.
18-_______ Lei no 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996.
19-______. Plano Nacional de Educação, 2000.
20-______. Resolução 1/2001. Conselho Nacional de Educação / Câmara de Ensino Básico. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Brasília: CNE/CEB, 2001.

Artigos sobre EAD publicados em periódicos

Artigos sobre EAD publicados em periódicos

1.
BLOIS.Marlene Montezzi ;MELCA, F. M. A.. O novo perfil dos programas a distância no terceiro milênio . Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, v. 28, p. 19-26, 2007.

2.
BLOIS, Marlene Montezzi ; MELCA, F. M. A. ;; Brand.L.V . Um Laboratório de Educação a Distância com acessibilidade. Revista Iberoamericana de Educacion a Distancia, v. 26, p. 5-20, 2007.

3.
MELCA, F. M. A. ; BLOIS, Marlene Montezzi . A Trajetória da Educação Corporativa- um caminho permeado pela educação a distância. Revista do CREAD, 2005.

4.
MELCA, F. M. A. . Um Laboratório de Educação a Distância para pessoas com necessidades especiais (IBC-LED). Benjamin Constant, Rio de Janeiro, v. 11, n. 32, p. 3-12, 2005.

5.
MELCA, F. M. A. ; BLOIS, Marlene Montezi . Educação Corporativa - uma alternativa para a Educação Continuada. Delfos Uerj, Rio de Janeiro, v. 24, p. 9-24, 2003.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Livro


Blois, Marlene & Melca, Fátima. Educação Corporativa - Novas Tecnologias na Gestão do Conhecimento, Rio de Janeiro, Edições Consultor, 2005.

A sociedade brasileira tem se deparado, principalmente a partir dos anos 2000, com um novo segmento de políticas privadas e públicas: a educação corporativa. O livro Educação Corporativa – Novas Tecnologias na Gestão do Conhecimento – escrito pelas professoras Marlene Blois e Fátima Melca - mostra o estado da arte da Educação a Distância - EAD, especificando as diferentes abordagens que têm sido utilizadas para atender a públicos diferenciados e ajudar a entender o significado da Educação Corporativa, quando redefine o relacionamento entre os mundos do Trabalho e da Educação. O livro aborda a construção de uma educação mediada pelas tecnologias de informação e comunicação, analisando a trajetória da educação continuada sob o olhar do mundo da educação e do trabalho. Descreve o projeto acadêmico da UniVir, projeto pioneiro de Educação a Distância da UniCarioca, da criação à proposta atual e apresenta um estudo de caso, que teve como objetivo investigar como educação e o trabalho, dois campos com finalidades diferentes, forma parcerias para promover a Educação Continuada dos profissionais. A pesquisa qualitativa foi baseada em dados obtidos através de registros, observações, entrevistas e depoimentos de participantes de cursos oferecidos junto à TV Globo, Telemar e Petrobrás.

Acessibilidade: o desafio da evolução digital ?

Acessibilidade: o desafio da evolução digital ?

Fatima Azeredo Melca
Coordenadora do Laboratório de Educação à Distância
do Instituto Benjamin Constant-MEC/ Brasil
Professora convidada da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ
fatimamelca@ibc.gov.br


Marlene Montezi Blois
Diretora do Escritório CREAD- Rio de Janeiro /Consultora da UNIVIR- UNICARIOCA/ Brasil
mmblois@unicarioca.br


Resumo: A sociedade brasileira é composta pela diversidade étnica e cultural de diferentes grupos com desigualdades ao acesso de bens econômicos e culturais.
Estudos chamam a atenção para a parcela da sociedade constituída por pessoas com necessidades especiais, que chega a 10% da população mundial (IBGE, 2000). Uma das alternativas possíveis para integração social e econômica dessa parcela da população é o emprego inteligente da tecnologia.
No tocante às novas tecnologias informáticas, abrem perspectivas que possibilitam pessoas que não possam usar o computador de forma convencional disponham de alternativas que facilitem os seus acessos com autonomia. Quanto à internet, embora seja uma ferramenta de crescimento e expansão social maior que todas as outras mídias modernas, ainda exclui um grande número de pessoas.
O efetivo acesso das pessoas com deficiência visual aos computadores, programas, internet, sítios ou aos terminais bancários é determinado por princípios internacionais de acessibilidade. Sua construção se dá através das tecnologias assistivas.
A Educação a Distância (EAD) se traduz como uma tendência de aprendizado eficiente na dinâmica atual de negócios, marcada pela busca por conhecimento aplicado e ao mesmo tempo pela necessidade de redução de custos e maior flexibilidade e interação nos processos de aprendizagem.
O Instituto Benjamin Constant, órgão do Ministério da Educação especializado em educação para pessoas com deficiência visual, através do seu Laboratório de Educação a Distância, oferece à população, independentemente de suas diferenças, um ambiente virtual de aprendizagem com acessibilidade, o que possibilita uma capacitação profissional econômica, rápida e com a vantagem de escolher o melhor horário para realização de suas atividades.
O sistema educacional brasileiro preconiza uma educação para todos, uma escola, heterogênea, pluralista que acolha todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, buscando para tanto, estratégias que viabilizem atuar na e para a diversidade. Acredita-se que projetos, que se utilizam da EAD viabilizada pelas Tecnologias de Informação e Comunicação, possam oferecer relevantes contribuições à educação nacional, resgatando, inclusive, dívidas sociais históricas com o segmento dos seus cidadãos portadores de deficiências, no caso, visual.

Palavras-chaves: Acessibilidade - Educação a Distância - Educação Especial - Inclusão Social - Laboratório de Educação à Distância - Tecnologias Assistivas.

Summary: Brazilian society is characterized by ethnic and cultural diversity of different groups with unequal access to economical and cultural goods. Some studies have focussed on the proportion of society constituted by people with special needs (up to 10% of the world's population, according to IBGE (2000). One of the possible alternatives for social and economical integration of that sector of the population is the intelligent use of technology.The new technologies create possibilities for people who are not able to use the computer in a conventional way to find alternatives that facilitate their access and give them autonomy. Even the internet, although it is a larger tool of social expansion than all the other modern media, still excludes a great number of people.The effective access of people with visual deficiencies to computers, programs, internet sites or to bank terminals is determined by international principles of accessibility. So construction of this access is performed through special assistive technologies. Distance education is seen as an efficient learning trend in the current business dynamic, marked by the search for applied knowledge and, at the same time, the need for a reduction of costs and larger flexibility and interaction in the learning processes.The Instituto Benjamin Constant, which is an organ of the Ministry of Education/Brazil for people with visual deficiency, through its distance education laboratory offers this population, regardless of their differences, a virtual environment of accessible learning, which makes it possible to have economical, fast professional training with the advantage of choosing the best schedule to accomplish their activities.The Brazilian education system seeks education for all, through a pluralist and heterogeneous school that welcomes all people, regardless of their differences, using strategies that work for diversity. It is believed that projects that use distance education based on the Information and Communication Technologies, can make a relevant contribution to national education, repaying history's social debts to disabled citizens, and in this case, to the visually deficient.Keywords: Accessibility - Distance Education - Special Education - Social Inclusion - Distance Education Laboratory - Assistive Technologies.

1. Introdução
O ser humano, ao longo de sua história, passou por diferentes estágios até alcançar o domínio de inúmeras linguagens. Se no início da comunicação interpessoal eram usados sons orais não codificados e gestos largos para expressar sentimentos, com a evolução biológica foi possível a articulação fonética. A partir do desenvolvimento social chegou-se à criação de sistemas lingüísticos bastante complexos.
Com a criação da imprensa, o conhecimento perpetuado no texto impresso sai dos monastérios e palácios e chega às escolas, possibilitando uma ação educativa mais democrática. Da fragmentação do texto escrito a fazê-lo chegar, via correios, até onde estava quem queria estudar, passaram-se alguns séculos.
Na perspectiva de querer comunicar-se e vencer distâncias, o homem apropriou-se de diferentes mediações tecnológicas ao longo dos tempos. Ao assumirem papel vital no processo de disseminação do conhecimento e na difusão dos valores da sociedade, as mediações tornaram-se um marco definitivo na modificação dos paradigmas da comunicação e da informação.
A partir das últimas décadas do século passado, a informática, associada à evolução tecnológica ocorrida nas telecomunicações, provocou mudanças radicais na sociedade, a chamada revolução digital. Como fruto desses câmbios, a digitalização de animações, imagens, gráficos, textos, vídeos e áudios tornou acessível um mundo novo às pessoas com os mais diversos tipos de limitações.
A internet configurou uma nova cartografia política, sem precedentes na história, rompeu barreiras geográficas, possibilitando a navegação pelo mundo cibernético, de qualquer ponto do planeta, através de um computador, uma linha telefônica, cabo/satélite ou transmissão via rádio.
Logo, o computador e a Internet despertaram a atenção de profissionais de diferentes campos de atuação, causando a grande revolução que caracterizou o final do século XX. As transformações na Educação começaram timidamente, até que ocorressem mudanças de paradigmas cristalizados durante séculos e séculos. E este mérito deve-se, em grande parte, aos que acreditaram em mediações tecnológicas para levar ofertas educativas para além dos prédios escolares. A escola-sem-porta-e-janela torna-se realidade, enfim.
Se a partir da globalização, a informação passou a circular rapidamente sem limites de tempo e espaço, tendo-se sociedades mais interativas e tecnológicas, isso não quer dizer que, em sua totalidade, sejam inclusivas. Essa realizada cria barreiras para que a Educação viabilizada por suportes tecnológicos diversos, possam chegar aos que dela necessitam.

No Brasil, um país de tantos contrastes sociais, embora as tecnologias sejam amplamente difundidas, caracterizando-se como um meio de grande potencial para a diminuição das desigualdades, não tiveram, ainda, a atenção por tarde dos governos para projetos que explorassem todo o seu potencial, beneficiando milhares de brasileiros carentes de ações educativas, num momento em que a competitividade no mundo globalizado mais está a exigir profissionais bem formados e atualizados.

2. A Evolução Tecnológica

São múltiplas as dimensões afetadas pelas mudanças que transcendem ao meramente tecnológico, ao transformar de modo significativo o conceito de espaço, de práticas simultâneas onde a contiguidade era necessária entre humanos e objetos.
O sujeito agora, imerso em outra realidade, assiste à velocidade da informação e à ruptura dos espaços criarem possíveis interações antes nunca pensadas. Nesse contexto de descobertas, vale-se de próteses para “ir” mais longe, passa a se conectar rompendo fronteiras. Primeiro o telégrafo, passando pelas que ampliam e / ou estendem a voz e a visão, pelas que tornam mais fácil e agil levar o texto que a mão registra a alguém ou a muitos, em outras plagas. Até chegar à INTERNET, foi um longo caminho.

O mundo das novas tecnologias é caracterizado por atributos como interatividade, mobilidade, convertibilidade, interconectividade, globalização e velocidade. O emprego de diferentes meios torna possível levar o conhecimento a pessoas distantes do centro em que são gerados, criar, por exemplo, programas de computador voltados para as diferentes inteligências citadas por Gardner (1995) e outros que ofereçam um leque de pontos de entrada e permitam ao indivíduo demonstrar sua compreensão em vários sistemas de símbolos (lingüístico, numérico, musical, gráfico etc.).
Neste contexto, os ambientes eletrônicos de aprendizagem constituem a mais recente tecnologia para a integração e contextualização do saber, ou seja, constituem-se em ferramenta poderosa nos processos de construção da aprendizagem.
O quadro a seguir oferece uma panorâmica histórica sobre a evolução tecnológica que revolucionou as Comunicações, no século passado, e, conseqüentemente, as relações humanas. Foram sessenta anos de mudanças nos hábitos, na forma de pensar e de interagir com um mundo que ignorou fronteiras e se descobriu como nunca antes.

O Brasil esteve a par dessa evolução, criou a sua primeira emissora de rádio- a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro- em 7 de abril de 1923, com programação voltada para a cultura e educação. Iniciativas educativas diversas foram realizadas, usando o rádio, com ou sem apoio de material impresso.
Contando com forte capilaridade de suas agências por todo o país, os Correios possibilitaram a criação de cursos por correspondência, ainda na década de 40.
A partir do final dos anos 60, começou a se configurar uma política de tecnologia educacional no país, mas tentativas de implementação de alguns projetos deixaram um sentimento de descrédito na grande maioria dos educadores do país.
Nos anos 70, o rádio e a televisão começaram a agitar o cenário da educação com propostas oficiais de cobertura nacional, ainda voltadas para a educação supletiva
do segmento de jovens e adultos não atendido pelo sistema formal de ensino.
Nas décadas de 80-90, surgem as primeiras iniciativas voltadas para o uso da informática na Educação. As tecnologias educacionais, embora sofrendo críticas por um grupo de educadores, voltaram a ser valorizadas, estando o computador no centro das atenções. Foram criados laboratórios computacionais em escolas da rede pública, visando a incrementar a informática educativa como forma de melhorar a qualidade do ensino público.
Ao longo dos anos 90, a utilização da televisão retornou ao cenário. O programa “Um Salto para o Futuro” do Ministério de Educação, no ar até os nossos dias, utiliza satélite para capacitar professores de todo o Brasil, com uma abordagem totalmente inédita. Professores nos estúdios da Tv Educativa apresentam os conteúdos de sua área de conhecimento e depois respondem, ao vivo, questões formuladas pelos professores-cursistas reunidos em grupos por todo Brasil. Usam, ainda, fax e telefone. As dúvidas não esclarecidas durante a veiculação do programa são respondidas por fax e, nas escolas com acesso à internet por email.
Outras experiências usando convergência de meios foram significativas, destacando-se a série “Universidade Aberta” (TVE-RJ),o “Projeto Viva Educação” e os “Telecursos” da Fundação Roberto Marinho, que teve várias atualizações, e continua oferecendo educação fundamental e média a jovens e adultos, já contabilizando mais de 3 milhões de telealunos .
A partir de 2000, abrem-se as portas de um novo mercado, o de e-learning. O acesso à Internet se populariza cada vez mais ao longo dos meses, assim como iniciativas e ações de inclusão digital. A rede eletrônica de comunicação veio modificar profundamente o conceito de tempo e espaço. Hoje é possível de qualquer lugar do mundo se conectar através de um computador com internet aos grandes centros de pesquisa, bibliotecas, colegas de profissão, ou seja, a inúmeros serviços.

O homem deste século fez a distância ser mensurada e definida não mais em quilômetros, mas pela velocidade que as tecnologias colocadas a seu dispor conseguem transpô-la, vencê-la. Surge, por conseguinte, uma nova realidade vivenciada, que o transporta a qualquer lugar, que o faz parte de uma rede ao mesmo tempo invisível e tão concreta. Que possibilita interações de diferentes naturezas, experiências virtuais que ele não sabe mais em que fronteiras da ilusão ou do imaginário se realizam.
A rede vai além de inocentes conexões interpessoais; inter, intra ou transinstitucionais, infovia de dados a cruzar o mundo, chegando até a outros planetas.Ela configura uma nova cartografia política sem precedentes. Quem ou que sociedades têm acesso à informação ? A quais informações ? Em que “tempo” ? Nesse jogo de poder sem arsenal bélico, as armas que valem e com poder de fogo são outras: a informação, a tecnologia, o conhecimento.
Nas tramas da rede, a educação - com toda certeza - faz a diferença.



3. A Tecnologia ao alcance de todos

A democratização de todas as formas de linguagem como meios de expressão da informação e da comunicação torna-se fundamental. Muito se discute sobre o importante papel da educação como instrumento de mudança social frente a uma realidade excludente. Leis são criadas preconizando a democratização do ensino, a inclusão das pessoas em uma educação independente de cor, credo, raça ou deficiência. Mas para isso é fundamental a mobilização dos mais diversos setores da sociedade.
Muitas das fantásticas mediações tecnológicas, como acesso a Web, teleconferência, rádio e tv digital, videoconferência, livro eletrônico, ainda se encontram distantes da maioria da população mundial e latinoamericana, seja por razões econômicas, culturais e, sobretudo, políticas.
A Internet, uma ferramenta de crescimento e expansão social maior que todas as outras mídias modernas, ainda é um recurso tecnológico que exclui um grande número de pessoas no nosso continente e no mundo. E isso fica mais evidente, quando o usuário apresenta alguma necessidade especial, que demande uma especificidade maior na forma de utilização da tecnologia.
No Brasil, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios realizada pelo IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2006, registrou os seguintes dados:

Cidadãos acima de 10 anos que acessam a internet no país

32,1 milhões, o equivalente a 21% da população.

Percentual de usuários
Brasil - 62% no mundo e 4º na América Latina
( atrás da Costa Rica, Guiana Francesa e Uruguai)
Local de acesso
Domicílio - 50%
Local de trabalho - 39,7%
Escola - 25,7%
Centro público de acesso pago - 21,9%
Centro público de acesso gratuito - 10%
Outros locais - 31,1%
Finalidade
Educação e aprendizado- 71,7%
Comunicação- 68,6%; lazer- 54,3%
Leitura de jornais e revistas- 46,9%
interação com autoridades e órgãos de governo- 27,4%
Busca de informações e outros serviços- 24,5%
Transações bancárias- 19,1%
Compras e encomendas- 13,7%.
Acesso à Internet
Somente discado - 52,1%
Somente banda larga - 41,2%
Discado e banda larga - 6,7%
Usuários da rede
Idade média - 28,1 anos
Número médio de anos de estudo - 10,7 anos
Rendimento mensal por domicílio per capita- R$1.000,00 ( cerca de 610 dólares) .

Em 2007, o volume de internautas residenciais ativos no Brasil chegou a 21,4 milhões, o que lhe dá um crescimento de 48,4% na comparação entre 2007 e 2006, quando o país registrava cerca de 14,4 milhões de usuário, sendo que o número de usuários com 16 anos de idade ou mais que acessam a rede em todos os ambientes - telecentros, trabalho, residência, escolas e outros - continuou na marca total de 39 milhões de internautas, registrada no terceiro trimestre de 2007, segundo informações divulgadas pelo Ibope//NetRatings. A União Internacional de Telecomunicações (UIT) registra que o acesso à Internet ainda é um privilégio de poucos. Hoje são, aproximadamente, 700 milhões de pessoas conectadas no planeta, o que corresponde a 10% da população mundial total.
O Brasil, apesar da gigante exclusão digital, aparece em 11º lugar no ranking mundial, com cerca de 15,8 milhões de pessoas conectadas a Internet, ou seja, cerca de 12% da população.
O Censo da Educação Superior de 2006 revelou que o número de:
cursos de educação superior a distância de 2003 a 2006, passou de 52 para 349, o que significa aumento de 571%;
estudantes em cursos de educação a distância passou de 49 mil em 2003 para 207 mil em 2006, aumento que corresponde a 315%;
alunos matriculados em cursos de educação superior – de 4,99 milhões para 5,31 milhões, incluindo cursos presenciais, à distância, seqüenciais e tecnológicos.

Ao mesmo tempo em que a tecnologia contribui para aproximar as diferentes culturas, aumentando as possibilidades de comunicação, ela também gera a centralização na produção do conhecimento e do capital.

Os dados indicam que ainda é restrito a uma parcela da população o acesso ao mundo tecnológico. Do ponto de vista social, as pessoas que não têm acesso a este universo ficam sem condições de plena participação no mundo atual, o que acentua ainda mais as desigualdades. Vale destacar que esses números são menos expressivos, quando se referem a pessoas com necessidades especiais.
4. A deficiência em números no Brasil
Em média, 10% da população mundial é constituída por pessoas com algum tipo de deficiência (IBGE, 2000). No Brasil, a parcela da sociedade formada por pessoas com necessidades especiais equivale a 24,6 milhões de pessoas, ou seja, 14% da população (IBGE, 2000).
No que tange à deficiência visual, estima-se que, nos países em desenvolvimento, 1 a 1,5% da população compõe este grupo e, no caso brasileiro, cerca de 1,6 milhão de pessoas apresentam tal problema, entre este o principal seria a baixa visão (Organização Mundial de Saúde, 2000) .
O Censo Escolar de 2000 mostrou que, no período de 1996 a 2000, a matrícula de alunos com deficiência visual na educação básica apresentou um aumento na ordem de 134,2 %. Este dado exige políticas que favoreçam maior aceitação de pessoas com alguma limitação nas escolas inclusivas.
Os resultados do último Censo Demográfico (IBGE/2000) mostram que, aproximadamente, 24,6 milhões de pessoas, ou 14,5% da população total, apresentaram algum tipo de incapacidade ou deficiência no Brasil. Entre 16,6 milhões de pessoas com algum grau de deficiência visual, quase 150 mil se declararam cegos. O Censo ainda caracteriza os tipos de deficiência e registra um total de 34.580.721 deficientes no Brasil, sendo 16.644.842 visuais.
Segundo o Ministério da Educação, no Ensino Superior, a evolução de matrículas de alunos com necessidades especiais visuais foi de 920, em 2003, a 3 418, em 2005, o que é bastante inexpressiva frente às necessidades a atender.

5. Acessibilidade sem discriminação

O conceito de acessibilidade vai além do direito de dar acesso aos ambientes naturais e físicos, consistindo na participação ativa no meio social, no exercício da cidadania e na inclusão social.
A acessibilidade pode ser pensada nos seguintes âmbitos:
(a) das relações internas à relacionada à singularidade de cada pessoa, à pluralidade de condições e às situações de vida que determinam a diversidade. Ser acessível aos outros e ao mundo implica respeito recíproco.
(b) das relações externas à relacionada ao espaço social, definido pelas facilidades físicas, materiais e da participação ativa no cotidiano das pessoas. Esta participação pode ser realizada diretamente, pessoalmente ou de forma indireta, com a mediação dos recursos humanos, técnicos ou tecnológicos.
A expressão acessibilidade, presente em diversas áreas de atividades, tem na informática um importante significado. Representa para os deficientes o direito de acessar a rede de informações, mas, também, o direito de eliminar barreiras arquitetônicas, possibilitar a comunicação e utilizar equipamentos e programas adequados, obter conteúdo e informação em formatos alternativos.
A aplicação das tecnologias voltadas para a pessoa com deficiência já é parte da legislação brasileira: o Decreto No. 5.296, de 02/12/2004, consolidou as leis de acessibilidade e os Decretos Nos. 10.048 e 10.098 estabeleceram normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade a indivíduos com necessidades especiais, incluída a mobilidade reduzida.
Estudos realizados pelo consórcio para Web(W3C) e pela Iniciativa para a Acessibilidade na Rede(WAI) apontaram situações e características diversas, que uma pessoa pode apresentar ao acessar a Internet:
1- incapacidade de ver, ouvir ou se deslocar; grande dificuldade e quando não a impossibilidade de interpretar certos tipos de informação;
2- dificuldade visual para ler ou compreender textos;
3- incapacidade para usar o teclado ou o mouse, ou não dispor deles;
4- insuficiência de quadros, apresentando apenas texto ou dimensões reduzidas, ou uma ligação muito lenta à Internet;
5- dificuldade para falar ou compreender, fluentemente, a língua em que o documento foi escrito;
6- desatualização, pelo uso do navegador com versão muito antiga, ou navegador completamente diferente dos habituais, ou por voz ou sistema operacional menos difundido.

Se um conteúdo disponibilizado na Internet não estiver dentro dos padrões de acessibilidade para uma pessoa com deficiência visual, ela não terá, portanto, como obter a informação.

6. A informação ao acesso de todos

No Brasil adotou-se os princípios internacionais, disponibilizados através das “Recomendações de acessibilidade para a construção e adaptação de conteúdos do governo brasileiro na internet- EMAG”.

Apresentação da Informação

As informações para serem acessíveis devem atender as diretrizes que tornem sua apresentação adequada para as pessoas com necessidades especiais.

Imagens
Associar texto a cada elemento não textual, como imagens, representações gráficas, animações, botões gráficos etc.
Áudio
Fornecer transcrição textual e/ou legendas do conteúdo da informação disponibilizada em forma sonora.
Animações ou Vídeos
Fornecer legendas, descrições e/ou transcrições textuais na mesma página da animação ou vídeo e, se possível, fornecer descrições em áudio.
Objetos Executáveis
Fornecer descrição sobre seu objetivo ou modo de funcionamento.
Informação Dinâmica
Fornecer uma versão estática.
Permitir, interromper ou parar objetos e páginas de atualização automática, movimentos ou efeitos de piscar.
Uso de Cores
Garantir um bom contraste entre a cor do texto e o fundo.
Permitir que a cor do texto, ligações e fundo possam ser alteradas.
Disposição da Informação
Permitir que a disposição da informação possa ser reestruturada.
Criar um arquivo único para facilitar a recuperação de documentos que consistam em uma série de páginas separadas, e que ao mesmo tempo tratem de assuntos similares.
Contatos
Fornecer uma forma simples e óbvia para contatar a pessoa da organização responsável pela informação do site.


Navegação

A Navegação deve garantir que as ligações textuais sejam palavras ou expressões compreensíveis e que os elementos da página possam ser ativados pelo teclado.

Ligações, elos, links ou hiperlinks
Fornecer equivalente textual das ligações embutidas em objetos.

Orientação
Providenciar uma descrição concisa do site, suas características de acesso e como utilizá-las;
Permitir identificar claramente a localização do usuário na estrutura da informação.
Interação
Colocar os objetos interativos e ligações em uma ordem lógica, que permita uma navegação clara e compreensível através do teclado.
Fornecer uma ligação para a página de entrada do site, em todas as páginas.
Fornecer índice do conteúdo em sites complexos.


Conformidade

Torna-se necessária a identificação dos sites que contenham funcionalidades de acessibilidade para cidadãos com necessidades diferenciadas, para diferentes ambientes, situações, equipamentos e navegadores.

Verificação da acessibilidade
Utilizar ferramentas de análise ou diagnóstico .
Os requisitos de acessibilidade de conteúdo da WEB do W3C/WAI estão disponíveis em português no endereço www.acessobrasil.org.br) e, em inglês, na página (www.cast.org/bobby) .
Símbolo de Acessibilidade na Web
Mostrar o Símbolo de Acessibilidade na Web na página de entrada do site.

Como já foi destacado, uma sociedade participativa deve buscar a democratização e a interação efetiva de todos os cidadãos independente de suas especificidades.
Os sites que atendam as recomendações de acessibilidade podem ser apresentados sem prejuízo, tanto para usuários em geral, como para aqueles que estejam interagindo a partir do uso de uma tecnologia assistida.

É imperioso que a inclusão digital seja, na prática, cada vez mais uma realidade para aqueles que encontram barreiras ao acesso digital, principalmente o acesso à Internet, fonte de diversos benefícios, principalmente para os deficientes visuais ao lhes propiciar maior independência em sua vida cotidiana e em seu relacionamento social .


7. Tecnologias Assistidas – independência e autonomia

As Tecnologias Assistidas (TA) visam a possibilitar que pessoas com diferentes tipos de comprometimento sensorial, físico e cognitivo tenham acesso à Internet e aos benefícios oferecidos pela rede, em suas atividades pessoais e compartilhadas. Com a utilização das variadas ferramentas disponíveis no mercado, é possível reduzir o grande abismo digital entre os que têm e os que não têm acesso às informações digitais.
A Tecnologia Assistida é composta de recursos e serviços. Os primeiros são quaisquer itens, equipamentos ou partes deles, produtos ou sistemas, fabricados em série ou sob-medida, utilizados para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficiência. Estes podem variar de uma simples bengala a um complexo sistema computadorizado.
Os segundos se constituem da prestação de serviços profissionais aos indivíduos com deficiência, visando a selecionar, obter ou usar um instrumento de tecnologia assistida. Estes são normalmente transdisciplinares, envolvendo profissionais de diversas áreas, tais como: Medicina, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Educação, Psicologia, Enfermagem, Engenharia, Arquitetura, Design, etc.


8. Sistemas e software de acessibilidade mais utilizados pelos deficientes visuais

Atualmente, empresas e instituições se interessam pela acessibilidade, visando a possibilitar às pessoas com deficiência visual meios de obter conhecimentos, conseguir estudar e torná-las mais auto-suficientes no dia-a- dia.

De acordo com Campbell (2001, p.107),
"desde a invenção do Código Braille em 1829, nada teve tanto impacto
nos programas de educação, reabilitação e emprego quanto o
recente desenvolvimento da Informática para os cegos".


No Brasil, os sistemas e softwares mais utilizados atualmente por esse segmento, no Brasil são o Dosvox, o Virtual Vision e o Jaws.

Dosvox
Este sistema vem sendo desenvolvido desde 1993 pelo NCE-Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, sob a coordenação do professor José Antônio dos Santos Borges.
Constitui-se em um conjunto de programas que permite a acessibilidade digital, através de um sintetizador de voz em português. Como o sistema lê e digitaliza o som em português, o diálogo homem/máquina é feito de forma simples e sem "jargões". Esse programa também utiliza padrões internacionais de Computação, podendo ler dados e textos gerados por programas e sistemas de uso comum em Informática.
Há duas versões do programa: uma simplificada, que pode ser capturada da Internet (gratuitamente) e outra profissional, que pode ser adquirida, comercialmente, a baixo custo.

Virtual Vision
Desenvolvido pela MicroPower (empresa brasileira da cidade de Ribeirão Preto/ São Paulo/Brasil), a primeira versão foi lançada em janeiro de 1998. Pode ser adaptado em qualquer programa do Windows.
É um "leitor de telas" capaz de informar aos usuários quais os controles (botão, lista, menu) estão ativos em determinado momento, podendo ser utilizado também para navegação na Internet.

Jaws
Programa desenvolvido pela empresa norte-americana Henter-Joyce, pertencente
ao grupo Freedom Scientific. O Jaws para Windows é um leitor de telas que permite
facilmente o acesso ao computador por pessoas cegas ou amblíopes.
Com o Jaws, qualquer usuário deficiente visual pode trabalhar tão ou mais rapidamente do que uma pessoa que enxergue normalmente, utilizando teclas de atalho. É um software de fácil utilização, eficiente e a velocidade pode ser ajustável conforme o nível de cada usuário.

Entretanto, a utilização desses softwares não garante que o deficiente visual tenha acesso a todas as informações viabilizadas em uma página web, pois para isso é preciso que as páginas sejam construídas, observando os princípios de acessibilidade elencados anteriormente.
Porém, mesmo com algumas limitações, estes recursos são importantíssimos para os deficientes visuais, pois possibilitam o acesso ao computador, garantindo-lhes independência e autonomia, motivando-os e oportunizando sua inclusão aos ambientes digitais, no mundo da comunidade dos cibernautas.

9. A Educação no contexto da cultura tecnológica

A cultura tecnológica tem criado novas oportunidades para as práticas educacionais e buscado desenvolver experiências, que tornem possível capacitar o maior número de pessoas.

A Internet vem revertendo e modificando muitas das formas atuais de ensinar e aprender, mudando os paradigmas convencionais, que mantiveram a relação professores e alunos cristalizados há séculos.

Neste cenário, a educação já não pode permanecer nos moldes como era antes. Hoje há a possibilidade da modernização e da utilização de formas personalizadas de construção do conhecimento, na qual as pessoas possam atender as suas próprias necessidades e interesse, aprendendo com qualidade e em curto intervalo de tempo. Neste contexto, a EAD parece estar se definindo, como um meio de proporcionar a capacitação contínua, flexível e de qualidade. Incrementada pela Internet, abre seu leque de possibilidades e de emprego, ao colocar o conhecimento ao alcance não só de comunidades dispersas geograficamente, mas também de pessoas com algum tipo de limitação.

A falta de tempo para participar de cursos devido às demandas da própria atividade produtiva, agrava-se quando o profissional precisa realizar deslocamentos significativos para chegar às fontes de conhecimento, ainda mais se portador de algum tipo de deficiência . A EAD propicia a estes profissionais qualificação em domicílio, “in company” e ao tempo de que dispõem para estudar.

No Brasil, o número de empresas que utilizam dessas tecnologias para capacitação profissional tem crescido vertiginosamente. Em 1999, quando se iniciou a aplicação no meio empresarial do e-learning, eram menos de dez empresas, hoje o número ultrapassa 600, com mais de 1,5 milhão de pessoas treinadas por esta modalidade.

10. Inclusão digital e social

A valorização da diversidade cultural e a necessidade de incorporar esse contexto multicultural na Educação e, mais especificamente, a inclusão social de pessoas que permanecem alijadas do desenvolvimento científico-tecnológico, fortalecem a intenção de se desenvolver programas que atendam as diferenças e alicercem uma política de acessibilidade social e digital.
Takahashi (2000) ressalta que inclusão social pressupõe formação para a cidadania, o que significa que as tecnologias de informação e comunicação devem ser utilizadas, também, para a democratização dos processos sociais, para fomentar a transparência de políticas e ações de governo e para incentivar a mobilização dos cidadãos e sua participação ativa nas instâncias cabíveis.
Para Moran (1997), com a Internet, a distância hoje deixou de ser geográfica e passou a ser uma distância econômica entre ricos e pobres, uma distância cultural em uma diversidade de formas de pensar e de agir e uma distância entre aqueles que têm acesso e domínio das tecnologias da comunicação e os que não os têm.
A possibilidade do acesso à Internet é uma expressão clara de democratização social e digital. Torna-se necessário que a sociedade e o poder público, cada vez mais, viabilizem programas públicos e privados que promovam a democratização das tecnologias ao deficiente visual e concorram para a inclusão social e digital.
Andrade (2002) ressalta que é preciso a construção de uma sociedade onde haja o respeito às diferenças e às diversidades, com equiparação de direitos e oportunidades, a construção coletiva da sociedade com inclusão social e eliminação de todas as formas de exclusão e segregação.
Amaral e Coelho (2000) em seus estudos sobre cidadania, com maior ênfase no deficiente visual, afirmaram que o maior problema social da deficiência pode ser o que ela representa para o projeto de vida do indivíduo, levando em consideração sua desigualdade de direito social e informacional perante aos outros cidadãos ditos “normais”.
A garantia do direito à diversidade é um desafio que deve ser enfrentado por todos, na busca de uma sociedade inclusiva, conquistando a convivência harmoniosa e digna para todos.
A informação é a matéria prima da construção do conhecimento, ela se torna o elemento-chave na formação de uma sociedade justa e igualitária, fornece uma condição essencial para que as pessoas e organizações estejam aptas a lidar com o novo, a criar e, assim, garantir seu espaço de liberdade e autonomia, segundo Takahashi (2000).
O deficiente visual tem as mesmas possibilidades de se informar e se desenvolver do que uma pessoa vidente, precisando somente que tenha suas necessidades especiais supridas para exercer sua cidadania, seus direitos e deveres, tanto no setor social, econômico e político, quanto cultural e profissional.
Não há dúvida de que a Internet potencializada por recursos de multimídia, assume um papel relevante também como fator de inclusão social da população com necessidades especiais.

11. Educação - importante vertente para o desafio digital
O crescimento da internet e sua popularidade têm um importante impacto nos modos pelos quais as pessoas interagem, assim como nas maneiras pelas quais definem e redefinem sua noção de usufruir dos benefícios oferecidos por essa tecnologia.Hoje, na medida em que o avanço tecnológico é uma realidade, torna-se imperativo que a navegação na Internet se caracterize por uma abordagem mais amigável, interativa, colaborativa, democrática e acessível, permitindo ao usuário mediações de diferentes naturezas.
Na área educacional, a inclusão da educação especial no sistema regular de ensino é hoje a principal diretriz das políticas públicas educacionais, no Brasil, e a formação de professores é, sem dúvida, o aspecto determinante para a efetivação dessa política.
A questão da formação de professores tem sido objeto de estudo por muitos teóricos. Constata-se uma população com necessidades especiais que precisa ser atendida pelo sistema educacional, e percebe-se, também, que existe um segmento expressivo de profissionais da área de educação, em formação ou em exercício, que precisa de uma qualificação especializada para atender a essa demanda escolarizável.
A construção de ambientes virtuais de aprendizagem está se definindo no cenário da EAD, como uma poderosa ferramenta de capacitação contínua, flexível e de qualidade, atendendo à demanda social. Em particular, no caso de pessoas com deficiências, esses espaços podem se constituir em um valioso instrumento para proporcionar aos profissionais e estudantes de qualquer área do conhecimento a chance da atualização permanente, e um meio para se colocar em dia com os avanços científicos e tecnológicos.
A aprendizagem em ambientes virtuais é um processo ativo do qual tanto o professor quanto o estudante devem participar para que haja sucesso na iniciativa. No processo, cria-se uma rede de aprendizagem. Em outras palavras, forma-se uma rede de interações entre o professor e os demais participantes. Por meio dela, o processo de aquisição do conhecimento é criado colaborativamente.
Com as novas tecnologias e a possibilidade de acesso a elas por todas as pessoas, fatos que antes poderiam colaborar para exclusão deixam de existir. A partir de ferramentas como o DOSVOX, o Virtual Vision ,o JAWS e muitas outras disponíveis no mercado, o contigente de pessoas que perdeu a visão e ainda não conseguiu aprender o Braille, passa a ter todas as informações disponíveis na internet. Vale destacar que a maioria dos livros e revistas atuais, lamentavelmente, não são publicados em Braille, mas inúmeras já se encontram disponíveis para acesso digital.
O Laboratório de Educação a Distancia criado pelo Instituto Benjamin Constant, órgão do Ministério de Educação do Brasil, possibilita a diminuição de barreiras físicas e geográficas. Agora, sem sair de casa, os profissionais que atuam com deficientes visuais já podem se especializar. A colaboração e o trabalho em conjunto fornecem o alicerce para os participantes de cursos on-line envolverem-se com um processo de aprendizagem transformadora.
Com certeza, as novas tecnologias estão propiciando uma nova forma de ver o mundo, uma esperança para o luto pela cegueira.


12. O Laboratório de Educação a Distância do Instituto Benjamin Constant – IBC/LED - Pioneiro em acessibilidade
O IBC/LED desenvolve projetos que, ao privilegiarem o uso das tecnologias avançadas em um ambiente virtual de aprendizagem, possibilita a formação de professores para atendimento especializado, em salas regulares de ensino e garante, também, a inclusão de pessoas com necessidades especiais, na formação de estudantes e profissionais, dando ênfase à área da deficiência visual.

Para que o IBC-LED possa ser acessado pelo público, foi criado um portal no Site Institucional do IBC, de forma a possibilitar que pessoas, com os mais variados tipos de deficiência, possam ter acesso a um ambiente tecnológico na Internet, diminuindo as barreiras de acesso ao universo digital.
Portal IBC-LED

Sites que atendam às recomendações de acessibilidade podem ser apresentados sem prejuízo, tanto para usuários em geral, como para aqueles que estejam interagindo a partir do uso de uma tecnologia assistida.

Para embasar o Laboratório, a fundamentação teórica pauta-se na confluência da concepção sociointeracionista de desenvolvimento com o efeito do emprego de múltiplos veículos de comunicação, nas mensagens cognitivas, e com os princípios básicos da educação popular. Assim, três teóricos foram eleitos: Lev Vygotsky, Howard Gardner e Paulo Freire.
No intuito de fortalecer a pesquisa e o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação, associados à utilização da Internet, o IBC-LED vem estabelecendo parcerias com outros órgãos públicos e privados. Em abril de 2005, iniciou o trabalho com o Grupo de Inclusão Digital do Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense para customização da plataforma Interagir (http://www.interagir.uff.br/) desenvolvida pelo Grupo e de acesso livre.

A partir de março de 2006, foi consolidada a parceria com a Eduweb, com o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), para: tornar o software LMS (Learning Management System) AulaNet, desenvolvido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/PUC-Rio, acessível a pessoas com deficiência visual; trasmitir know-how para a equipe do IBC e desenvolver um curso de especialização de 540 horas em deficiência visual on-line. A produção do curso deverá ser concluída ainda em 2008.


Plataforma Aulanet acessível a Jaws

As plataformas customizadas para o IBC-LED são acessíveis ao Dosvox e aos demais leitores de tela.
Com essa iniciativa, estará sendo projetada e implementada soluções Web com acessibilidade, que visem a favorecer inclusão digital não apenas de pessoas com deficiência, mas, também, de idosos, colaborando, assim, para uma condição de maior igualdade de oportunidades na sociedade brasileira.
Curso Estimulação Precoce- com acessibilidade

O IBC-LED ao implementar as versões acessíveis dos conteúdos dos cursos, que estão sendo oferecidos ao público em geral, lida como um grande e estimulante desafio, principalmente, por se tratar do desenvolvimento de uma solução totalmente inovadora no campo do e-learning. É de extrema importância testar e validar o uso dos objetos desenvolvidos com uma amostragem de usuários que possuam o perfil adequado para o uso futuro da solução. O objetivo dos testes consiste em validar a interface desenvolvida, a leitura de comandos e conteúdos para videntes, deficientes visuais – baixa visão e cegos.

Os participantes da amostragem, depois de cumprirem as tarefas propostas, preenchem um questionário com sugestão e críticas ao objeto apresentado e são entrevistados. Para enriquecer a análise de conteúdo feita com os dados obtidos, todo o processo é filmado e fotografado.

No final do ano de 2006, o IBC/LED buscou a parceria com a empresa EduWeb e a PUC-Rio no intuito de viabilizar a conversão de um de seus cursos presenciais de longa duração para o formato online, em área relacionada às questões de Design, usabilidade e IHC da solução em implementação. Foi criado um projeto que visou pesquisar a transposição do curso presencial “Especialização e Deficiência visual” para o formato online, para alunos de todo o Brasil com dificuldades de participar da versão presencial oferecida na cidade do Rio de Janeiro. Destaque-se que um dos objetivos era o desenvolvimento de um modelo de suporte à transposição de conteúdos acessíveis, procurando oferecer uma solução interativa e funcional. Buscou-se um protótipo gráfico conceitual, abrangendo um dos tópicos de uma das disciplinas do curso de especialização oferecido a professores que trabalham com o estímulo dos sentidos de crianças de 0 a 4 anos que receberam o primeiro diagnóstico de deficiência visual.
Uma das conclusões do estudo foi que :
“A prática de teste de uso da solução foi avaliada como muito produtiva, tanto pelos participantes, que puderam expor suas opiniões em relação ao ambiente, quanto pela equipe técnica do Laboratório de Educação a Distância do IBC que pode visualizar a utilização do conteúdo entre usuários com diferentes possibilidades de visualização.”

(...) “De acordo com o funcionamento da solução nos softwares propostos e do estabelecimento de uma identidade visual coerente, a pesquisa deve prosseguir como objetivo de aprimoramento da interface gráfica, estruturado na combinação de tecnologias utilizadas.”


Em 2008, o IBC-LED firmou parceria com o EduKbr, projeto de excelência da Fundação Padre Leonel Franca, sediado na PUC-Rio, e também responsável pela implementação pioneira de Kidlink no Brasil. O Edukbr promove o curso "Fazer-Aprendendo": Novas Práticas Pedagógicas usando um Ambiente de EAD via Web. O curso está sendo oferecido gratuitamente a profissionais da área educacional visando proporcionar o "letramento digital", além de apresentar diferentes metodologias de trabalho, através das novas tecnologias de informação e comunicação. A certificação será dada pela PUC-RIO.


13. Conclusão

A natureza multicultural da sociedade brasileira determina que se constrúa uma visão plural da realidade e que se possibilite um engajamento maior de todas as pessoas. À medida que as distâncias espaço-temporais diminuem, culturas se confrontam, diversidades e diferenciações sociais se evidenciam no cenário público.
A acessibilidade à web é parte integrante do projeto brasileiro de inclusão digital para as pessoas com necessidades especiais. Para que o deficiente visual possa se desenvolver de forma plena, ele precisa ter da sociedade as mesmas oportunidades de participação e inclusão social dos seus demais componentes, sem discriminações, de acordo com suas necessidades e condições,.
A educação pode contribuir para diminuir diferenças e desigualdades, na medida em que acompanhar os processos de mudanças, oferecendo formação adequada às novas necessidades da vida moderna. A EAD apresenta-se, então, como uma estratégia fundamental na diminuição das desigualdades educacionais históricas no país. O perfil dos programas a distância deixou de ser uma exceção ou algo especial, para se constituir, legalmente, em mais um componente do sistema educacional.
A democratização da sociedade passa pela possibilidade dos segmentos excluídos até então terem acesso às tecnologias e, portanto, condições de utilizarem tais recursos com o objetivo de lhes proporcionar maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado, trabalho e integração com a família, amigos e sociedade.
Quanto às dificuldades a vencer no trabalho de acessibilidade voltada para deficientes visuais em diferentes graus de comprometimento, no LED podemos destacar:
- a necessidade de validar, por instrumentos específicos, o funcionamento da solução nas tecnologias de base propostas (browsers e leitores de telas) assim como avaliar o conceito criativo e utilização da interface proposta;
- o funcionamento correto da solução pelo leitor de telas distribuído de forma grátis no Brasil, o DOSVOX;
- o destaque visual dos ícones utilizados nos cursos, uma vez que estes se encontram muito integrados com o restante da informação visual da tela;
-a descrição textual que deve acompanhar fotos, imagens, ilustrações e vídeos para que devem ser muito bem elaboradas para que retratem com fidedignidade o que está sendo visualizado em tela.
A prática da testagem de usabilidade nas soluções oferecidas é avaliada como muito produtiva, tanto pelos participantes, que podem expor suas opiniões em relação ao ambiente, quanto pela equipe técnica do Laboratório de Educação a Distância do IBC que pode detectar a utilização do conteúdo entre usuários com diferentes possibilidades de visualização, antes mesmo do produto ser oferecido em âmbito nacional(Lucena,2008).
A observação é essencial para a validação de um modelo de produção de recursos didáticos acessíveis para a internet pois certifica que a abordagem e as tecnologias utilizadas estão adequadas para atender a demanda.
Conforme relata Lucena, o funcionamento da solução nos softwares propostos e do estabelecimento de uma identidade visual coerente, determina que a pesquisa que vem sendo feita pelo LED em consonância com as parcerias estabelecidas deve prosseguir como objetivo de aprimoramento da interface gráfica, estruturado na combinação de tecnologias utilizadas.

Com o compromisso de oferecer um espaço democrático que, ao mesmo tempo, concilie os direitos de igualdade a todas as pessoas, respeitando, incentivando e valorizando o multiculturalismo, como princípio básico, foi criado o IBC-LED. Com a criação do Laboratório, uma iniciativa pioneira, o IBC pretende ampliar não só o acesso de deficientes visuais à mídia eletrônica, mas, também, a outros usuários, independentemente, de suas características. Assim estará contribuindo, tanto para a inclusão digital, quanto para a social do segmento populacional formado por deficientes visuais, que representa 1% dos 180 milhões de brasileiros.

14. Referências

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