sexta-feira, 24 de abril de 2009

O novo perfil dos programas a distância no terceiro milênio – o caso brasileiro

O novo perfil dos programas a distância no terceiro milênio – o caso brasileiro

Marlene Montezi Blois
Diretora do Escritório CREAD- Rio de Janeiro Consultora da UNIVIR- UNICARIOCA/ Brasil
mmblois@unicarioca.br

Fátima Azeredo Melca
Coordenadora do Laboratório de Educação à Distânciado Instituto Benjamin Constant
Professora do Instituto de Psicologia da UFRJ
fatimamelca@ibc.gov.br


Resumo:

A Educação a Distância - EAD na atualidade ganha destaque na relação que estabelece entre os usuários e sua realidade. A significativa expansão do aprendizado à distância, acarretou uma reflexão sobre os paradigmas da Educação consolidados ao longo de décadas. A natureza multicultural da sociedade brasileira determina que se construa uma visão plural da realidade e que se possibilite um engajamento maior de todas as pessoas. À medida que as distâncias espaço-temporais diminuem, culturas se confrontam, diversidades e diferenciações sociais se evidenciam no cenário público. A EAD apresenta-se, assim, como uma estratégia fundamental na diminuição das desigualdades educacionais históricas no país. O perfil dos programas a distância deixou de ser uma exceção ou algo especial, para se constituir em mais um componente do sistema educacional. Em nosso país, 24,3 milhões de pessoas apresentam algum tipo de deficiência e os movimentos de defesa de equiparação de oportunidades reconhecem o papel imprescindível de direito à Informação às pessoas com necessidades especiais. Ao se buscar a construção de uma cultura de respeito às diferenciações, torna-se inerente repensar a área educacional e rever suas práticas, desenvolver novas competências e propor estratégias de aprendizagem condizentes com as reais necessidades de sua clientela e as mudanças marcantes desse século que se inicia. A evolução da era digital possibilitou o surgimento da Internet, uma das maiores revoluções tecnológicas do século. A valorização da diversidade cultural e a necessidade de incorporar esse contexto multicultural na Educação e, mais especificamente, a inclusão social de pessoas que permanecem alijadas do desenvolvimento científico-tecnológico, fortalecem a intenção de se desenvolver programas que atendam as diferenças e alicercem uma política de acessibilidade social e digital.Hoje, na medida em que o avanço tecnológico é uma realidade, torna-se imperativo que os perfis dos programas a distâncias caracterizem-se por uma abordagem mais amigável, interativa, colaborativa, democrática e acessível, permitindo ao usuário mediações de diferentes naturezas. É fundamental que os programas produzidos para ambientes virtuais de aprendizagem gerem processos realmente inovadores de educação, criando espaços ricos e flexíveis que possibilitem instrumentos capazes de orientar adequadamente e os alunos e de apoiar o desenvolvimento de múltiplas competências cognitivas, habilidades e atitudes, oferecendo realmente situações pelas quais possam construir o conhecimento.

Abstract:
Summary the Education in the distance - EAD in the present time gains prominence in the relation that establishes between the users and its reality. The significant expansion of the long-distance learning, caused a reflection on the consolidated paradigms of the Education throughout decades. The multicultural nature of the Brazilian society determines that if it constructs a plural vision of the reality and that if makes possible a bigger enrollment of all the people. To the measure that the space-secular distances diminish, cultures if collate, social diversities and differentiations if they evidence in the public scene. The EAD is presented, thus, as a basic strategy in the reduction of the historical educational inaqualities in the country. The EAD is presented, thus, as a basic strategy in the reduction of the historical educational inaqualities in the country. The profile of the programs in the distance left of being an exception or something special, to consist in plus a component of the educational system. In our country, 24,3 million people present some type of deficiency and the movements of defense of equalization of chances recognize the essential paper of right to the Information to the people with necessities special. If searching the construction of a culture of respect to the differentiations, one becomes inherent to rethink practical the educational area and to review its, to develop new abilities and to consider condizentes strategies of learning with the real necessities of its clientele and the marcantes changes of this century that if it initiates. The evolution of the digital age made possible the sprouting of InterNet, one of the biggest technological revolutions of the century. The valuation of the cultural diversity and the necessity to incorporate this multicultural context in the Education and, more specifically, the social inclusion of people who remain unloaded of the scientific development, fortify the intention of if developing programs that take care of the differences and alicercem one politics of social and digital accessibility.
Today, in the measure where the technological advance is a reality, one becomes imperative that the profiles of the programs the distances are characterized for friendlier, interactive, colaborativa, democratic and accessible a boarding, allowing to the user mediações of different natures. It is basic that the programs produced for virtual environments of learning generate really innovative processes of education, creating rich spaces and flexible that make possible instruments capable to guide and the pupils adequately and to support the development of multiple cognitivas abilities, abilities and attitudes, offering really situations for which can construct the knowledge.

Palavras- chave:
Educação a distância - Perfis de programas de EAD - pessoas com necessidades especiais - contexto multicultural na Educação - inclusão social - princípios universais de acessibilidade.

Keys-word:
Education the distance - Profiles of programs /EAD- people with specials necessities - multicultural context in the Education - social inclusion - universal principles of accessibility.

Introdução

A Educação a Distância - EAD na atualidade ganha destaque na relação que estabelece entre os usuários e sua realidade, que não se limita apenas às experiências pessoais ou ao que a escola e a família lhes transmitem. É possível ser o empreendedor do seu próprio conhecimento, administrar a informação e escolher modelos diferenciados de interpretação da realidade.

A significativa expansão do aprendizado à distância, acarretou uma reflexão sobre os paradigmas da Educação consolidados ao longo de décadas, como o ensino centrado no professor ou do especialista em treinamento empresarial. O foco da ação educativa agora está voltado para o aprendiz - em ambientes formais ou não-, que assume responsabilidades como ator principal do seu próprio saber.

As exigências em relação ao trabalho reduzem, em muito, o tempo livre das pessoas para investirem em cursos de qualificação e, associado a isso, as formas convencionais de estudo, baseadas em salas de aula com horários fixos e rígidos, além do seu alto custo, acabam por dificultar a busca por uma qualificação ou atualização. Torna-se necessário buscar uma maneira que favoreça o desenvolvimento pessoal e a atualização profissional, para se manter competitivo em uma sociedade marcada por constantes transformações, avanços científicos e incorporações tecnológicas.

O uso de tecnologias aplicadas à propostas educativas, seja na EAD seja em propostas flexíveis de Educação, vem se projetando como indicativo de que o aprendizado pode constituir-se em um processo de caráter dinâmico e permanente, num mundo globalizado, dinâmico e altamente competitivo, que necessita de profissionais “antenados” com um cenário mundial competitivo, que lhes exige cada vez mais rápida e constante atualização.

Educação a Distância

Ao longo do tempo, a Educação vislumbrou nas tecnologias de seu tempo perspectivas interessantes para levar suas ofertas a pessoas distantes. É o acesso a uma ou mais tecnologias pelos segmentos da população que se quer atingir que dá existência à EAD. O quadro a seguir nos dá uma panorâmica histórica sobre a evolução tecnológica que marcou o século passado, revolucionando as comunicações e, conseqüentemente, as relações humanas. Vale lembrar que, no Brasil, a primeira emissora de rádio- a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro- é criada em 7 de abril de 1923, com programação voltada para a cultura e educação.


O contexto brasileiro

A natureza multicultural da sociedade brasileira determina que se construa uma visão plural da realidade e que se possibilite um engajamento maior de todas as pessoas. À medida que as distâncias espaço-temporais diminuem, culturas se confrontam, diversidades e diferenciações sociais se evidenciam no cenário público.

A EAD vem se disseminando pelo mundo, independente do grau de desenvolvimento dos países e, no Brasil, país de tantos contrastes sociais, não tem sido diferente. Sua ampla difusão é conseqüência da socialização do acesso aos meios de comunicação por toda a população. A EAD apresenta-se, assim, como uma estratégia fundamental na diminuição das desigualdades educacionais históricas no país.

O número de empresas que utilizam a EAD, como um caminho de capacitação profissional, tem crescido vertiginosamente. Em 1999, quando se inicia a aplicação no meio empresarial do e-learning no Brasil, eram menos de dez empresas, hoje o número ultrapassa 566, com mais de 1,5 milhão de pessoas treinadas por esta modalidade.
Em 2004, mais de 1,1 milhão de brasileiros optaram por algum curso não presencial. O número de alunos de graduação e pós-graduação cresceu mais 100% entre 2003 e 2004 e 63% dos cursos credenciados utilizavam a Internet como meio de comunicação.

Os números revelam um aumento fantástico na utilização da Internet. O IBOPE/ Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, em 2006, apontou que 14,4 milhões de internautas acessaram de suas residências à Internet, uma alta de 18% em relação a dezembro de 2005 e que a média de horas dos brasileiros na internet foi de 21h 39minutos por mês.

A Pesquisa Nacional do IBGE por Amostra de Domicílios, em 2006, registrou os seguintes dados , referentes ao acesso dos brasileiros à Internet :


Cidadãos acima de 10 anos que acessam a internet no país

32,1 milhões, o equivalente a 21% da população.

Percentual de usuários

Brasil - 62% no mundo e 4º na América Latina ( atrás da Costa Rica, Guiana Francesa e Uruguai)

Local de acesso:

domicílio- 50%
local de trabalho- 39,7%
escola- 25,7%
centro público de acesso pago- 21,9%
centro público de acesso gratuito- 10%
outro local- 31,1%

Finalidade

educação e aprendizado- 71,7%
comunicação- 68,6%; lazer- 54,3%
leitura de jornais e revistas- 46,9%
interação com autoridades e órgãos de governo- 27,4%
busca de informações e outros serviços- 24,5%
transações bancárias- 19,1%
compras e encomendas- 13,7%.

Acesso:

somente discado- 52,1%
somente banda larga- 41,2%
discado e banda larga- 6,7%

Usuários da rede

idade média- 28,1 anos
número médio de anos de estudo- 10,7 anos
rendimento mensal por domicílio per capita- R$1.000,00.

As mudanças ocorridas na sociedade têm sido profundas e marcantes e com a notável expansão tecnológica, o perfil dos programas a distância deixou de ser uma exceção ou algo especial, para se constituir em mais um componente do sistema educacional, preservando uma educação qualidade, além de possibilitar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, sócio- emocionais, profissionais e éticas, compatíveis em uma sociedade que busca para os seus componentes o pleno exercício da cidadania.

No Brasil, não se pode dizer que os perfis das ofertas de EAD, atualmente, tendem a ser hegemônicos, muito pelo contrário, estão tendendo cada vez mais para uma adequação às diferentes realidades de um país com dimensões continentais. E não apenas considerando-se o espaço geográfico, mas, também, as características da sociedade brasileira. A diversidade étnica e cultural de seus diferentes grupos é clara, ao focarmos questões como as desigualdades no acesso a bens econômicos e culturais, em que os determinantes de classe social, raça e gênero atuam de maneira decisiva.

Em nosso país, milhões de brasileiros compõem um contingente de excluídos e entre esses, estudos chamam a atenção para a parcela da sociedade constituída por pessoas com necessidades especiais, o que equivale a 24,3 milhões de pessoas. Apesar deste grupo ter uma especificidade que o diferencia, também tem um fator comum que o torna semelhante a tantos outros grupos, os que são considerados minorias e sofrem um processo de exclusão social.
Os movimentos de defesa de equiparação de oportunidades reconhecem o papel imprescindível de direito à Informação às pessoas com necessidades especiais e, conseqüentemente, ao acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Objetiva-se uma sociedade mais justa, menos preconceituosa. E a democratização da sociedade passa pela possibilidade desse segmento excluído ter acesso às tecnologias, e, portanto, condições de utilizarem tais recursos.
Foley (2003) afirma, no Comitê Preparatório da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação da Organização das Nações Unidas – ONU, que uma Sociedade Global de Informação Inclusiva deve possibilitar a todas as pessoas, sem distinção, estarem habilitadas para criar, receber, compartilhar e utilizar informação e conhecimento para o seu desenvolvimento econômico, social, cultural e político.
Ao se buscar a construção de uma cultura de respeito às diferenciações, torna-se inerente repensar a área educacional e rever suas práticas, desenvolver novas competências e propor estratégias de aprendizagem condizentes com as reais necessidades de sua clientela e as mudanças marcantes desse século que se inicia.

A Educação no contexto da cultura tecnológica

A cultura tecnológica tem criado novas oportunidades para as práticas educacionais e buscado desenvolver experiências, que tornem possível capacitar o maior número de pessoas com maior economia.

As tecnologias da informática, associadas às das telecomunicações, vêm provocando mudanças radicais na sociedade, uma nova revolução emerge - a revolução digital. É possível digitalizar ações, imagens, gráficos, textos, vídeos e áudios e torná-los acessíveis às pessoas com os mais diversos tipos de limitações.

A evolução da era digital possibilitou o surgimento da Internet, uma das maiores revoluções tecnológicas do século. A rede vem configurar uma nova cartografia política, sem precedentes na história. Com a barreira geográfica rompida, para que seja possível navegar pelo mundo cibernético, é necessário, apenas, um computador, uma linha telefônica, cabo/satélite ou transmissão via rádio.

A Internet tem ajudado a rever e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e aprender, ocorrendo simultaneamente mudanças nos paradigmas convencionais, que mantêm a relação professores e alunos cristalizados há séculos.

Neste cenário a educação já não pode permanecer com os mesmos paradigmas. Abre-se espaço para uma nova abordagem, mais adequada ao mundo sem fronteira de hoje, ágil e mutante. Surge a possibilidade da modernização e da utilização de uma forma de construção do conhecimento, na qual as pessoas possam aprender com qualidade e em curto intervalo de tempo.

Ao longo dos anos, a educação tem se apropriado das tecnologias vigentes, na intenção explícita de modernizar suas práticas, de alcançar efetividade em suas propostas, de dar acesso ao conhecimento a atores distantes e, assim, romper fronteiras territoriais. Com isso, tem desmistificado e colocado os meios de comunicação a serviço da sociedade não só da informação, mas, também, do conhecimento
A Educação a Distância, a apropriação de ferramentas computacionais e a inclusão social

A EAD parece estar se definindo, neste cenário, como um meio de se proporcionar uma capacitação contínua, flexível e de qualidade da forma que está sendo socialmente demandada. Incrementada pela Internet, possibilita levar o conhecimento a comunidades remotas ou dispersas geograficamente, a pessoas que tenham algum tipo de limitação. A falta de tempo para realizar cursos e participar de eventos, devido às demandas da própria atividade produtiva, agrava-se quando o profissional precisa realizar deslocamentos significativos para chegar até as fontes de conhecimento.

A valorização da diversidade cultural e a necessidade de incorporar esse contexto multicultural na Educação e, mais especificamente, a inclusão social de pessoas que permanecem alijadas do desenvolvimento científico-tecnológico, fortalecem a intenção de se desenvolver programas que atendam as diferenças e alicercem uma política de acessibilidade social e digital.

As tecnologias assistivas atendem a pessoas com diferentes tipos de comprometimento sensorial, físico e cognitivo e possibilitam o acesso a WEB e aos benefícios oferecidos pela rede, em suas atividades cotidianas. Com a utilização de variados recursos disponíveis no mercado, já é possível reduzir o grande abismo digital entre os que têm e os que não têm acesso a informações via rede. É evidente, que, sem o emprego dessas tecnologias, mesmo que se alcance uma massificação digital, grande parcela dessa população ainda continuará excluída.

A Educação a Distância, a apropriação de ferramentas computacionais e o mundo do trabalho

No intuito de preparar pessoas para assumirem suas atividades profissionais inseridas na sociedade global, uma gama de opções de programas estão sendo ofertados, e adotam para isso estratégias mais imperativas e de maior alcance. Os programas apoiados na virtualidade. proporcionada pelos ambientes em rede, cria, ao mesmo tempo que amplia, as condições para que se antecipe mudanças e se prepare as pessoas para enfrentar o futuro .Os ambientes desenvolvidos são estruturados para promover a interação e a colaboração entre as pessoas. favorecendo a comunicação em rede e promovendo uma efetiva troca de informações entre os diversos atores do processo.

A disseminação do conhecimento, realizada através de opções de EAD, tem como disponibilizar programas com qualidade, com a percepção de uma aprendizagem que vise atender ao mercado produtivo e alcançar respostas educacionais exigidas pelas expectativas sociais. Para tal, é necessário que se utilizem ferramentas que possibilitem oferecer com igualdade de oportunidades, ações educacionais, que criem espaços para a construção do conhecimento, através do desenvolvimento e da adequação de ambientes virtuais de aprendizagem, mediados pelas tecnologias de informação e comunicação.

No contexto virtual, onde os atores envolvidos estão em rede, aspectos em constante construção, como multiculturalismo, desterritorialização, independência, privacidade e diálogo eletrônico, personalização da comunicação, códigos específicos das diferentes mediações tecnológicos terão que ser considerados.

A EAD século XXI e os ambientes virtuais de aprendizagem – seus protocolos

Hoje, na medida em que o avanço tecnológico é uma realidade, torna-se imperativo que os perfis dos programas a distâncias caracterizem-se por uma abordagem mais amigável, interativa, colaborativa, democrática e acessível, permitindo ao usuário mediações de diferentes naturezas.

A fundamentação teórica deve ser estruturada na confluência da concepção sóciointeracionista de desenvolvimento, com o efeito do emprego de múltiplos suportes para que as mensagens cheguem ao usuário .

Partindo do pressuposto de que os indivíduos se desenvolvem em um ambiente social ou grupal, empregar a tecnologia para integrar as pessoas, ao invés de separá-las, parece ser a ação mais apropriada, de acordo com Vygotsky (1991). Sendo a aprendizagem um processo ativo de construção do conhecimento, resultado da interação do homem com o meio, o professor/tutor deve participar como facilitador (estimulador) do aprendizado.

Os programas a distância devem favorecer a aprendizagem a partir de um conceito básico que deverá ser reconstruído pelo participante, de acordo com seu ritmo da sua bagagem prévia, estimulado-o a buscar seus próprios recursos para realizar as tarefas propostas. O hipertexto, os simuladores e as ferramentas de colaboração (Chat, lista de discussão, fórum) se destacam como ferramentas que podem ser utilizadas neste tipo de aprendizado.

Os ambientes virtuais devem respeitar que (a) a aprendizagem e o desenvolvimento social são atividades onde há colaboração; (b) a zona de desenvolvimento proximal, citada por Vygotsky, é uma forma de potencializar o aprendizado através da ajuda, colaboração entre todos os participantes; (c) o contexto do curso deve estar relacionado com o assunto a ser aprendido; e (d) a troca de experiências é uma oportunidade ímpar para a aprendizagem.

Para favorecer a construção do conhecimento, a interatividade e a cooperação, é necessário a utilização de ambientes virtuais que atuem como um canal propiciador de comunicação e de interatividade entre os atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.

A Teoria das Inteligências Múltiplas pode contribuir de forma significativa para a educação. Pesquisa realizada pela Universidade de Stanford revela que as pessoas retêm até 70% do que ouvem, vêem e interagem. Quando apenas vêem e ouvem a retenção cai para 30% das informações (SIROTSKY,1994). Gardner (2001) ressalta “(...) por isso a interatividade proporcionada pelos avanços da tecnologia digital começa a ganhar importância como nova mídia"(p.154). A abordagem multissensorial dos ambientes virtuais de aprendizagem estimula diferentes sentidos, visuais e sonoros, constituindo-se em um fator facilitador da aprendizagem.

A abordagem multissensorial dos ambientes virtuais de aprendizagem estimula diferentes sentidos, constituindo-se em um fator facilitador da aprendizagem e permitindo que as pessoas possam atingir as capacidades inerentes a si, privilegiando aquelas que lhe são mais favoráveis. É importante democratizar a aceitação de todas as formas de linguagem e de simbolização como meios de expressão do conhecimento do processo de ensino aprendizagem.

É possível disponibilizar um leque de opções de interfaces, valorizando diferentes aspectos da inteligência humana, e atender a uma diversidade complexa e heterogênea de habilidades e aptidões. No processo de estruturar o aprendizado para o ambiente do programa, várias tecnologias são disponibilizadas de forma a interagir, intensamente, com as pessoas envolvidas. A combinação de diferentes fatores (objetivos, clientela a ser atendida, recursos disponíveis) é que vai determinar a ou as tecnologias a serem utilizadas. É preciso considerar em cada mídia a sua especificidade e explorar dela o que possui de melhor para estruturação e organização da proposta educativa que mais adequadamente atenda às exigência do terceiro milênio.

O mundo das novas tecnologias é caracterizado por atributos como interatividade, mobilidade, convertibilidade, interconectividade, globalização e velocidade, favorecendo o emprego de diferentes meios de se levar o conhecimento ao interessado. Hoje existem tecnologias com grande potencial para desenvolvimento de diferentes maneiras de se abordar os conteúdos a serem trabalhados. É possível criar programas de computador voltados para as diferentes inteligências citadas por Gardner , programas que ofereçam um leque de pontos de entrada e permitam ao indivíduo demonstrar sua compreensão em vários sistemas de símbolos (lingüístico, numérico, musical, gráfico etc.)

É fundamental que os programas produzidos para ambientes virtuais de aprendizagem gerem processos realmente inovadores de educação, criando espaços ricos e flexíveis que possibilitem instrumentos capazes de orientar adequadamente e os alunos e de apoiar o desenvolvimento de múltiplas competências cognitivas, habilidades e atitudes, oferecendo realmente situações pelas quais possam construir o conhecimento.

Neste contexto, os ambientes eletrônicos de aprendizagem constituem a mais recente tecnologia para a integração e contextualização do saber; uma ferramenta poderosa nos processos de construção da aprendizagem.

Considerações finais

Para Paulo Freire (1975), o desenvolvimento de uma proposta de educação à distância fundamenta-se em princípios básicos da educação popular, pois imbrica a dimensão política da educação, a organização social dos homens a partir de seus saberes, a metodologia dialógica e a permanente relação texto/contexto. É, portanto, na leitura do mundo, na investigação, na tematização e na problematização dos fazeres, dizeres e saberes do educador e do educando, que se busca um movimento de tomada de consciência e ação transformadora em uma sociedade crescentemente diversificada, multi, inter e transcultural. É também em uma abertura respeitosa aos outros que se reconhece que não existe um “penso” individual e sim um “pensamos”, como ato coletivo, conforme sintetizado na frase do referido autor
“ninguém educa a ninguém, os homens se educam entre si mediatizados por seu mundo”.

Como já indicado, o Brasil apresenta realidades de estágios de desenvolvimento econômico, cultural e tecnológico distintos. Uma gama de programas de diferentes gerações da EAD convivem concomitantemente, e precisam integrar diferentes mídias com facilidade, rapidez e criatividade, e não somente as digitais. Para isso é necessário que os professores dominem em curto prazo novas linguagens comunicacionais, os recursos de cada mídia, para que seja possível criar realmente uma nova pedagogia- a pedagogia mediática.

O sistema educacional brasileiro preconiza uma educação para todos, uma escola, heterogênea, pluralista que acolha todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, buscando para tanto, estratégias que viabilizem atuar na e para a diversidade Dessa maneira, os ambientes virtuais de aprendizagem estão se definindo, com a utilização de tecnologias que agregam em si importantes elementos de dinamização desse processo. O próprio conceito de Educação a Distância está ganhando uma nova dimensão nesse milênio - uma educação sem distância.

Com a globalização, a informação circula rapidamente, sem limites de tempo e espaço, e tem-se uma sociedade mais interativa, mais tecnológica, mas que, ainda, não é, em sua totalidade inclusiva.

Muito se discute sobre o importante papel da educação como instrumento de mudança social frente a uma realidade excludente. Leis são criadas preconizando a democratização do ensino, a inclusão das pessoas em uma educação independente de cor, credo, raça ou deficiência. Mas para isso é fundamental a mobilização dos mais diversos setores da sociedade.
Acredita-se que o perfil de programas a distância do terceiro milênio deva ter o compromisso de oferecer um espaço democrático que, ao mesmo tempo, concilie os direitos de igualdade a todas as pessoas, respeitando, incentivando e valorizando o multiculturalismo, como princípio básico. Que enfatize a questão da acessibilidade a WEB, valioso instrumento para proporcionar aos usuários a chance de atualização continuada, ao se apresentar como um meio de crescimento pessoal e profissional, propiciando o acesso aos avanços científicos e tecnológicos do século XXI.

Que as tantas e novas tecnologias sejam janelas efetivas para uma sociedade multicultural , que considere a EDUCAÇÃO como um direito de todos os seus cidadãos, portanto, mais justa e feliz.

Bibliografia

BLOIS. M.M., MELCA, F.M.A. Educação Corporativa –Novas tecnologias na Gestão do Conhecimento.Rio de Janeiro:Edições Consultor, 2005.
BLOIS, M.M. Reencontro com Paulo Freire e seus amigos. Niterói,RJ. Fundação Euclides da Cunha, 2005.
BLOIS. M.M., MELCA, F.M.A. Educação Corporativa – uma alternativa para a educação continuada. Revista DELFOS/UERJ, Rio de Janeiro, n.24, p.9-24, novembro de 2003.
BLOIS, M.M Do Ensino por Correspondência à Internet – A Busca da Democratização do Conhecimento. Revista CREAD, Miami, n.9, p.29-38, 2000.
Brasil..Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância - 2005.Disponível em: http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home&UserActiveTemplate=4abed. Acessado em agosto de 2006.
E-learning Brasil. Disponível em: http://www.elearningbrasil.com.br/home/brasil. Acessado em abril de 2007
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975
Foley, D. J P. Discurso de D. John Patrick Foley na primeira fase da Cúpula Mundial da Sociedade de Informação, Ginevra, 11/12/2003) Disponivel em: http://www.vatican.va/roman_curia/secretariat_state/2003/index_po.htm
GARDNER, H. Inteligência - Um Conceito Reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
. Acessado em agosto de 2005.
GARDNER, H. Inteligência - Um Conceito Reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
IBGE- Disponível em :http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2005/default.shtm.Acessado em março de 2007
Ibope/NetRatings Disponível em http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=260&breadcrumb=1&Artigo_ID=4087&IDCategoria=4583&reftype=1. Acessado em março de 2007
Melca, F. M.A. Um Laboratório de Educação à Distância para pessoas com necessidades especiais (IBC-LED). Revista Benjamin Constant, dezembro de 2005.
MELCA, F.M.A. Educação Corporativa: uma alternativa para a educação continuada. Rio de Janeiro - RJ, 2004, 142 p. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.
MELCA,F.M.A Ferreira,G.F. IBC-LED- Um Laboratório com acessibilidade. Revista IBC.Rio de Janeiro, 2006.
VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins fontes, 1991.
_____________. Pensamento e linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 1991.

Um comentário:

  1. Confesso que sou suspeita em comentar qualquer produção científica de duas grandes especialistas na área, duas grandes amigas e grandes professoras para mim! Adorei a ideia do Blog. E gostei bastante do artigo. A união do conhecimento prático de "longa estrada" da Marlene com a especialidade com portadores de necessidades especiais da Fátima é o que de mlehor pode acontecer no cenário educacional brasileiro.
    Bjs!
    Marcia

    ResponderExcluir