O novo perfil dos programas a distância no terceiro milênio – o caso brasileiro
Marlene Montezi Blois
Diretora do Escritório CREAD- Rio de Janeiro Consultora da UNIVIR- UNICARIOCA/ Brasil
mmblois@unicarioca.br
Fátima Azeredo Melca
Coordenadora do Laboratório de Educação à Distânciado Instituto Benjamin Constant
Professora do Instituto de Psicologia da UFRJ
fatimamelca@ibc.gov.br
Resumo:
A Educação a Distância - EAD na atualidade ganha destaque na relação que estabelece entre os usuários e sua realidade. A significativa expansão do aprendizado à distância, acarretou uma reflexão sobre os paradigmas da Educação consolidados ao longo de décadas. A natureza multicultural da sociedade brasileira determina que se construa uma visão plural da realidade e que se possibilite um engajamento maior de todas as pessoas. À medida que as distâncias espaço-temporais diminuem, culturas se confrontam, diversidades e diferenciações sociais se evidenciam no cenário público. A EAD apresenta-se, assim, como uma estratégia fundamental na diminuição das desigualdades educacionais históricas no país. O perfil dos programas a distância deixou de ser uma exceção ou algo especial, para se constituir em mais um componente do sistema educacional. Em nosso país, 24,3 milhões de pessoas apresentam algum tipo de deficiência e os movimentos de defesa de equiparação de oportunidades reconhecem o papel imprescindível de direito à Informação às pessoas com necessidades especiais. Ao se buscar a construção de uma cultura de respeito às diferenciações, torna-se inerente repensar a área educacional e rever suas práticas, desenvolver novas competências e propor estratégias de aprendizagem condizentes com as reais necessidades de sua clientela e as mudanças marcantes desse século que se inicia. A evolução da era digital possibilitou o surgimento da Internet, uma das maiores revoluções tecnológicas do século. A valorização da diversidade cultural e a necessidade de incorporar esse contexto multicultural na Educação e, mais especificamente, a inclusão social de pessoas que permanecem alijadas do desenvolvimento científico-tecnológico, fortalecem a intenção de se desenvolver programas que atendam as diferenças e alicercem uma política de acessibilidade social e digital.Hoje, na medida em que o avanço tecnológico é uma realidade, torna-se imperativo que os perfis dos programas a distâncias caracterizem-se por uma abordagem mais amigável, interativa, colaborativa, democrática e acessível, permitindo ao usuário mediações de diferentes naturezas. É fundamental que os programas produzidos para ambientes virtuais de aprendizagem gerem processos realmente inovadores de educação, criando espaços ricos e flexíveis que possibilitem instrumentos capazes de orientar adequadamente e os alunos e de apoiar o desenvolvimento de múltiplas competências cognitivas, habilidades e atitudes, oferecendo realmente situações pelas quais possam construir o conhecimento.
Abstract:
Summary the Education in the distance - EAD in the present time gains prominence in the relation that establishes between the users and its reality. The significant expansion of the long-distance learning, caused a reflection on the consolidated paradigms of the Education throughout decades. The multicultural nature of the Brazilian society determines that if it constructs a plural vision of the reality and that if makes possible a bigger enrollment of all the people. To the measure that the space-secular distances diminish, cultures if collate, social diversities and differentiations if they evidence in the public scene. The EAD is presented, thus, as a basic strategy in the reduction of the historical educational inaqualities in the country. The EAD is presented, thus, as a basic strategy in the reduction of the historical educational inaqualities in the country. The profile of the programs in the distance left of being an exception or something special, to consist in plus a component of the educational system. In our country, 24,3 million people present some type of deficiency and the movements of defense of equalization of chances recognize the essential paper of right to the Information to the people with necessities special. If searching the construction of a culture of respect to the differentiations, one becomes inherent to rethink practical the educational area and to review its, to develop new abilities and to consider condizentes strategies of learning with the real necessities of its clientele and the marcantes changes of this century that if it initiates. The evolution of the digital age made possible the sprouting of InterNet, one of the biggest technological revolutions of the century. The valuation of the cultural diversity and the necessity to incorporate this multicultural context in the Education and, more specifically, the social inclusion of people who remain unloaded of the scientific development, fortify the intention of if developing programs that take care of the differences and alicercem one politics of social and digital accessibility.
Today, in the measure where the technological advance is a reality, one becomes imperative that the profiles of the programs the distances are characterized for friendlier, interactive, colaborativa, democratic and accessible a boarding, allowing to the user mediações of different natures. It is basic that the programs produced for virtual environments of learning generate really innovative processes of education, creating rich spaces and flexible that make possible instruments capable to guide and the pupils adequately and to support the development of multiple cognitivas abilities, abilities and attitudes, offering really situations for which can construct the knowledge.
Palavras- chave:
Educação a distância - Perfis de programas de EAD - pessoas com necessidades especiais - contexto multicultural na Educação - inclusão social - princípios universais de acessibilidade.
Keys-word:
Education the distance - Profiles of programs /EAD- people with specials necessities - multicultural context in the Education - social inclusion - universal principles of accessibility.
Introdução
A Educação a Distância - EAD na atualidade ganha destaque na relação que estabelece entre os usuários e sua realidade, que não se limita apenas às experiências pessoais ou ao que a escola e a família lhes transmitem. É possível ser o empreendedor do seu próprio conhecimento, administrar a informação e escolher modelos diferenciados de interpretação da realidade.
A significativa expansão do aprendizado à distância, acarretou uma reflexão sobre os paradigmas da Educação consolidados ao longo de décadas, como o ensino centrado no professor ou do especialista em treinamento empresarial. O foco da ação educativa agora está voltado para o aprendiz - em ambientes formais ou não-, que assume responsabilidades como ator principal do seu próprio saber.
As exigências em relação ao trabalho reduzem, em muito, o tempo livre das pessoas para investirem em cursos de qualificação e, associado a isso, as formas convencionais de estudo, baseadas em salas de aula com horários fixos e rígidos, além do seu alto custo, acabam por dificultar a busca por uma qualificação ou atualização. Torna-se necessário buscar uma maneira que favoreça o desenvolvimento pessoal e a atualização profissional, para se manter competitivo em uma sociedade marcada por constantes transformações, avanços científicos e incorporações tecnológicas.
O uso de tecnologias aplicadas à propostas educativas, seja na EAD seja em propostas flexíveis de Educação, vem se projetando como indicativo de que o aprendizado pode constituir-se em um processo de caráter dinâmico e permanente, num mundo globalizado, dinâmico e altamente competitivo, que necessita de profissionais “antenados” com um cenário mundial competitivo, que lhes exige cada vez mais rápida e constante atualização.
Educação a Distância
Ao longo do tempo, a Educação vislumbrou nas tecnologias de seu tempo perspectivas interessantes para levar suas ofertas a pessoas distantes. É o acesso a uma ou mais tecnologias pelos segmentos da população que se quer atingir que dá existência à EAD. O quadro a seguir nos dá uma panorâmica histórica sobre a evolução tecnológica que marcou o século passado, revolucionando as comunicações e, conseqüentemente, as relações humanas. Vale lembrar que, no Brasil, a primeira emissora de rádio- a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro- é criada em 7 de abril de 1923, com programação voltada para a cultura e educação.
O contexto brasileiro
A natureza multicultural da sociedade brasileira determina que se construa uma visão plural da realidade e que se possibilite um engajamento maior de todas as pessoas. À medida que as distâncias espaço-temporais diminuem, culturas se confrontam, diversidades e diferenciações sociais se evidenciam no cenário público.
A EAD vem se disseminando pelo mundo, independente do grau de desenvolvimento dos países e, no Brasil, país de tantos contrastes sociais, não tem sido diferente. Sua ampla difusão é conseqüência da socialização do acesso aos meios de comunicação por toda a população. A EAD apresenta-se, assim, como uma estratégia fundamental na diminuição das desigualdades educacionais históricas no país.
O número de empresas que utilizam a EAD, como um caminho de capacitação profissional, tem crescido vertiginosamente. Em 1999, quando se inicia a aplicação no meio empresarial do e-learning no Brasil, eram menos de dez empresas, hoje o número ultrapassa 566, com mais de 1,5 milhão de pessoas treinadas por esta modalidade.
Em 2004, mais de 1,1 milhão de brasileiros optaram por algum curso não presencial. O número de alunos de graduação e pós-graduação cresceu mais 100% entre 2003 e 2004 e 63% dos cursos credenciados utilizavam a Internet como meio de comunicação.
Os números revelam um aumento fantástico na utilização da Internet. O IBOPE/ Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, em 2006, apontou que 14,4 milhões de internautas acessaram de suas residências à Internet, uma alta de 18% em relação a dezembro de 2005 e que a média de horas dos brasileiros na internet foi de 21h 39minutos por mês.
A Pesquisa Nacional do IBGE por Amostra de Domicílios, em 2006, registrou os seguintes dados , referentes ao acesso dos brasileiros à Internet :
Cidadãos acima de 10 anos que acessam a internet no país
32,1 milhões, o equivalente a 21% da população.
Percentual de usuários
Brasil - 62% no mundo e 4º na América Latina ( atrás da Costa Rica, Guiana Francesa e Uruguai)
Local de acesso:
domicílio- 50%
local de trabalho- 39,7%
escola- 25,7%
centro público de acesso pago- 21,9%
centro público de acesso gratuito- 10%
outro local- 31,1%
Finalidade
educação e aprendizado- 71,7%
comunicação- 68,6%; lazer- 54,3%
leitura de jornais e revistas- 46,9%
interação com autoridades e órgãos de governo- 27,4%
busca de informações e outros serviços- 24,5%
transações bancárias- 19,1%
compras e encomendas- 13,7%.
Acesso:
somente discado- 52,1%
somente banda larga- 41,2%
discado e banda larga- 6,7%
Usuários da rede
idade média- 28,1 anos
número médio de anos de estudo- 10,7 anos
rendimento mensal por domicílio per capita- R$1.000,00.
As mudanças ocorridas na sociedade têm sido profundas e marcantes e com a notável expansão tecnológica, o perfil dos programas a distância deixou de ser uma exceção ou algo especial, para se constituir em mais um componente do sistema educacional, preservando uma educação qualidade, além de possibilitar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, sócio- emocionais, profissionais e éticas, compatíveis em uma sociedade que busca para os seus componentes o pleno exercício da cidadania.
No Brasil, não se pode dizer que os perfis das ofertas de EAD, atualmente, tendem a ser hegemônicos, muito pelo contrário, estão tendendo cada vez mais para uma adequação às diferentes realidades de um país com dimensões continentais. E não apenas considerando-se o espaço geográfico, mas, também, as características da sociedade brasileira. A diversidade étnica e cultural de seus diferentes grupos é clara, ao focarmos questões como as desigualdades no acesso a bens econômicos e culturais, em que os determinantes de classe social, raça e gênero atuam de maneira decisiva.
Em nosso país, milhões de brasileiros compõem um contingente de excluídos e entre esses, estudos chamam a atenção para a parcela da sociedade constituída por pessoas com necessidades especiais, o que equivale a 24,3 milhões de pessoas. Apesar deste grupo ter uma especificidade que o diferencia, também tem um fator comum que o torna semelhante a tantos outros grupos, os que são considerados minorias e sofrem um processo de exclusão social.
Os movimentos de defesa de equiparação de oportunidades reconhecem o papel imprescindível de direito à Informação às pessoas com necessidades especiais e, conseqüentemente, ao acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Objetiva-se uma sociedade mais justa, menos preconceituosa. E a democratização da sociedade passa pela possibilidade desse segmento excluído ter acesso às tecnologias, e, portanto, condições de utilizarem tais recursos.
Foley (2003) afirma, no Comitê Preparatório da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação da Organização das Nações Unidas – ONU, que uma Sociedade Global de Informação Inclusiva deve possibilitar a todas as pessoas, sem distinção, estarem habilitadas para criar, receber, compartilhar e utilizar informação e conhecimento para o seu desenvolvimento econômico, social, cultural e político.
Ao se buscar a construção de uma cultura de respeito às diferenciações, torna-se inerente repensar a área educacional e rever suas práticas, desenvolver novas competências e propor estratégias de aprendizagem condizentes com as reais necessidades de sua clientela e as mudanças marcantes desse século que se inicia.
A Educação no contexto da cultura tecnológica
A cultura tecnológica tem criado novas oportunidades para as práticas educacionais e buscado desenvolver experiências, que tornem possível capacitar o maior número de pessoas com maior economia.
As tecnologias da informática, associadas às das telecomunicações, vêm provocando mudanças radicais na sociedade, uma nova revolução emerge - a revolução digital. É possível digitalizar ações, imagens, gráficos, textos, vídeos e áudios e torná-los acessíveis às pessoas com os mais diversos tipos de limitações.
A evolução da era digital possibilitou o surgimento da Internet, uma das maiores revoluções tecnológicas do século. A rede vem configurar uma nova cartografia política, sem precedentes na história. Com a barreira geográfica rompida, para que seja possível navegar pelo mundo cibernético, é necessário, apenas, um computador, uma linha telefônica, cabo/satélite ou transmissão via rádio.
A Internet tem ajudado a rever e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e aprender, ocorrendo simultaneamente mudanças nos paradigmas convencionais, que mantêm a relação professores e alunos cristalizados há séculos.
Neste cenário a educação já não pode permanecer com os mesmos paradigmas. Abre-se espaço para uma nova abordagem, mais adequada ao mundo sem fronteira de hoje, ágil e mutante. Surge a possibilidade da modernização e da utilização de uma forma de construção do conhecimento, na qual as pessoas possam aprender com qualidade e em curto intervalo de tempo.
Ao longo dos anos, a educação tem se apropriado das tecnologias vigentes, na intenção explícita de modernizar suas práticas, de alcançar efetividade em suas propostas, de dar acesso ao conhecimento a atores distantes e, assim, romper fronteiras territoriais. Com isso, tem desmistificado e colocado os meios de comunicação a serviço da sociedade não só da informação, mas, também, do conhecimento
A Educação a Distância, a apropriação de ferramentas computacionais e a inclusão social
A EAD parece estar se definindo, neste cenário, como um meio de se proporcionar uma capacitação contínua, flexível e de qualidade da forma que está sendo socialmente demandada. Incrementada pela Internet, possibilita levar o conhecimento a comunidades remotas ou dispersas geograficamente, a pessoas que tenham algum tipo de limitação. A falta de tempo para realizar cursos e participar de eventos, devido às demandas da própria atividade produtiva, agrava-se quando o profissional precisa realizar deslocamentos significativos para chegar até as fontes de conhecimento.
A valorização da diversidade cultural e a necessidade de incorporar esse contexto multicultural na Educação e, mais especificamente, a inclusão social de pessoas que permanecem alijadas do desenvolvimento científico-tecnológico, fortalecem a intenção de se desenvolver programas que atendam as diferenças e alicercem uma política de acessibilidade social e digital.
As tecnologias assistivas atendem a pessoas com diferentes tipos de comprometimento sensorial, físico e cognitivo e possibilitam o acesso a WEB e aos benefícios oferecidos pela rede, em suas atividades cotidianas. Com a utilização de variados recursos disponíveis no mercado, já é possível reduzir o grande abismo digital entre os que têm e os que não têm acesso a informações via rede. É evidente, que, sem o emprego dessas tecnologias, mesmo que se alcance uma massificação digital, grande parcela dessa população ainda continuará excluída.
A Educação a Distância, a apropriação de ferramentas computacionais e o mundo do trabalho
No intuito de preparar pessoas para assumirem suas atividades profissionais inseridas na sociedade global, uma gama de opções de programas estão sendo ofertados, e adotam para isso estratégias mais imperativas e de maior alcance. Os programas apoiados na virtualidade. proporcionada pelos ambientes em rede, cria, ao mesmo tempo que amplia, as condições para que se antecipe mudanças e se prepare as pessoas para enfrentar o futuro .Os ambientes desenvolvidos são estruturados para promover a interação e a colaboração entre as pessoas. favorecendo a comunicação em rede e promovendo uma efetiva troca de informações entre os diversos atores do processo.
A disseminação do conhecimento, realizada através de opções de EAD, tem como disponibilizar programas com qualidade, com a percepção de uma aprendizagem que vise atender ao mercado produtivo e alcançar respostas educacionais exigidas pelas expectativas sociais. Para tal, é necessário que se utilizem ferramentas que possibilitem oferecer com igualdade de oportunidades, ações educacionais, que criem espaços para a construção do conhecimento, através do desenvolvimento e da adequação de ambientes virtuais de aprendizagem, mediados pelas tecnologias de informação e comunicação.
No contexto virtual, onde os atores envolvidos estão em rede, aspectos em constante construção, como multiculturalismo, desterritorialização, independência, privacidade e diálogo eletrônico, personalização da comunicação, códigos específicos das diferentes mediações tecnológicos terão que ser considerados.
A EAD século XXI e os ambientes virtuais de aprendizagem – seus protocolos
Hoje, na medida em que o avanço tecnológico é uma realidade, torna-se imperativo que os perfis dos programas a distâncias caracterizem-se por uma abordagem mais amigável, interativa, colaborativa, democrática e acessível, permitindo ao usuário mediações de diferentes naturezas.
A fundamentação teórica deve ser estruturada na confluência da concepção sóciointeracionista de desenvolvimento, com o efeito do emprego de múltiplos suportes para que as mensagens cheguem ao usuário .
Partindo do pressuposto de que os indivíduos se desenvolvem em um ambiente social ou grupal, empregar a tecnologia para integrar as pessoas, ao invés de separá-las, parece ser a ação mais apropriada, de acordo com Vygotsky (1991). Sendo a aprendizagem um processo ativo de construção do conhecimento, resultado da interação do homem com o meio, o professor/tutor deve participar como facilitador (estimulador) do aprendizado.
Os programas a distância devem favorecer a aprendizagem a partir de um conceito básico que deverá ser reconstruído pelo participante, de acordo com seu ritmo da sua bagagem prévia, estimulado-o a buscar seus próprios recursos para realizar as tarefas propostas. O hipertexto, os simuladores e as ferramentas de colaboração (Chat, lista de discussão, fórum) se destacam como ferramentas que podem ser utilizadas neste tipo de aprendizado.
Os ambientes virtuais devem respeitar que (a) a aprendizagem e o desenvolvimento social são atividades onde há colaboração; (b) a zona de desenvolvimento proximal, citada por Vygotsky, é uma forma de potencializar o aprendizado através da ajuda, colaboração entre todos os participantes; (c) o contexto do curso deve estar relacionado com o assunto a ser aprendido; e (d) a troca de experiências é uma oportunidade ímpar para a aprendizagem.
Para favorecer a construção do conhecimento, a interatividade e a cooperação, é necessário a utilização de ambientes virtuais que atuem como um canal propiciador de comunicação e de interatividade entre os atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.
A Teoria das Inteligências Múltiplas pode contribuir de forma significativa para a educação. Pesquisa realizada pela Universidade de Stanford revela que as pessoas retêm até 70% do que ouvem, vêem e interagem. Quando apenas vêem e ouvem a retenção cai para 30% das informações (SIROTSKY,1994). Gardner (2001) ressalta “(...) por isso a interatividade proporcionada pelos avanços da tecnologia digital começa a ganhar importância como nova mídia"(p.154). A abordagem multissensorial dos ambientes virtuais de aprendizagem estimula diferentes sentidos, visuais e sonoros, constituindo-se em um fator facilitador da aprendizagem.
A abordagem multissensorial dos ambientes virtuais de aprendizagem estimula diferentes sentidos, constituindo-se em um fator facilitador da aprendizagem e permitindo que as pessoas possam atingir as capacidades inerentes a si, privilegiando aquelas que lhe são mais favoráveis. É importante democratizar a aceitação de todas as formas de linguagem e de simbolização como meios de expressão do conhecimento do processo de ensino aprendizagem.
É possível disponibilizar um leque de opções de interfaces, valorizando diferentes aspectos da inteligência humana, e atender a uma diversidade complexa e heterogênea de habilidades e aptidões. No processo de estruturar o aprendizado para o ambiente do programa, várias tecnologias são disponibilizadas de forma a interagir, intensamente, com as pessoas envolvidas. A combinação de diferentes fatores (objetivos, clientela a ser atendida, recursos disponíveis) é que vai determinar a ou as tecnologias a serem utilizadas. É preciso considerar em cada mídia a sua especificidade e explorar dela o que possui de melhor para estruturação e organização da proposta educativa que mais adequadamente atenda às exigência do terceiro milênio.
O mundo das novas tecnologias é caracterizado por atributos como interatividade, mobilidade, convertibilidade, interconectividade, globalização e velocidade, favorecendo o emprego de diferentes meios de se levar o conhecimento ao interessado. Hoje existem tecnologias com grande potencial para desenvolvimento de diferentes maneiras de se abordar os conteúdos a serem trabalhados. É possível criar programas de computador voltados para as diferentes inteligências citadas por Gardner , programas que ofereçam um leque de pontos de entrada e permitam ao indivíduo demonstrar sua compreensão em vários sistemas de símbolos (lingüístico, numérico, musical, gráfico etc.)
É fundamental que os programas produzidos para ambientes virtuais de aprendizagem gerem processos realmente inovadores de educação, criando espaços ricos e flexíveis que possibilitem instrumentos capazes de orientar adequadamente e os alunos e de apoiar o desenvolvimento de múltiplas competências cognitivas, habilidades e atitudes, oferecendo realmente situações pelas quais possam construir o conhecimento.
Neste contexto, os ambientes eletrônicos de aprendizagem constituem a mais recente tecnologia para a integração e contextualização do saber; uma ferramenta poderosa nos processos de construção da aprendizagem.
Considerações finais
Para Paulo Freire (1975), o desenvolvimento de uma proposta de educação à distância fundamenta-se em princípios básicos da educação popular, pois imbrica a dimensão política da educação, a organização social dos homens a partir de seus saberes, a metodologia dialógica e a permanente relação texto/contexto. É, portanto, na leitura do mundo, na investigação, na tematização e na problematização dos fazeres, dizeres e saberes do educador e do educando, que se busca um movimento de tomada de consciência e ação transformadora em uma sociedade crescentemente diversificada, multi, inter e transcultural. É também em uma abertura respeitosa aos outros que se reconhece que não existe um “penso” individual e sim um “pensamos”, como ato coletivo, conforme sintetizado na frase do referido autor
“ninguém educa a ninguém, os homens se educam entre si mediatizados por seu mundo”.
Como já indicado, o Brasil apresenta realidades de estágios de desenvolvimento econômico, cultural e tecnológico distintos. Uma gama de programas de diferentes gerações da EAD convivem concomitantemente, e precisam integrar diferentes mídias com facilidade, rapidez e criatividade, e não somente as digitais. Para isso é necessário que os professores dominem em curto prazo novas linguagens comunicacionais, os recursos de cada mídia, para que seja possível criar realmente uma nova pedagogia- a pedagogia mediática.
O sistema educacional brasileiro preconiza uma educação para todos, uma escola, heterogênea, pluralista que acolha todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, buscando para tanto, estratégias que viabilizem atuar na e para a diversidade Dessa maneira, os ambientes virtuais de aprendizagem estão se definindo, com a utilização de tecnologias que agregam em si importantes elementos de dinamização desse processo. O próprio conceito de Educação a Distância está ganhando uma nova dimensão nesse milênio - uma educação sem distância.
Com a globalização, a informação circula rapidamente, sem limites de tempo e espaço, e tem-se uma sociedade mais interativa, mais tecnológica, mas que, ainda, não é, em sua totalidade inclusiva.
Muito se discute sobre o importante papel da educação como instrumento de mudança social frente a uma realidade excludente. Leis são criadas preconizando a democratização do ensino, a inclusão das pessoas em uma educação independente de cor, credo, raça ou deficiência. Mas para isso é fundamental a mobilização dos mais diversos setores da sociedade.
Acredita-se que o perfil de programas a distância do terceiro milênio deva ter o compromisso de oferecer um espaço democrático que, ao mesmo tempo, concilie os direitos de igualdade a todas as pessoas, respeitando, incentivando e valorizando o multiculturalismo, como princípio básico. Que enfatize a questão da acessibilidade a WEB, valioso instrumento para proporcionar aos usuários a chance de atualização continuada, ao se apresentar como um meio de crescimento pessoal e profissional, propiciando o acesso aos avanços científicos e tecnológicos do século XXI.
Que as tantas e novas tecnologias sejam janelas efetivas para uma sociedade multicultural , que considere a EDUCAÇÃO como um direito de todos os seus cidadãos, portanto, mais justa e feliz.
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sexta-feira, 24 de abril de 2009
Um Laboratório de Educação a Distância com acessibilidade
Um Laboratório de Educação a Distância com acessibilidade
Marlene Montezi Blois
Consultora da Unicarioca/Univir
Doutora em comunicação Social- Tv e Rádio
Fátima Azeredo Melca
Coordenadora do Laboratório de Educação à Distância
do Instituto Benjamin Constant
Mestre em Educação pela UFRJ
fatimamelca@ibc.gov.br
Resumo: A sociedade brasileira é composta pela diversidade étnica e cultural de diferentes grupos com desigualdades no acesso a bens econômicos e culturais, em que os determinantes de classe social, raça e gênero atuam de forma marcante. Entre os excluídos, estudos chamam a atenção para a parcela da sociedade constituída por pessoas com necessidades especiais. A Educação a Distância (EAD) vem se traduzindo como uma tendência de aprendizado eficiente na dinâmica atual de negócios, marcada pela busca por conhecimento aplicado e ao mesmo tempo pela necessidade de redução de custos e maior flexibilidade e interação nos processos de aprendizagem.. O Instituto Benjamin Constant, órgão do Ministério da Educação especializado em educação para portadores de deficiência visual, através do seu Laboratório de Educação a Distância oferece à população, independentemente de suas diferenças, um ambiente virtual de aprendizagem com acessibilidade, o que possibilita capacitação profissional com mais economia, rapidez e, ainda, com a vantagem de escolher o melhor horário para realização das atividades. Acredita-se que projetos, que se utilizam da EAD associados às Tecnologias de Informação e Comunicação, possam oferecer relevantes contribuições à educação nacional..
Palavras-chaves: Acessibilidade - Educação a Distância - Educação Especial - Inclusão Social - Laboratório de Educação à Distância - Tecnologias Assistivas
Introdução
O sistema educacional brasileiro preconiza uma educação para todos, uma escola, heterogênea, pluralista, que acolha todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, buscando para tanto, estratégias que viabilizem atuar na e para a diversidade.
Em média, 10% da população mundial é constituída por pessoas com algum tipo de deficiência. Em nosso país, milhões de brasileiros compõem um contingente de excluídos e entre esses, pesquisas realizadas chamam a atenção para a parcela da sociedade formada por pessoas com necessidades especiais, o equivalente a 24,6 milhões de pessoas, 14% da população¹. De acordo com o IBGE², constata-se que desse universo, mais de 170.000 são pessoas cegas, 2 milhões apresentam deficiências graves de visão e 14 milhões acusam problemas visuais.
A Internet vem despontando como um importante recurso para os diferentes setores da sociedade, como educação, saúde, entretenimento, economia, cultura, entre outros, uma vez que, as limitações de tempo e espaço são facilmente contornadas pelos diferentes meios de comunicação e por possibilitar a troca de informações, a interatividade entre as pessoas, a pesquisa imediata sobre qualquer assunto que se deseje apurar, a disseminação de conhecimentos e a observação de diferentes culturas.
De acordo com a UIT (União Internacional de Telecomunicações) ³, o acesso à Internet ainda é um privilégio de poucos. Hoje são, aproximadamente, 700 milhões de pessoas conectadas, o que corresponde a 10% da população mundial total. O Brasil, apesar da gigante exclusão digital, aparece em 11º lugar no ranking mundial, com cerca de 15,8 milhões conectados, ou seja, cerca de 12% da população. Esses números, ainda, são menos expressivos, quando se refere a pessoas com necessidades especiais. Segundo os dados do Projeto Saci (USP) e do DosVox (UFRJ)4, aproximadamente 10.000 pessoas com deficiência visual, o equivalente a 0,5% da população, têm acesso à mídia eletrônica.
Dado o potencial da Internet e os benefícios de sua utilização, faz-se necessário que as pessoas com necessidades especiais sejam incluídas e para tanto as barreiras que ainda existam devem ser superadas.
Os movimentos de defesa de equiparação de oportunidades reconhecem o papel imprescindível de direito à Informação às pessoas com necessidades especiais e, conseqüentemente, ao acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Objetiva-se uma sociedade mais justa, menos preconceituosa. A democratização da sociedade passa pela possibilidade desse segmento excluído ter acesso às tecnologias e, portanto, condições de utilizarem tais recursos.
Foley 5 afirma, no Comitê Preparatório da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação da Organização das Nações Unidas – ONU, que uma Sociedade Global de Informação Inclusiva deve possibilitar a todas as pessoas, sem distinção, estarem habilitadas para criar, receber, compartilhar e utilizar informação e conhecimento para o seu próprio desenvolvimento econômico, social, cultural e político.
Ao se buscar a construção de uma cultura de respeito às diferenciações, é preciso repensar a área educacional e os estabelecimentos de ensino necessitam rever suas práticas, desenvolver novas competências e propor estratégias de aprendizagem condizentes com as reais necessidades de sua clientela.
Educação a Distância
Ao longo do tempo, a Educação vislumbrou nas tecnologias de seu tempo perspectivas interessantes para levar suas ofertas a pessoas distantes. É o acesso a uma ou mais tecnologias pelos segmentos da população que se quer atingir que dá existência à EAD.
O quadro a seguir nos dá uma panorâmica histórica sobre a evolução tecnológica que marcou o século passado, revolucionando as comunicações e, conseqüentemente, as relações humanas.
Vale lembrar que, no Brasil, a primeira emissora de rádio- a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro- é criada em 7 de abril de 1923, com programação voltada para a cultura e educação.
A Educação a Distância (EAD) surge, nesse cenário, como um meio eficaz para atender aos desafios educacionais e às exigências de um país de dimensões continentais. Esta modalidade ocupa um papel cada vez mais importante no contexto educacional brasileiro, não somente no âmbito das tecnologias educacionais, mas, também, no desenvolvimento socialeconômico do país.
A EAD vem se disseminando pelo mundo, independente do grau de desenvolvimento dos países e, no Brasil, país de tantos contrastes sociais, tem sido amplamente difundida com a socialização dos meios de comunicação, caracterizando-se, assim, pelo seu grande potencial para a diminuição das desigualdades.
O número de empresas que utilizam a EAD, como um caminho de capacitação profissional, tem crescido vertiginosamente. Em 1999, quando se inicia a aplicação no meio empresarial do e-learning no Brasil, eram menos de dez empresas, hoje o número ultrapassa 566, com mais de 1,5 milhão de pessoas treinadas por esta modalidade 6
Em 2004, mais de 1,1 milhão de brasileiros optaram por algum curso não presencial. O número de alunos de graduação e pós-graduação cresceu mais 100% entre 2003 e 2004 e 63% dos cursos credenciados utilizavam a Internet como meio de comunicação 7
Os números revelam um aumento dramático na utilização da Internet. O IBOPE em 2006 que 14,4 milhões de internautas acessaram de suas residências à Internet, uma alta de 18% em relação a dezembro de 2005 e que a média de horas dos brasileiros, na Internet, foi de 21h 39minutos por mês. 8
O Instituto Benjamin Constant
A inclusão da educação especial no sistema regular de ensino é hoje a principal diretriz das políticas públicas educacionais, e a formação de professores é, sem dúvida, o aspecto determinante para a efetivação dessa política.
A questão da formação de professores tem sido objeto de estudo por muitos teóricos. Constata-se uma população com necessidades especiais que precisa ser atendida pelo sistema educacional, e percebe-se, também, um segmento expressivo de profissionais da área de educação, em formação ou em exercício, que precisa de uma qualificação especializada para atender a essa demanda escolarizável.
A valorização da diversidade cultural e a necessidade de incorporar esse contexto multicultural na educação e, mais especificamente, a inclusão social de pessoas com necessidades especiais fortaleceram a intenção do Instituto Benjamin Constant de criar o seu Laboratório de Educação a Distância- LED.
Nesta base, o IBC passa a oferecer à sociedade um espaço para o desenvolvimento de projetos que, ao privilegiarem o uso das tecnologias avançadas em um ambiente virtual de aprendizagem, possibilite a formação de professores para atendimento especializado, em salas regulares de ensino e garanta, também, a inclusão de pessoas com necessidades especiais, na formação de estudantes e profissionais, dando ênfase à área da deficiência visual.
Esta iniciativa atende as exigências do Governo Federal, no que consiste em alicerçar uma política de inclusão social e digital, além de caracterizar uma inovação do IBC, no sentido de se utilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação para a ampliação de um campo de pesquisa, que se mostra bastante promissor no resgate de uma parcela da sociedade há muito excluída de uma vida social sem obstáculo.
Site do IBC
O site do IBC está conectado à Rede Rio, através do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, e o seu Laboratório de Educação à Distância dispõem de uma estrutura com ultraconexão feita por meio de enlaces de fibra ótica, operando à velocidade de 100 mbps.
O site é totalmente acessível e tem o selo de aprovação pelas normas brasileiras de acessibilidade na Internet.
Laboratório de Educação a Distância ( IBC-LED)
Proposta
Ao se inserir no contexto da era da informação, o Laboratório, apoiando-se nas redes de comunicação e nas parcerias estabelecidas com órgãos públicos e privados, se propõe a:
ü oferecer condições para que pessoas com deficiências visuais possam usufruir, com igualdade de oportunidades, de ações educacionais, que propiciem a criação de espaços de construção do conhecimento, baseados nos princípios universais de acessibilidade, através do desenvolvimento e da adequação de ambientes de aprendizagem mediados pelas Tecnologias de Informação e Comunicação;
ü favorecer a disseminação de conhecimentos sobre educação especial, utilizando, para isso, de um ambiente virtual de aprendizagem que possibilite às unidades administrativas (Departamentos e Divisões) capacitarem recursos humanos, nas áreas pedagógica, técnica, reabilitacional e médica, com ênfase na deficiência visual.
No intuito de fortalecer a pesquisa e o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação, associados à utilização da Internet, o IBC-LED vem estabelecendo parcerias com outros órgãos públicos e privados .
Fundamentação Teórica
Para embasar o Laboratório, a fundamentação teórica pauta-se na confluência da concepção sociointeracionista de desenvolvimento com o efeito do emprego de múltiplos veículos de comunicação, nas mensagens cognitivas, e com os princípios básicos da educação popular. Assim, três teóricos foram eleitos: Lev Vygotsky, Howard Gardner e Paulo Freire.
Acessibilidade sem discriminação
A Internet, embora seja uma ferramenta de crescimento e expansão social maior que todas as outras mídias modernas, ainda é um recurso tecnológico, que exclui um grande número de pessoas. E isso fica mais evidenciado, quando existe alguma necessidade especial por parte do usuário, que demande uma especificidade maior na forma de utilização.
As Tecnologias Assistivas (TA) visam possibilitar que pessoas com diferentes tipos de comprometimento sensorial, físico e cognitivo tenham acesso à internet e aos benefícios oferecidos pela rede.em suas atividades cotidianas. Com a utilização das variadas ferramentas, disponíveis no mercado, será possível reduzir o grande abismo digital entre os que têm e os que não têm acesso a informações digitais. É evidente, que sem o emprego das TA, mesmo que se alcance uma massificação digital, grande parcela dessa população ainda continuará excluída.
Além das tecnologias assistivas, o acesso de pessoas com deficiência a Internet e aos seus veículos de informação e comunicação como: sítios eletrônicos, terminais bancários, programas de computador, equipamentos de informática é determinado por princípios internacionais de acessibilidade .
Estudos feitos por W3C 10 (consórcio para Web) e WAI 11(iniciativa para a Acessibilidade na rede) apontam situações e características diversas, que o usuário pode apresentar:
1- incapacidade de ver, ouvir ou deslocar-se, ou grande dificuldade - quando não a impossibilidade - de interpretar certos tipos de informação;
2- dificuldade visual para ler ou compreender textos;
3- incapacidade para usar o teclado ou o mouse, ou não dispor deles;
4- insuficiência de quadros, apresentando apenas texto ou dimensões reduzidas, ou uma ligação muito lenta à Internet;
5- dificuldade para falar ou compreender, fluentemente, a língua em que o documento foi escrito;
6- desatualização, pelo uso do navegador com versão muito antiga, ou navegador completamente diferente dos habituais, ou por voz ou sistema operacional menos difundido.
O Brasil adotou esses princípios internacionais, que estão disponibilizados através do EMAG – “Recomendações de acessibilidade para a construção e adaptação de conteúdos do governo brasileiro na internet”12, documento produzido pelo governo eletrônico. A aplicação de tecnologias voltadas para a pessoa com deficiência já é parte da legislação brasileira: o Decreto No. 5.296 de 02/12/2004, 13que consolidou as leis de acessibilidade Nos. 10.048 e 10.098, estabeleceu o prazo de 02/12/2006 para que todos os sítios públicos e de interesse público na internet, sejam acessíveis para esse público.
A expressão "acessibilidade", presente em diversas áreas de atividades, tem , na informática, um importante significado. Representa para os deficientes o direito de acessar a rede de informações, mas, também, o direito de eliminação de barreiras arquitetônicas, de disponibilidade de comunicação, de acesso físico, de equipamentos e programas adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos alternativos.
Condorcet 14esclarece que “accessibilitate”, em latim, significa qualidade de ser acessível ou, como adjetivo, a que se pode chegar facilmente; que fica ao alcance, ou mesmo, como definição proposta pela ONU, processo de conseguir a igualdade de oportunidades em todas as esferas da sociedade. A consideração do termo acessibilidade, não poderá ser ditada por meras razões de solidariedade, mas, sobretudo, por uma concepção de sociedade, realmente onde todos deverão participar - com direito de igualdade - e de acordo com as suas características próprias.
O Instituto Benjamin Constant, como centro de referência nacional na área de deficiência visual, tem como compromisso promover e divulgar a iniciativa da acessibilidade na Internet e desenvolver soluções com critérios de acessibilidade.
Portal
Para que o IBC-LED possa ser acessado pelo público, foi criado um portal no Site Institucional do IBC, de forma a facilitar o acesso por pessoas com deficiências. O portal do Laboratório foi desenvolvido para possibilitar que pessoas, com os mais variados tipos de deficiência, possam ter acesso a um ambiente tecnológico na Internet, diminuindo as barreiras de acesso ao universo digital.
Sites que atendam às recomendações de acessibilidade podem ser apresentados sem prejuízo, tanto para usuários em geral, como para aqueles que estejam interagindo a partir do uso de uma tecnologia assistida.
Os deficientes visuais podem ter acesso aos conteúdos do portal, utilizando um leitor de voz. Dentre os leitores para deficientes visuais os mais utilizados, atualmente, em nosso país são o Dosvox, o Virtual Vision e o Jaws.
As plataformas customizadas para o IBC-LED são acessíveis ao Dosvox e aos demais leitores.
O sistema Dosvox é muito prático e fácil de ser operado pelo deficiente visual, pois cria seu próprio ambiente de trabalho, onde permite que o usuário execute todas as tarefas normais de um computador. Trata-se de um sistema operacional para microcomputadores da linha PC (PersonalComputer, - Computador Pessoal), que se comunica com o usuário através de síntese de voz, viabilizando deste modo o uso de computadores por deficientes visuais. Este sistema vem sendo desenvolvido desde 1993 pelo NCE - Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), sob a coordenação do professor José Antônio dos Santos Borges.
O programa pode ser capturado da Internet (gratuitamente) e atualmente o projeto conta com mais de 5.000 usuários espalhados pelo Brasil, sendo composto por mais de 70 programas.
Pré-requisitos
Para participar das ações desenvolvidas no LED, é preciso:
ü ter conhecimentos básicos, em nível de usuário, de correio eletrônico para enviar e receber mensagens, e de navegação em páginas Web;
ü dispor dos seguintes requisitos mínimos:
-um Microcomputador com processador Pentium, ou similar, com sistema operacional MS-Windows 98, memória RAM de 64Mb e uma placa de rede com velocidade 56000 Kbps;
-um programa de correio eletrônico (Outlook, Internet mail, Eudora, Netscape messager, ou similar) e de navegação na Web (Internet Explorer, Netscape Navigator ou similar). Porém, todos os softwares necessários podem ser acessados e baixados, gratuitamente, via páginas Web.
Metodologia
O perfil interativo e instantâneo das mídias eletrônicas permitem uma conexão on-line e on-time, o que garantem seu potencial para disseminar conhecimentos e permite ao participante:
ü ter acesso conteúdo a qualquer hora e de qualquer lugar;
ü receber orientações sobre como estudar;
ü desenvolver atividades propostas;
ü participar de Fóruns e Chats;
ü interagir com outros profissionais;
ü contar com o acompanhamento de um Tutor;
ü construir o conhecimento contextualizando aprendizagem e realidade.
O IBC-LED oferece uma das melhores e mais fáceis maneiras de capacitação, ao compatibilizar o estudo com a atividade profissional e com a vida pessoal. Caracteriza-se por ser um ambiente que estimula e possibilita, individual e coletivamente, a busca de conhecimento e o contínuo desenvolvimento dos profissionais. O participante aprende no seu próprio ritmo, nos horários disponíveis e sem sair de casa ou do trabalho, quebrando, assim, barreiras de tempo e flexibilibizando a possibilidade de estudo.
Além dos requisitos citados acima, existem os requisitos pessoais como:
@ Autodisciplina- para obter um bom desempenho nessa modalidade de estudo o participante precisa ter autodisciplina.
@ Atitude pró-ativa - como o participante tem total adequação de horário, ausência de deslocamento físico e possibilidade de socialização do saber por meio de uma troca multicultural, torna-se necessário ser o próprio empreendedor do seu conhecimento.
@ Compromisso com a realização das ações a serem desenvolvidas - o participante deve estar ciente da necessidade do compromisso assumido, sobretudo no que tange à sua participação nas atividades interativas, o que torna a aprendizagem dinâmica e colaborativa .
@ Vigilância do cumprimento dos prazos - o participante define o seu próprio ritmo de aprendizagem .
Metas
ü Produção de cursos on-line
A cultura tecnológica tem criado novas oportunidades para as práticas educacionais e buscado desenvolver experiências, que tornem possível capacitar o maior número de pessoas com maior economia.
A Educação Continuada vem obtendo destaque, como indicativo de que o aprendizado precisa ser um processo de caráter dinâmico e permanente, em um mundo globalizado, dinâmico e altamente competitivo, que necessita de atualização profissional cada vez mais rápida e constante.
Os conteúdos dos cursos são redigidos pelos professores especialistas do Instituto Benjamim Constant e são trabalhados por uma designer instrucional especializada em EAD, para que possam ser formatados de acordo com os padrões específicos para cursos on -line.
Os participantes têm a oportunidade de aprender com os melhores profissionais da mais conceituada instituição na área de deficiência visual do Brasil.
Cada curso tem sua própria equipe de tutores a fim de:
§ esclarecer as dúvidas ;
§ promover a interatividade entre os participantes;
§ corrigir as atividades e a avaliação final;
§ avaliar o desempenho dos participantes ;
§ fomentar e acompanhar os debates realizados nos Fóruns e nos Chats;
§ facilitar o acesso ao conhecimento;
§ explorar as potencialidades dos meios utilizados.
Os cursos promovidos enfatizam a cooperação entre os participantes e os tutores, em um ambiente onde todos buscam o melhor aprendizado e a construção de conhecimentos, de maneira contextualizada.
A certificação será conferida pelo Instituto Benjamim Constant e/ou pela entidade parceira.
ü Criação de um ambiente colaborativo de aprendizagem
A construção de ambientes virtuais de aprendizagem está se definindo no cenário da EAD, como uma poderosa ferramenta de capacitação contínua, flexível e de qualidade, atendendo à demanda social. Em particular, no caso do IBC-LED, esse ambiente colaborativo pode se constituir em um valioso instrumento para proporcionar aos profissionais de todas as áreas a chance da atualização permanente, e um meio para colocarem-se em dia com os avanços científicos e tecnológicos.
O Laboratório dispõe, também, de um espaço virtual para troca de comunicação, caracterizando-se por ser um ambiente eletrônico, colaborativo, interativo, construtivo e ativo do conhecimento. Este atende a educação continuada, tanto no que diz respeito ao avanço nos conhecimentos sobre a área de abrangência, como de novas práticas estabelecidas por métodos e procedimentos inovadores de trabalho.
Neste espaço, os profissionais têm acesso a informações, cursos, grupos de estudos, arquivos de texto, áudio e vídeo, materiais para downloads, fóruns e chat, o que concorre para a propagação de conhecimentos e difusão dos aspectos culturais, próprios ao IBC. Acredita-se que, assim, a democratização do acesso à Informação possa ser difundida de uma forma rápida e eficiente, em todo o território nacional, com foco no que estiver sendo desenvolvido pelo staff médico do IBC.
Parcerias
O Instituto Benjamin Constant firmou parceria com a:
ü Universidade Federal Fluminense
A Universidade Federal Fluminense-UFF é uma das maiores universidades públicas brasileiras, situada na cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.
Em abril de 2005, foi firmada uma parceria entre o Grupo de Inclusão Digital do Instituto de Computação da UFF e o Instituto Benjamin Constant, visando à customização da plataforma Interagir (www.interagir.uff.br), para utilização no Laboratório de Educação a Distância do IBC.
Com apoio dos profissionais da UFF, Prof. Luiz Valter Brand Gomes e Filipe Saramago, está sendo feita a adequação da Plataforma Interagir aos princípios universais de acessibilidade, o que permite criar um ambiente virtual para produção, realização e acompanhamento de cursos, que atendam à educação continuada de profissionais da área da educação e um ambiente virtual colaborativo de aprendizagem.
O primeiro curso produzido pelo IBC/UFF com acessibilidade – Alfabetização através do Sistema Braille, está em fase de validação, nas dimensões pedagógica e tecnológica. Brevemente estará sendo oferecido, gratuitamente, à comunidade.
ü Uma empresa de informática
A empresa EduWeb foi fundada em 1998, a partir do programa da Incubadora Gênesis da PUC-Rio, com a qual mantém, ainda hoje, por intermédio do Laboratório de Engenharia de Software (LES), estreita parceria, sobretudo na área do desenvolvimento de soluções tecnológicas.
A partir de março de 2006, a Eduweb em parceria com o IBC está desenvolvendo um projeto, com o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), para implementação de uma solução Web com acessibilidade, visando contribuir para a inclusão digital de deficientes visuais. Para tanto precisou :
§ tornar o software LMS (Learning Management System) AulaNet, desenvolvido pela PUC-Rio, acessível para pessoas com deficiência visual ;
§ trasmitir know-how para a equipe do IBC ;
§ desenvolver um curso de especialização de 360 horas em deficiência visual on-line.
Com essa iniciativa, a Eduweb estará projetando e implementando soluções Web com acessibilidade, que visem favorecer inclusão digital não apenas de pessoas com deficiência, mas, também, de idosos, colaborando, assim, para uma condição de maior igualdade de oportunidades.
O curso de estimulação Precoce está em fase final de produção e será oferecido a comunidade gratuitamente.
Conclusão
Com a globalização, a informação circula rapidamente, sem limites de tempo e espaço, e tem-se uma sociedade mais interativa, mais tecnológica, mas que, ainda, não é inclusiva.
O Laboratório do IBC se insere no atual movimento mundial de inclusão e na realidade brasileira, no programa do Ministério de Educação, que tem como ponto estratégico a qualificação de professores. O envolvimento do IBC em sua criação indica o reconhecimento da sua responsabilidade com uma educação pública e gratuita ao alcance de todos. Com esta iniciativa, o IBC busca desenvolver um espaço que, ao mesmo tempo, concilie os direitos de igualdade a todas as pessoas, respeitando as diferenças culturais, e enfatize a questão da acessibilidade à web, pois esta é parte integrante do projeto brasileiro de inclusão digital.
As competências listadas no regimento interno do IBC estão em consonância com as metas do país, a partir de seus compromissos internacionais, como: a Educação para Todos 15 a Declaração de Salamanca 16e a Convenção Interamericana e nacionais, como: Constituição Brasileira 17, a LDB 18 o Plano Nacional de Educação19 e as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica 20que preconizam uma educação ao alcance de todas as pessoas.
Nesse contexto, o IBC-LED almeja ser uma contribuição à educação especial, atuando na formação e capacitação de professores, médicos e demais agentes da área da educação e da saúde, bem como, na produção de conhecimento por meio de pesquisas e projetos disponibilizados, em um espaço virtual de aprendizagem, que favoreça a troca de experiências, a realização de cursos e o acesso à informação.
Com a criação do Laboratório, uma iniciativa pioneira, o IBC pretende ampliar não só o acesso de deficientes visuais à mídia eletrônica, mas também a outras pessoas, independentemente, das características do usuário. Assim estará contribuindo, tanto para a inclusão digital, quanto para a inclusão social do segmento populacional formado por deficientes visuais, que segundo o último censo do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, representa 1% dos 180 milhões de brasileiros.
O IBC-LED reforça a missão do Instituto ao procurar consolidar sua posição, como Centro de Referência Nacional na Área da Deficiência Visual, ao atender, na modalidade à distância, as demandas sociais de ensino, permitindo o acesso, a ampliação e a disseminação de conhecimentos e a difusão da cultura nesta área, criando um modelo brasileiro de EAD adequado à realidade do país, no que se refere à área da deficiência visual.
É indiscutível a importância desse recurso para pessoas com necessidades especiais, uma vez que a tecnologia utilizada lhes proporcionará maior independência no seu dia-a-dia. Com isso busca-se obter uma condição de maior igualdade de oportunidades e de justiça social.
1- Disponível em: http://www.ibge.gov.br/censo. Acessado em agosto de 2006.
2- Disponível em: http://www.adeva.org.br/fiquepordentro/elearning.htm. Acessado em agosto de 2006.
3- Disponível em http://ftp.mct.gov.br/temas/info/Imprensa/Noticias_5/Internet_5.htm. Acessado em setembro de 2006
4- Disponível em http://www.mj.gov.br/sedh/ct/conade/conferencia/arquivos/subsidios_para_o_conferencista.doc. Acessado em setembro de 2006
5 Foley, D. J P. Discurso de D. John Patrick Foley na primeira fase da Cúpula Mundial da Sociedade de Informação, Ginevra, 11/12/2003) Disponivel em: http://www.vatican.va/roman_curia/secretariat_state/2003/index_po.htm. Acessado em agosto de 2006.
6- Disponível em: http://www.elearningbrasil.com.br/home/brasil. Acessado em abril de 2007
7-Brasil..Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância - 2005.Disponível em: http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home&UserActiveTemplate=4abed. Acessado em agosto de 2006.
8- Ibope/NetRatings Disponível em http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=260&breadcrumb=1&Artigo_ID=4087&IDCategoria=4583&reftype=1. Acessado em março de 2007
9- Disponível em :http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2005/default.shtm.Acessado em março de 2007
10-Disponível em:http://www.w3.org. Acessado em abril de 2007
11-Disponível em:http://www.w3.org/WAI. Acessado em abril de 2007
12- Disponível em: www.inclusaodigital.gov.br/.../emag-acessibilidade-de-governo-eletronico-modelo-v20.pdf Acessado em agosto de 2006.
13-DECRETO Nº 5.296 DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004. ......Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm -. Acessado em agosto de 2006.
14-CONDORCET, B. Webvox - Um Navegador Para A World Wide Web Destinado A Deficientes Visuais. Rio de Janeiro - RJ- 2001Dissertação (Mestrado em Informática), UFRJ IM/NCE.
15-DECLARAÇÃO MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS. Plano de Ação para satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem (Jomtien, Tailândia, 1990).
16- UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE, 1994.
17- BRASIL Constituição Federal Brasileira, 1988.
18-_______ Lei no 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996.
19-______. Plano Nacional de Educação, 2000.
20-______. Resolução 1/2001. Conselho Nacional de Educação / Câmara de Ensino Básico. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Brasília: CNE/CEB, 2001.
Marlene Montezi Blois
Consultora da Unicarioca/Univir
Doutora em comunicação Social- Tv e Rádio
Fátima Azeredo Melca
Coordenadora do Laboratório de Educação à Distância
do Instituto Benjamin Constant
Mestre em Educação pela UFRJ
fatimamelca@ibc.gov.br
Resumo: A sociedade brasileira é composta pela diversidade étnica e cultural de diferentes grupos com desigualdades no acesso a bens econômicos e culturais, em que os determinantes de classe social, raça e gênero atuam de forma marcante. Entre os excluídos, estudos chamam a atenção para a parcela da sociedade constituída por pessoas com necessidades especiais. A Educação a Distância (EAD) vem se traduzindo como uma tendência de aprendizado eficiente na dinâmica atual de negócios, marcada pela busca por conhecimento aplicado e ao mesmo tempo pela necessidade de redução de custos e maior flexibilidade e interação nos processos de aprendizagem.. O Instituto Benjamin Constant, órgão do Ministério da Educação especializado em educação para portadores de deficiência visual, através do seu Laboratório de Educação a Distância oferece à população, independentemente de suas diferenças, um ambiente virtual de aprendizagem com acessibilidade, o que possibilita capacitação profissional com mais economia, rapidez e, ainda, com a vantagem de escolher o melhor horário para realização das atividades. Acredita-se que projetos, que se utilizam da EAD associados às Tecnologias de Informação e Comunicação, possam oferecer relevantes contribuições à educação nacional..
Palavras-chaves: Acessibilidade - Educação a Distância - Educação Especial - Inclusão Social - Laboratório de Educação à Distância - Tecnologias Assistivas
Introdução
O sistema educacional brasileiro preconiza uma educação para todos, uma escola, heterogênea, pluralista, que acolha todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, buscando para tanto, estratégias que viabilizem atuar na e para a diversidade.
Em média, 10% da população mundial é constituída por pessoas com algum tipo de deficiência. Em nosso país, milhões de brasileiros compõem um contingente de excluídos e entre esses, pesquisas realizadas chamam a atenção para a parcela da sociedade formada por pessoas com necessidades especiais, o equivalente a 24,6 milhões de pessoas, 14% da população¹. De acordo com o IBGE², constata-se que desse universo, mais de 170.000 são pessoas cegas, 2 milhões apresentam deficiências graves de visão e 14 milhões acusam problemas visuais.
A Internet vem despontando como um importante recurso para os diferentes setores da sociedade, como educação, saúde, entretenimento, economia, cultura, entre outros, uma vez que, as limitações de tempo e espaço são facilmente contornadas pelos diferentes meios de comunicação e por possibilitar a troca de informações, a interatividade entre as pessoas, a pesquisa imediata sobre qualquer assunto que se deseje apurar, a disseminação de conhecimentos e a observação de diferentes culturas.
De acordo com a UIT (União Internacional de Telecomunicações) ³, o acesso à Internet ainda é um privilégio de poucos. Hoje são, aproximadamente, 700 milhões de pessoas conectadas, o que corresponde a 10% da população mundial total. O Brasil, apesar da gigante exclusão digital, aparece em 11º lugar no ranking mundial, com cerca de 15,8 milhões conectados, ou seja, cerca de 12% da população. Esses números, ainda, são menos expressivos, quando se refere a pessoas com necessidades especiais. Segundo os dados do Projeto Saci (USP) e do DosVox (UFRJ)4, aproximadamente 10.000 pessoas com deficiência visual, o equivalente a 0,5% da população, têm acesso à mídia eletrônica.
Dado o potencial da Internet e os benefícios de sua utilização, faz-se necessário que as pessoas com necessidades especiais sejam incluídas e para tanto as barreiras que ainda existam devem ser superadas.
Os movimentos de defesa de equiparação de oportunidades reconhecem o papel imprescindível de direito à Informação às pessoas com necessidades especiais e, conseqüentemente, ao acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Objetiva-se uma sociedade mais justa, menos preconceituosa. A democratização da sociedade passa pela possibilidade desse segmento excluído ter acesso às tecnologias e, portanto, condições de utilizarem tais recursos.
Foley 5 afirma, no Comitê Preparatório da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação da Organização das Nações Unidas – ONU, que uma Sociedade Global de Informação Inclusiva deve possibilitar a todas as pessoas, sem distinção, estarem habilitadas para criar, receber, compartilhar e utilizar informação e conhecimento para o seu próprio desenvolvimento econômico, social, cultural e político.
Ao se buscar a construção de uma cultura de respeito às diferenciações, é preciso repensar a área educacional e os estabelecimentos de ensino necessitam rever suas práticas, desenvolver novas competências e propor estratégias de aprendizagem condizentes com as reais necessidades de sua clientela.
Educação a Distância
Ao longo do tempo, a Educação vislumbrou nas tecnologias de seu tempo perspectivas interessantes para levar suas ofertas a pessoas distantes. É o acesso a uma ou mais tecnologias pelos segmentos da população que se quer atingir que dá existência à EAD.
O quadro a seguir nos dá uma panorâmica histórica sobre a evolução tecnológica que marcou o século passado, revolucionando as comunicações e, conseqüentemente, as relações humanas.
Vale lembrar que, no Brasil, a primeira emissora de rádio- a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro- é criada em 7 de abril de 1923, com programação voltada para a cultura e educação.
A Educação a Distância (EAD) surge, nesse cenário, como um meio eficaz para atender aos desafios educacionais e às exigências de um país de dimensões continentais. Esta modalidade ocupa um papel cada vez mais importante no contexto educacional brasileiro, não somente no âmbito das tecnologias educacionais, mas, também, no desenvolvimento socialeconômico do país.
A EAD vem se disseminando pelo mundo, independente do grau de desenvolvimento dos países e, no Brasil, país de tantos contrastes sociais, tem sido amplamente difundida com a socialização dos meios de comunicação, caracterizando-se, assim, pelo seu grande potencial para a diminuição das desigualdades.
O número de empresas que utilizam a EAD, como um caminho de capacitação profissional, tem crescido vertiginosamente. Em 1999, quando se inicia a aplicação no meio empresarial do e-learning no Brasil, eram menos de dez empresas, hoje o número ultrapassa 566, com mais de 1,5 milhão de pessoas treinadas por esta modalidade 6
Em 2004, mais de 1,1 milhão de brasileiros optaram por algum curso não presencial. O número de alunos de graduação e pós-graduação cresceu mais 100% entre 2003 e 2004 e 63% dos cursos credenciados utilizavam a Internet como meio de comunicação 7
Os números revelam um aumento dramático na utilização da Internet. O IBOPE em 2006 que 14,4 milhões de internautas acessaram de suas residências à Internet, uma alta de 18% em relação a dezembro de 2005 e que a média de horas dos brasileiros, na Internet, foi de 21h 39minutos por mês. 8
O Instituto Benjamin Constant
A inclusão da educação especial no sistema regular de ensino é hoje a principal diretriz das políticas públicas educacionais, e a formação de professores é, sem dúvida, o aspecto determinante para a efetivação dessa política.
A questão da formação de professores tem sido objeto de estudo por muitos teóricos. Constata-se uma população com necessidades especiais que precisa ser atendida pelo sistema educacional, e percebe-se, também, um segmento expressivo de profissionais da área de educação, em formação ou em exercício, que precisa de uma qualificação especializada para atender a essa demanda escolarizável.
A valorização da diversidade cultural e a necessidade de incorporar esse contexto multicultural na educação e, mais especificamente, a inclusão social de pessoas com necessidades especiais fortaleceram a intenção do Instituto Benjamin Constant de criar o seu Laboratório de Educação a Distância- LED.
Nesta base, o IBC passa a oferecer à sociedade um espaço para o desenvolvimento de projetos que, ao privilegiarem o uso das tecnologias avançadas em um ambiente virtual de aprendizagem, possibilite a formação de professores para atendimento especializado, em salas regulares de ensino e garanta, também, a inclusão de pessoas com necessidades especiais, na formação de estudantes e profissionais, dando ênfase à área da deficiência visual.
Esta iniciativa atende as exigências do Governo Federal, no que consiste em alicerçar uma política de inclusão social e digital, além de caracterizar uma inovação do IBC, no sentido de se utilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação para a ampliação de um campo de pesquisa, que se mostra bastante promissor no resgate de uma parcela da sociedade há muito excluída de uma vida social sem obstáculo.
Site do IBC
O site do IBC está conectado à Rede Rio, através do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, e o seu Laboratório de Educação à Distância dispõem de uma estrutura com ultraconexão feita por meio de enlaces de fibra ótica, operando à velocidade de 100 mbps.
O site é totalmente acessível e tem o selo de aprovação pelas normas brasileiras de acessibilidade na Internet.
Laboratório de Educação a Distância ( IBC-LED)
Proposta
Ao se inserir no contexto da era da informação, o Laboratório, apoiando-se nas redes de comunicação e nas parcerias estabelecidas com órgãos públicos e privados, se propõe a:
ü oferecer condições para que pessoas com deficiências visuais possam usufruir, com igualdade de oportunidades, de ações educacionais, que propiciem a criação de espaços de construção do conhecimento, baseados nos princípios universais de acessibilidade, através do desenvolvimento e da adequação de ambientes de aprendizagem mediados pelas Tecnologias de Informação e Comunicação;
ü favorecer a disseminação de conhecimentos sobre educação especial, utilizando, para isso, de um ambiente virtual de aprendizagem que possibilite às unidades administrativas (Departamentos e Divisões) capacitarem recursos humanos, nas áreas pedagógica, técnica, reabilitacional e médica, com ênfase na deficiência visual.
No intuito de fortalecer a pesquisa e o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação, associados à utilização da Internet, o IBC-LED vem estabelecendo parcerias com outros órgãos públicos e privados .
Fundamentação Teórica
Para embasar o Laboratório, a fundamentação teórica pauta-se na confluência da concepção sociointeracionista de desenvolvimento com o efeito do emprego de múltiplos veículos de comunicação, nas mensagens cognitivas, e com os princípios básicos da educação popular. Assim, três teóricos foram eleitos: Lev Vygotsky, Howard Gardner e Paulo Freire.
Acessibilidade sem discriminação
A Internet, embora seja uma ferramenta de crescimento e expansão social maior que todas as outras mídias modernas, ainda é um recurso tecnológico, que exclui um grande número de pessoas. E isso fica mais evidenciado, quando existe alguma necessidade especial por parte do usuário, que demande uma especificidade maior na forma de utilização.
As Tecnologias Assistivas (TA) visam possibilitar que pessoas com diferentes tipos de comprometimento sensorial, físico e cognitivo tenham acesso à internet e aos benefícios oferecidos pela rede.em suas atividades cotidianas. Com a utilização das variadas ferramentas, disponíveis no mercado, será possível reduzir o grande abismo digital entre os que têm e os que não têm acesso a informações digitais. É evidente, que sem o emprego das TA, mesmo que se alcance uma massificação digital, grande parcela dessa população ainda continuará excluída.
Além das tecnologias assistivas, o acesso de pessoas com deficiência a Internet e aos seus veículos de informação e comunicação como: sítios eletrônicos, terminais bancários, programas de computador, equipamentos de informática é determinado por princípios internacionais de acessibilidade .
Estudos feitos por W3C 10 (consórcio para Web) e WAI 11(iniciativa para a Acessibilidade na rede) apontam situações e características diversas, que o usuário pode apresentar:
1- incapacidade de ver, ouvir ou deslocar-se, ou grande dificuldade - quando não a impossibilidade - de interpretar certos tipos de informação;
2- dificuldade visual para ler ou compreender textos;
3- incapacidade para usar o teclado ou o mouse, ou não dispor deles;
4- insuficiência de quadros, apresentando apenas texto ou dimensões reduzidas, ou uma ligação muito lenta à Internet;
5- dificuldade para falar ou compreender, fluentemente, a língua em que o documento foi escrito;
6- desatualização, pelo uso do navegador com versão muito antiga, ou navegador completamente diferente dos habituais, ou por voz ou sistema operacional menos difundido.
O Brasil adotou esses princípios internacionais, que estão disponibilizados através do EMAG – “Recomendações de acessibilidade para a construção e adaptação de conteúdos do governo brasileiro na internet”12, documento produzido pelo governo eletrônico. A aplicação de tecnologias voltadas para a pessoa com deficiência já é parte da legislação brasileira: o Decreto No. 5.296 de 02/12/2004, 13que consolidou as leis de acessibilidade Nos. 10.048 e 10.098, estabeleceu o prazo de 02/12/2006 para que todos os sítios públicos e de interesse público na internet, sejam acessíveis para esse público.
A expressão "acessibilidade", presente em diversas áreas de atividades, tem , na informática, um importante significado. Representa para os deficientes o direito de acessar a rede de informações, mas, também, o direito de eliminação de barreiras arquitetônicas, de disponibilidade de comunicação, de acesso físico, de equipamentos e programas adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos alternativos.
Condorcet 14esclarece que “accessibilitate”, em latim, significa qualidade de ser acessível ou, como adjetivo, a que se pode chegar facilmente; que fica ao alcance, ou mesmo, como definição proposta pela ONU, processo de conseguir a igualdade de oportunidades em todas as esferas da sociedade. A consideração do termo acessibilidade, não poderá ser ditada por meras razões de solidariedade, mas, sobretudo, por uma concepção de sociedade, realmente onde todos deverão participar - com direito de igualdade - e de acordo com as suas características próprias.
O Instituto Benjamin Constant, como centro de referência nacional na área de deficiência visual, tem como compromisso promover e divulgar a iniciativa da acessibilidade na Internet e desenvolver soluções com critérios de acessibilidade.
Portal
Para que o IBC-LED possa ser acessado pelo público, foi criado um portal no Site Institucional do IBC, de forma a facilitar o acesso por pessoas com deficiências. O portal do Laboratório foi desenvolvido para possibilitar que pessoas, com os mais variados tipos de deficiência, possam ter acesso a um ambiente tecnológico na Internet, diminuindo as barreiras de acesso ao universo digital.
Sites que atendam às recomendações de acessibilidade podem ser apresentados sem prejuízo, tanto para usuários em geral, como para aqueles que estejam interagindo a partir do uso de uma tecnologia assistida.
Os deficientes visuais podem ter acesso aos conteúdos do portal, utilizando um leitor de voz. Dentre os leitores para deficientes visuais os mais utilizados, atualmente, em nosso país são o Dosvox, o Virtual Vision e o Jaws.
As plataformas customizadas para o IBC-LED são acessíveis ao Dosvox e aos demais leitores.
O sistema Dosvox é muito prático e fácil de ser operado pelo deficiente visual, pois cria seu próprio ambiente de trabalho, onde permite que o usuário execute todas as tarefas normais de um computador. Trata-se de um sistema operacional para microcomputadores da linha PC (PersonalComputer, - Computador Pessoal), que se comunica com o usuário através de síntese de voz, viabilizando deste modo o uso de computadores por deficientes visuais. Este sistema vem sendo desenvolvido desde 1993 pelo NCE - Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), sob a coordenação do professor José Antônio dos Santos Borges.
O programa pode ser capturado da Internet (gratuitamente) e atualmente o projeto conta com mais de 5.000 usuários espalhados pelo Brasil, sendo composto por mais de 70 programas.
Pré-requisitos
Para participar das ações desenvolvidas no LED, é preciso:
ü ter conhecimentos básicos, em nível de usuário, de correio eletrônico para enviar e receber mensagens, e de navegação em páginas Web;
ü dispor dos seguintes requisitos mínimos:
-um Microcomputador com processador Pentium, ou similar, com sistema operacional MS-Windows 98, memória RAM de 64Mb e uma placa de rede com velocidade 56000 Kbps;
-um programa de correio eletrônico (Outlook, Internet mail, Eudora, Netscape messager, ou similar) e de navegação na Web (Internet Explorer, Netscape Navigator ou similar). Porém, todos os softwares necessários podem ser acessados e baixados, gratuitamente, via páginas Web.
Metodologia
O perfil interativo e instantâneo das mídias eletrônicas permitem uma conexão on-line e on-time, o que garantem seu potencial para disseminar conhecimentos e permite ao participante:
ü ter acesso conteúdo a qualquer hora e de qualquer lugar;
ü receber orientações sobre como estudar;
ü desenvolver atividades propostas;
ü participar de Fóruns e Chats;
ü interagir com outros profissionais;
ü contar com o acompanhamento de um Tutor;
ü construir o conhecimento contextualizando aprendizagem e realidade.
O IBC-LED oferece uma das melhores e mais fáceis maneiras de capacitação, ao compatibilizar o estudo com a atividade profissional e com a vida pessoal. Caracteriza-se por ser um ambiente que estimula e possibilita, individual e coletivamente, a busca de conhecimento e o contínuo desenvolvimento dos profissionais. O participante aprende no seu próprio ritmo, nos horários disponíveis e sem sair de casa ou do trabalho, quebrando, assim, barreiras de tempo e flexibilibizando a possibilidade de estudo.
Além dos requisitos citados acima, existem os requisitos pessoais como:
@ Autodisciplina- para obter um bom desempenho nessa modalidade de estudo o participante precisa ter autodisciplina.
@ Atitude pró-ativa - como o participante tem total adequação de horário, ausência de deslocamento físico e possibilidade de socialização do saber por meio de uma troca multicultural, torna-se necessário ser o próprio empreendedor do seu conhecimento.
@ Compromisso com a realização das ações a serem desenvolvidas - o participante deve estar ciente da necessidade do compromisso assumido, sobretudo no que tange à sua participação nas atividades interativas, o que torna a aprendizagem dinâmica e colaborativa .
@ Vigilância do cumprimento dos prazos - o participante define o seu próprio ritmo de aprendizagem .
Metas
ü Produção de cursos on-line
A cultura tecnológica tem criado novas oportunidades para as práticas educacionais e buscado desenvolver experiências, que tornem possível capacitar o maior número de pessoas com maior economia.
A Educação Continuada vem obtendo destaque, como indicativo de que o aprendizado precisa ser um processo de caráter dinâmico e permanente, em um mundo globalizado, dinâmico e altamente competitivo, que necessita de atualização profissional cada vez mais rápida e constante.
Os conteúdos dos cursos são redigidos pelos professores especialistas do Instituto Benjamim Constant e são trabalhados por uma designer instrucional especializada em EAD, para que possam ser formatados de acordo com os padrões específicos para cursos on -line.
Os participantes têm a oportunidade de aprender com os melhores profissionais da mais conceituada instituição na área de deficiência visual do Brasil.
Cada curso tem sua própria equipe de tutores a fim de:
§ esclarecer as dúvidas ;
§ promover a interatividade entre os participantes;
§ corrigir as atividades e a avaliação final;
§ avaliar o desempenho dos participantes ;
§ fomentar e acompanhar os debates realizados nos Fóruns e nos Chats;
§ facilitar o acesso ao conhecimento;
§ explorar as potencialidades dos meios utilizados.
Os cursos promovidos enfatizam a cooperação entre os participantes e os tutores, em um ambiente onde todos buscam o melhor aprendizado e a construção de conhecimentos, de maneira contextualizada.
A certificação será conferida pelo Instituto Benjamim Constant e/ou pela entidade parceira.
ü Criação de um ambiente colaborativo de aprendizagem
A construção de ambientes virtuais de aprendizagem está se definindo no cenário da EAD, como uma poderosa ferramenta de capacitação contínua, flexível e de qualidade, atendendo à demanda social. Em particular, no caso do IBC-LED, esse ambiente colaborativo pode se constituir em um valioso instrumento para proporcionar aos profissionais de todas as áreas a chance da atualização permanente, e um meio para colocarem-se em dia com os avanços científicos e tecnológicos.
O Laboratório dispõe, também, de um espaço virtual para troca de comunicação, caracterizando-se por ser um ambiente eletrônico, colaborativo, interativo, construtivo e ativo do conhecimento. Este atende a educação continuada, tanto no que diz respeito ao avanço nos conhecimentos sobre a área de abrangência, como de novas práticas estabelecidas por métodos e procedimentos inovadores de trabalho.
Neste espaço, os profissionais têm acesso a informações, cursos, grupos de estudos, arquivos de texto, áudio e vídeo, materiais para downloads, fóruns e chat, o que concorre para a propagação de conhecimentos e difusão dos aspectos culturais, próprios ao IBC. Acredita-se que, assim, a democratização do acesso à Informação possa ser difundida de uma forma rápida e eficiente, em todo o território nacional, com foco no que estiver sendo desenvolvido pelo staff médico do IBC.
Parcerias
O Instituto Benjamin Constant firmou parceria com a:
ü Universidade Federal Fluminense
A Universidade Federal Fluminense-UFF é uma das maiores universidades públicas brasileiras, situada na cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.
Em abril de 2005, foi firmada uma parceria entre o Grupo de Inclusão Digital do Instituto de Computação da UFF e o Instituto Benjamin Constant, visando à customização da plataforma Interagir (www.interagir.uff.br), para utilização no Laboratório de Educação a Distância do IBC.
Com apoio dos profissionais da UFF, Prof. Luiz Valter Brand Gomes e Filipe Saramago, está sendo feita a adequação da Plataforma Interagir aos princípios universais de acessibilidade, o que permite criar um ambiente virtual para produção, realização e acompanhamento de cursos, que atendam à educação continuada de profissionais da área da educação e um ambiente virtual colaborativo de aprendizagem.
O primeiro curso produzido pelo IBC/UFF com acessibilidade – Alfabetização através do Sistema Braille, está em fase de validação, nas dimensões pedagógica e tecnológica. Brevemente estará sendo oferecido, gratuitamente, à comunidade.
ü Uma empresa de informática
A empresa EduWeb foi fundada em 1998, a partir do programa da Incubadora Gênesis da PUC-Rio, com a qual mantém, ainda hoje, por intermédio do Laboratório de Engenharia de Software (LES), estreita parceria, sobretudo na área do desenvolvimento de soluções tecnológicas.
A partir de março de 2006, a Eduweb em parceria com o IBC está desenvolvendo um projeto, com o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), para implementação de uma solução Web com acessibilidade, visando contribuir para a inclusão digital de deficientes visuais. Para tanto precisou :
§ tornar o software LMS (Learning Management System) AulaNet, desenvolvido pela PUC-Rio, acessível para pessoas com deficiência visual ;
§ trasmitir know-how para a equipe do IBC ;
§ desenvolver um curso de especialização de 360 horas em deficiência visual on-line.
Com essa iniciativa, a Eduweb estará projetando e implementando soluções Web com acessibilidade, que visem favorecer inclusão digital não apenas de pessoas com deficiência, mas, também, de idosos, colaborando, assim, para uma condição de maior igualdade de oportunidades.
O curso de estimulação Precoce está em fase final de produção e será oferecido a comunidade gratuitamente.
Conclusão
Com a globalização, a informação circula rapidamente, sem limites de tempo e espaço, e tem-se uma sociedade mais interativa, mais tecnológica, mas que, ainda, não é inclusiva.
O Laboratório do IBC se insere no atual movimento mundial de inclusão e na realidade brasileira, no programa do Ministério de Educação, que tem como ponto estratégico a qualificação de professores. O envolvimento do IBC em sua criação indica o reconhecimento da sua responsabilidade com uma educação pública e gratuita ao alcance de todos. Com esta iniciativa, o IBC busca desenvolver um espaço que, ao mesmo tempo, concilie os direitos de igualdade a todas as pessoas, respeitando as diferenças culturais, e enfatize a questão da acessibilidade à web, pois esta é parte integrante do projeto brasileiro de inclusão digital.
As competências listadas no regimento interno do IBC estão em consonância com as metas do país, a partir de seus compromissos internacionais, como: a Educação para Todos 15 a Declaração de Salamanca 16e a Convenção Interamericana e nacionais, como: Constituição Brasileira 17, a LDB 18 o Plano Nacional de Educação19 e as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica 20que preconizam uma educação ao alcance de todas as pessoas.
Nesse contexto, o IBC-LED almeja ser uma contribuição à educação especial, atuando na formação e capacitação de professores, médicos e demais agentes da área da educação e da saúde, bem como, na produção de conhecimento por meio de pesquisas e projetos disponibilizados, em um espaço virtual de aprendizagem, que favoreça a troca de experiências, a realização de cursos e o acesso à informação.
Com a criação do Laboratório, uma iniciativa pioneira, o IBC pretende ampliar não só o acesso de deficientes visuais à mídia eletrônica, mas também a outras pessoas, independentemente, das características do usuário. Assim estará contribuindo, tanto para a inclusão digital, quanto para a inclusão social do segmento populacional formado por deficientes visuais, que segundo o último censo do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, representa 1% dos 180 milhões de brasileiros.
O IBC-LED reforça a missão do Instituto ao procurar consolidar sua posição, como Centro de Referência Nacional na Área da Deficiência Visual, ao atender, na modalidade à distância, as demandas sociais de ensino, permitindo o acesso, a ampliação e a disseminação de conhecimentos e a difusão da cultura nesta área, criando um modelo brasileiro de EAD adequado à realidade do país, no que se refere à área da deficiência visual.
É indiscutível a importância desse recurso para pessoas com necessidades especiais, uma vez que a tecnologia utilizada lhes proporcionará maior independência no seu dia-a-dia. Com isso busca-se obter uma condição de maior igualdade de oportunidades e de justiça social.
1- Disponível em: http://www.ibge.gov.br/censo. Acessado em agosto de 2006.
2- Disponível em: http://www.adeva.org.br/fiquepordentro/elearning.htm. Acessado em agosto de 2006.
3- Disponível em http://ftp.mct.gov.br/temas/info/Imprensa/Noticias_5/Internet_5.htm. Acessado em setembro de 2006
4- Disponível em http://www.mj.gov.br/sedh/ct/conade/conferencia/arquivos/subsidios_para_o_conferencista.doc. Acessado em setembro de 2006
5 Foley, D. J P. Discurso de D. John Patrick Foley na primeira fase da Cúpula Mundial da Sociedade de Informação, Ginevra, 11/12/2003) Disponivel em: http://www.vatican.va/roman_curia/secretariat_state/2003/index_po.htm. Acessado em agosto de 2006.
6- Disponível em: http://www.elearningbrasil.com.br/home/brasil. Acessado em abril de 2007
7-Brasil..Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância - 2005.Disponível em: http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home&UserActiveTemplate=4abed. Acessado em agosto de 2006.
8- Ibope/NetRatings Disponível em http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=260&breadcrumb=1&Artigo_ID=4087&IDCategoria=4583&reftype=1. Acessado em março de 2007
9- Disponível em :http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2005/default.shtm.Acessado em março de 2007
10-Disponível em:http://www.w3.org. Acessado em abril de 2007
11-Disponível em:http://www.w3.org/WAI. Acessado em abril de 2007
12- Disponível em: www.inclusaodigital.gov.br/.../emag-acessibilidade-de-governo-eletronico-modelo-v20.pdf Acessado em agosto de 2006.
13-DECRETO Nº 5.296 DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004. ......Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm -. Acessado em agosto de 2006.
14-CONDORCET, B. Webvox - Um Navegador Para A World Wide Web Destinado A Deficientes Visuais. Rio de Janeiro - RJ- 2001Dissertação (Mestrado em Informática), UFRJ IM/NCE.
15-DECLARAÇÃO MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS. Plano de Ação para satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem (Jomtien, Tailândia, 1990).
16- UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE, 1994.
17- BRASIL Constituição Federal Brasileira, 1988.
18-_______ Lei no 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996.
19-______. Plano Nacional de Educação, 2000.
20-______. Resolução 1/2001. Conselho Nacional de Educação / Câmara de Ensino Básico. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Brasília: CNE/CEB, 2001.
Artigos sobre EAD publicados em periódicos
Artigos sobre EAD publicados em periódicos
1.
BLOIS.Marlene Montezzi ;MELCA, F. M. A.. O novo perfil dos programas a distância no terceiro milênio . Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, v. 28, p. 19-26, 2007.
2.
BLOIS, Marlene Montezzi ; MELCA, F. M. A. ;; Brand.L.V . Um Laboratório de Educação a Distância com acessibilidade. Revista Iberoamericana de Educacion a Distancia, v. 26, p. 5-20, 2007.
3.
MELCA, F. M. A. ; BLOIS, Marlene Montezzi . A Trajetória da Educação Corporativa- um caminho permeado pela educação a distância. Revista do CREAD, 2005.
4.
MELCA, F. M. A. . Um Laboratório de Educação a Distância para pessoas com necessidades especiais (IBC-LED). Benjamin Constant, Rio de Janeiro, v. 11, n. 32, p. 3-12, 2005.
5.
MELCA, F. M. A. ; BLOIS, Marlene Montezi . Educação Corporativa - uma alternativa para a Educação Continuada. Delfos Uerj, Rio de Janeiro, v. 24, p. 9-24, 2003.
1.
BLOIS.Marlene Montezzi ;MELCA, F. M. A.. O novo perfil dos programas a distância no terceiro milênio . Revista Iberoamericana de Educación a Distancia, v. 28, p. 19-26, 2007.
2.
BLOIS, Marlene Montezzi ; MELCA, F. M. A. ;; Brand.L.V . Um Laboratório de Educação a Distância com acessibilidade. Revista Iberoamericana de Educacion a Distancia, v. 26, p. 5-20, 2007.
3.
MELCA, F. M. A. ; BLOIS, Marlene Montezzi . A Trajetória da Educação Corporativa- um caminho permeado pela educação a distância. Revista do CREAD, 2005.
4.
MELCA, F. M. A. . Um Laboratório de Educação a Distância para pessoas com necessidades especiais (IBC-LED). Benjamin Constant, Rio de Janeiro, v. 11, n. 32, p. 3-12, 2005.
5.
MELCA, F. M. A. ; BLOIS, Marlene Montezi . Educação Corporativa - uma alternativa para a Educação Continuada. Delfos Uerj, Rio de Janeiro, v. 24, p. 9-24, 2003.
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