quarta-feira, 22 de abril de 2009

A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO CORPORATIVA - UM CAMINHO PERMEADO PELA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO CORPORATIVA - UM CAMINHO PERMEADO PELA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Fátima Maria Azeredo Melca
Coordenadora do Laboratório de Educação a Distância do Instituto Benjamin Constant
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRJ
e-mail : fmel@terra.com.br

Marlene Montezi Blois
Diretora da Oficina do CREAD/Brasil
Consultora da UNICARIOCA/ UniVir
Consultora do SENAC-RJ/CTE
e-mail: m.blois@terra.com.br


Resumo: As tecnologias, nos diferentes setores das instituições, mudaram o cenário do trabalho em todo o mundo, e criaram novas relações nas parcerias construídas. Estas parecem estar assumindo um papel vital no processo de disseminação do conhecimento e na difusão dos valores das organizações, tornando-se um marco definitivo na modificação do paradigma da comunicação. O mundo global e as sociedades nele inseridas estarão sujeitos e terão à sua disposição instrumentos, plataformas, ambientes, aplicativos e mídias cada vez mais interativos, possibilitando uma conexão on-line e on-time, em caráter mais abrangente.
A velocidade exigida para reciclagem do aprendizado, precisa não implicar em redução do tempo profissional dedicado às atividades que estejam diretamente relacionadas com os processos-fim da organização. Tal situação enfatiza a importância de adoção de sistemas de aprendizado que supram in loco as necessidades de educação e treinamento.Novas parcerias estão surgindo, aproximando dois mundos: o da Educação e o do Trabalho, onde ambos se beneficiam no desempenho conjunto.

Palavras chave: Educação a Distância, Educação Continuada, Educação Corporativa, Tecnologias de Informação e Comunicação, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, E- learning.


Introdução

A Revolução Industrial constituiu-se em um marco para o desenvolvimento tecnológico em todos os setores, mas foi especialmente após os anos 60 do século passado, que as Tecnologias de Informação e Comunicação/TICs causaram impactos em todos os campos da ação humana, sendo responsáveis pela configuração social de hoje e pelas exigências do mercado de trabalho.
Cada vez mais, a sociedade como um todo está envolvida em acompanhar o acelerado processo de mudanças que caracteriza a economia atual. Estas mudanças estão induzidas pela abertura dos mercados, campo atingido diretamente pelas inovações e ampliação das ações no campo da Informação.
A Educação Continuada vem obtendo destaque, como indicativo de que o aprendizado precisa ser um processo de caráter dinâmico e permanente, num mundo globalizado, dinâmico e altamente competitivo, que necessita de atualização profissional cada vez mais rápida e constante.
Imersos em uma economia em que mais e mais valor agregado é criado pelo capital humano, os profissionais procuram uma Educação que os prepare para atuar na Era da Informação e do Conhecimento e, para muitos, a maneira de buscar a aprendizagem já está moldada pela alta exposição à mídia eletrônica.
A Educação a Distância (EAD) tem avançado geometricamente em todo o mundo. As possibilidades de interação e colaboração criadas pelas novas TICs têm contribuído para superar preconceitos em relação a esta modalidade e fortalecer a compreensão de que a EAD, além de desempenhar um papel decisivo na definição de ambientes de aprendizagem, é adequada ao desenvolvimento de estratégias de Educação Continuada.

A nova economia mundial está transformando o conhecimento e o capital intelectual dos profissionais nos principais ativos das empresas, e a Internet vem tornando possível disseminar informações e treinar em uma velocidade jamais imaginada. Na área corporativa, essa combinação poderosa permite que o funcionário ganhe autonomia e flexibilidade para buscar novos conhecimentos e rever conceitos, usando o computador, a qualquer hora e em qualquer lugar, com ganhos expressivos de agilidade e redução de custos.
Com a introdução do aprendizado à distância, mudaram os paradigmas da Educação consolidados ao longo de décadas, como o ensino centrado no professor ou do especialista em treinamento empresarial. O foco da ação educativa gora está voltado para o aprendiz - em ambientes formais ou não-, que assume responsabilidades na construção do seu próprio conhecimento.
A essência da organização moderna é o sucesso baseado nas pessoas com conhecimentos culturalmente diversos e a educação corporativa aparece, nesse cenário, como uma forma de armazenar e socializar o capital intelectual acumulado pelos profissionais da empresa, tendo como objetivo tornar-se uma instituição em que o aprendizado seja uma ação contínua e permanente. Costa (2002) reconhece que, em uma época marcada pelos avanços tecnológicos, o mundo nunca precisou de tantas e tão novas competências técnicas e comportamentais, tornando-se cada vez mais necessário produzir ações de capacitação e desenvolvimento que promovam essas aquisições através de conhecimentos, habilidades e atitudes. A formação e a atualização profissional ganham novos espaços, além da escola.Um novo tempo se abre tanto para os profissionais em geral como, em particular, para os da educação.
A Era da Informação e do Conhecimento exige mais do que empresas informatizadas. Apesar de as ferramentas serem essenciais, sozinhas elas não atendem às exigências de competitividade, uma vez que é preciso aliar à tecnologia a capacidade do indivíduo em aprender a captar, gerir, disseminar e aplicar o conhecimento adquirido dentro da organização.

A Educação a Distância

Acredita-se que uma das razões para o avanço da EAD, tanto em países desenvolvidos como nos do terceiro mundo, deva-se ao fato de permitir conciliar a necessidade da Educação Continuada com a falta de tempo e as dificuldades cada vez maiores de um profissional estar fisicamente presente em uma sala de aula.
Blois (2000) destaca que não é mais possível ter a sala de aula como único local para o professor propor atividades que desenvolvam o raciocínio criativo e a resolução de problemas. Hoje, esse local é o próprio ambiente de trabalho, onde os profissionais são envolvidos em exercícios, ação e simulações, em que examinam estratégias empresariais e recomendam soluções em tempo real. A cultura tecnológica tem criado novas oportunidades para as práticas educacionais e buscado desenvolver experiências que tornem possível capacitar o maior número de colaboradores com maior economia.
A EAD parece estar se definindo, neste cenário, como um meio de se proporcionar uma capacitação contínua, flexível e de qualidade da forma que está sendo socialmente demandada. Em particular, no caso das organizações, a EAD se constituir em um valioso instrumento para proporcionar a todos os profissionais a chance da atualização permanente, o meio para colocarem-se em dia com os avanços científicos e tecnológicos e, também, sintonizados com as freqüentes solicitações que os ambientes profissional e social exigem.
O governo brasileiro tem criado leis, estabelecido normas para a educação à distância em nosso País, a começar pela lei maior da Educação, a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de no. 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996, seguida pelos Decretos n.2494, de 10 de fevereiro de 1998, n. 2561 de 27 de abril de 1998, pela Portaria
Ministerial nº 301, de 07 de abril de 1998 e pela Resolução n.1 do Conselho Nacional de Educação de 03 de abril de 2001.
A Educação e a constante reciclagem e aperfeiçoamento dos profissionais são fatores essenciais no contexto da nova configuração do mercado de trabalho. Apesar de ser recente a criação de universidades dedicadas exclusivamente à EAD, é possível detectar que, nos últimos anos, a adesão a esta modalidade vem crescendo muito, o que parece indicar que as novas demandas sociais estão encontrando respostas satisfatórias neste novo sistema.

A Educação Corporativa

A cada ano, mais pessoas ingressam na força de trabalho, sendo necessário garantir a promoção de uma educação contínua que permeie toda a vida profissional, levando a um processo de aprendizagem constante, que possa ser incorporado às teorias e às práticas laborais, para que os indivíduos se mantenham preparados para as sucessivas mudanças decorrentes das exigências do mercado de trabalho.

1 A Educação Corporativa vem se utilizando dos aparatos da EAD e da virtualidade proporcionada pelo e-learning que criou e, paralelamente, ampliou as condições para antecipar mudanças e preparar as pessoas para enfrentarem o futuro. Um grande número de instituições está utilizando esta modalidade para criar ambientes de aprendizagem permanente, que possibilitem aos profissionais, de todos os níveis, darem continuidade à sua educação e ao seu desenvolvimento.
A Educação Continuada parece ser uma tendência irreversível. Cada vez mais, se percebe a exigência da Educação estar voltada para as reais necessidades do mundo do trabalho, com um grau de profundidade e de aplicabilidade maior do que o obtido com a conclusão do Ensino Superior. Demandas do mercado somam-se, também, às pessoais. Na Era da Informação e do Conhecimento, a aprendizagem deixa de ser vitalícia, tornando-se necessário que os indivíduos estejam aptos a dar continuidade à formação que receberam ao longo de sua trajetória educacional.
Dessa forma, fica patente a necessidade da busca constante do desenvolvimento pessoal e a atualização profissional, para se manter competitivo em uma sociedade marcada por constantes transformações, avanços científicos e incorporações tecnológicas. Na prática, as exigências em relação ao trabalho reduzem, em muito, o tempo livre das pessoas para investirem em cursos de qualificação e, associado a isso, as formas convencionais de estudo, baseadas em salas de aula com horários fixos e rígidos, além do seu alto custo, acabam por dificultar a busca por uma Educação Continuada.
Torna-se necessário e urgente propiciar uma Educação que instrumentalize as pessoas para interagirem na sociedade como cidadãos críticos, conscientes, participativos e agregadores de resultados. A Educação Corporativa surge, neste contexto, como uma ferramenta de suporte à organização no cumprimento de seu propósito e possibilite ao indivíduo sua atualização profissional. O advento da Educação Corporativa redefine o relacionamento entre dois mundos - o do Trabalho e o da Educação. A reboque da Educação Corporativa, surge a parceria, cada vez mais sólida, entre empresas e universidades. As organizações estão buscando, nas instituições educacionais, ações que viabilizem programas compatíveis com as suas necessidades de promover uma mão-de-obra qualificada, em virtude dos efeitos da globalização e da acirrada competitividade resultantes da nova economia mundial.
As empresas, hoje, têm que apresentar ambientes de aprendizado permanente, para que seus profissionais, em todos os níveis, tenham na educação um instrumento disseminador e construtor dos valores da organização, de maneira a fomentar o aperfeiçoamento e estimular a difusão da cultura empresarial. Ambientes onde se eliminem as distâncias físicas e onde sejam promovidas construção cooperativa e coletiva dos conhecimentos, o desenvolvimento da consciência crítica e o favorecimento das soluções criativas para as novas exigências impostas pela competitividade do mercado.
Tornando-se virtual, a Educação Corporativa, viabilizada ou não pela criação de uma universidade corporativa, amplia suas possibilidades de responder às questões relacionadas à gestão do conhecimento e da aprendizagem nas organizações, na medida em que aceleram e barateiam os custos do aprendizado organizacional. Muito embora as universidades corporativas sejam diferentes em muitos aspectos, elas tendem a organizar-se em torno de princípios e objetivos semelhantes, em busca do objetivo fundamental que é tornarem-se instituições em que o aprendizado seja permanente (ALPERSTEDT, 2000). A Educação Corporativa, ao se valer da EAD (fundamentos, diretrizes, filosofia), visa criar condições e espaços para estruturar o aprendizado coletivo.
Margerison (citado por ALPERSTEDT, 2000) considera que muitas organizações estão criando a sua própria Educação Corporativa, motivadas pela convicção de que interessa à empresa integrar o trabalho e a aprendizagem de maneira mais consistente, como forma de ampliar as habilidades de seus recursos humanos, visando à continuidade da prestação de um serviço de qualidade para a empresa. Essa afirmação é reforçada por Meister (1999), ao apontar que a proliferação destes cursos formais pelas próprias organizações é conseqüência do crescente interesse organizacional pelo desenvolvimento permanente de empregados capacitados.
Greenspan (citado por ALPERSTEDT, 2000) corrobora tal afirmação, discorrendo que o aumento da demanda por serviços educacionais, em particular o treinamento em local de trabalho, impulsiona a proliferação das universidades corporativas. Tais instituições, em âmbito mundial e nacional, vêm se multiplicado em número e suas ações têm despertado a atenção para o fato de que se configuram em um novo locus de gestão de conhecimento.
Além de estarem presentes em diferentes setores, as Universidades Corporativas são tão variadas quanto as organizações com as quais estão vinculadas, assumindo diferentes características. Peak (citado por ALPERSTEDT, 2000) informa que os seguintes aspectos aparecem em diferentes arranjos organizacionais: (a) espaço físico; (b) uso das novas tecnologias; (c) créditos e diplomas; (d) corpo docente; (e) clientela; e (f) origem do investimento.

Quadro : Características das Universidades Corporativas

Espaço Físico
Podem contar com instalações próprias, ou com instalações de instituições de ensino superior tradicionais em regime de parceria. Em ambos os casos podem atuar de maneira centralizada, deslocando todos os empregados para um mesmo local, ou de forma descentralizada contando com vários locais distribuídos entre vários pontos no mesmo país ou no mundo. Algumas universidades corporativas sublocam espaços, outras não contam com qualquer tipo de arranjo físico concreto, pois estão baseadas em redes eletrônicas independentes de espaço físico, constituindo o que se convencionou denominar de organizações virtuais e ainda há aquelas que estão em um meio termo, mesclando algumas atividades presenciais com outras a distância.
Uso das novas tecnologias
Diversificadas tecnologias podem ser empregadas dependendo de sua finalidade para atender as exigências de uma educação permanente. Para Meister (1999) a integração da tecnologia à aprendizagem está criando oportunidade para que as corporações pensem de maneira totalmente nova sobre como os funcionários acessam informações e distribuem conhecimento. Begley (citado em SILVA, 1997) menciona que o ser humano consegue reter 10% do que ele vê, 20% do que ele ouve, 50% do que ele vê e ouve (importância da multimídia) e 80% do que ele, simultaneamente, ouve , vê e faz (importância da multimída interativa).
A aprendizagem via satélite pode ocorrer de maneira sincronizada ou não, o que permite treinar um grande número de pessoas espalhadas por uma ampla área geográfica em um período de tempo reduzido e ainda favorecendo a interatividade. Embora esta modalidade permita que o indivíduo estude sem deixar sua área de trabalho, as tecnologias de aprendizagem cooperativa reconhecem o poder da aprendizagem em grupo.
Créditos e Diplomas
Os créditos têm validade a partir de uma parceria desenvolvida com uma instituição de ensino superior tradicional, que, a partir de critérios negociados, assume a validade dos programas desenvolvidos pelas universidades corporativas como créditos reconhecidos para a obtenção de um diploma.Nessa linha, e visando ao oferecimento de diplomas, várias parcerias entre empresas e instituições de ensino superior tradicionais estão sendo estabelecidas. As empresas muitas vezes não têm o poder de chancela de diplomas. Entretanto, uma instituição de ensino superior tem tal poder. Esse é, com freqüência, um dos estímulos mais significativos ao estabelecimento de parcerias.
Corpo Docente
Algumas universidades corporativas entendem que apenas professores universitários titulados podem ministrar aulas, outras utilizam executivos da empresa e / ou consultores externos como professores e outras ainda valem-se dos próprios profissionais da empresa, que submetidos a um treinamento e preparação pela instituição de ensino a qual estão vinculados em regime de parceria, obtiveram certificado de professor adjunto ou equivalente.
Clientela
Os cursos podem ser oferecidos aos profissionais da empresa, a clientes, fornecedores, aos franqueados, outras empresas, e até mesmo à comunidade externa em geral.
Origem do Investimento
As universidades corporativas necessitam de investimentos significativos por parte das organizações às quais estão atreladas e, além disso, o retorno sobre esses investimentos é de difícil medição. Alternativas vêm sendo desenvolvidas para evitar a necessidade de grandes investimentos. É o caso dos consórcios entre empresas não concorrentes que compartilham necessidades de treinamento comuns e que têm se associado a fim de obter redução de custos.

Meister (1999) destaca que também é arrolado, como justificativa para uso do termo UNIVERSIDADE, o objetivo de criação de uma marca para os seus programas educacionais, materiais didáticos e processos. Em casos extremos, é usado como apelo mercadológico. A metáfora da universidade pode ser entendida, facilmente, e até imprime ao treinamento corporativo uma característica própria, que atrai a atenção dos funcionários. Devido à complexidade implícita em se atualizar continuamente a base de conhecimento dos profissionais, as Universidades Corporativas estão se aliando às universidades convencionais. A nova parceria entre empresa e educação superior está envolvida proativamente, visando atender as necessidades de qualificação da força de trabalho futura.
A educação e a constante reciclagem e aperfeiçoamento dos profissionais são fatores essenciais no contexto da nova configuração do mercado de trabalho. É possível detectar que, nos últimos anos, a adesão à EAD vem crescendo muito, o que parece indicar que as novas demandas sociais estão encontrando respostas satisfatórias neste sistema educativo.
No que se refere à oferta de e-learning às organizações, sabe-se que a Educação Corporativa representa, no país, uma perspectiva de capacitação, atualização e aprofundamento de estudos para profissionais e estudantes, oferecendo-lhes, em casa ou em seu local de trabalho, uma extensão eletrônica para a construção do conhecimento.
A educação corporativa, apoiada em Educação a Distância e na virtualidade proporcionada pelos ambientes em rede, cria, ao mesmo tempo que amplia, as condições para que a organização antecipe mudanças e prepare as pessoas para enfrentar o futuro .
Os ambientes desenvolvidos para atenderem a Educação Corporativa são estruturados para promover a interação e a colaboração entre os profissionais das organizações favorecendo a comunicação em rede pela Internet ou pelas Intranets das empresas. Esses espaços visavam uma efetiva troca de informações entre os diversos atores do processo, estimulando o raciocínio em rede, desenvolvendo competências coletivas e individuais.
A presença de Tutores nos cursos virtuais é considerada fundamental para dar suporte ao aprendizado, uma vez que a Educação a Distância tem como especificidade a mediação, o que exige tecnologia capaz de tornar possível o ato educativo e um sistema de acompanhamento e apoio personalizado ao aluno. Os tutores atuam como agentes facilitadores da construção da aprendizagem, estimulando comportamentos básicos em ofertas educativas mediadas, como auto-aprendizagem e autonomia.
No tocante às TIC, os avanços tecnológicos permitem disponibilizar um leque de opções de interfaces, possibilitando valorizar diferentes aspectos da inteligência humana, e atender a uma diversidade complexa e heterogênea do coletivo da organização.
Quanto à escolha das tecnologias utilizadas em cursos, é preciso esclarecer que esta não é uma função fácil, exigindo bastante responsabilidade, pois se trata da interface que auxiliará o cursista, diretamente, na compreensão e aprendizagem do conteúdo. Uma escolha inadequada compromete a interatividade, a comunicação, o entendimento da mensagem a ser transmitida e o próprio processo de ensino e aprendizagem pode tornar-se ineficiente. O foco - atender a uma necessidade detectada - deve ser sempre o objetivo da empresa. Cada ambiente, cada curso, deve ser customizado para a realidade da organização - cliente.
No processo de estruturar o aprendizado para o ambiente corporativo, várias tecnologias são disponibilizadas de forma a interagir intensamente com as pessoas envolvidas. A combinação de diferentes fatores (objetivos da organização, clientela a ser atendida, recursos disponíveis) é que vai determinar a ou as tecnologias a serem utilizadas. É preciso considerar em cada mídia a sua especificidade e retirar dela o que possui de melhor para estruturação, organização de um curso on-line.
Percebe-se a preocupação das organizações em não dissociar o trabalho do aprendizado contínuo e, para tal, valem-se do e-learning como uma forma de potencializar e disponibilizar conhecimento para todos no momento em que era observada uma necessidade. E para suprirem a ampla necessidade de conteúdo, as organizações desenvolvem tanto parcerias com as áreas de treinamento e desenvolvimento existentes na empresa, quanto com instituições educacionais do Brasil e exterior.
A parceria Educação Corporativa/EAD possibilita a qualificação de profissionais dispersos geograficamente, instituindo uma cultura de aprendizagem contínua, ao permitir qualificar profissionais, em maior número, com total flexibilidade em termos de horários e locais de estudo.
Acredita-se que a educação corporativa esteja possibilitando essa qualificação, atuando como uma ferramenta de difusão do conhecimento e de democratização da informação. Com esta iniciativa o funcionário tem acesso permanente à qualificação, quer seja no seu trabalho, quer seja na sua casa com imediata aplicação do conhecimento recém adquirido à sua prática diária. É possível capacitar pessoas em todo território nacional sem precisar interferir no tempo dedicado às atividades profissionais.

Conclusão

A EAD está sendo uma das soluções encontradas pelas organizações para atender ao desafio de manter os profissionais informados e atualizados. A parceria com Instituições Educacionais, aderindo ao e-learning, pauta-se nas seguintes razões: (a) possibilidade de viabilizar cursos adequados às suas necessidades; (b) facilidade de controlar e acompanhar os resultados obtidos; (c) ser uma alternativa de menor interferência no cotidiano do trabalho da empresa; (d) redução de custos; (e) agilidade de se repassar os conteúdos a todos os funcionários, mesmo que distantes geograficamente; (f) possibilidade de usar ferramentas que oferecem um canal de voz entre os participantes, como os grupos de discussão, e os relato de casos, e (g) certificação com valor legal, reconhecidos e valorizados pelas empresas e pelos funcionários.
Outro ponto a destacar é, por um lado, a Instituição Educacional que tem uma equipe de profissionais especializados em TIC, o domínio das teorias de aprendizagem, um espaço virtual de aprendizagem podendo ser customizado para diferentes situações; e por outro, a organização, com um conteúdo rico em sua área de atuação, para ser repassado a um contingente de profissionais que carece de atualização constante, face às exigências do mercado globalizado e altamente competitivo.
Dados estatísticos comprovam que cresce, a cada ano, o número de empresas que estão investindo no e-learning como meio de comunicação e treinamento de funcionários. Com o advento das TIC, a EAD vem sendo redescoberta e redimensionada pelo universo corporativo. A educação corporativa está sendo vista pelo mundo do trabalho como um dos elementos que os irá auxiliar a migrarem para a sociedade da informação, possibilitando a educação continuada dos profissionais. Com o aumento da competitividade no mercado, as empresas têm implementado mudanças no sentido de aprimorarem, cada vez mais, seus profissionais e colaboradores, considerados no mundo atual como principal diferencial competitivo entre as organizações. É nítida a preocupação com o “capital intelectual”, com a “inteligência competitiva”, enfim com a gestão do conhecimento da própria atividade produtiva.
A Internet fortalece muito estes aspectos, pois possibilita que as pessoas estejam on-line, vivenciando sua aprendizagem em tempo real, de forma integrada e global. As informações chegam a cada segundo, de todas as partes do mundo, podendo até mesmo haver dificuldade em se distinguir a realidade da ficção.
Apesar de todas essas vantagens, deve-se levar em consideração que as tecnologias são meios e não um fim em si mesmas. São mais um recurso para o desenvolvimento humano, não se constituindo em solução para os inúmeros problemas da sociedade de hoje.
Constata-se que a Educação a Distância, incrementada pela Internet, está tendo um papel muito importante para que se possa levar o conhecimento a comunidades remotas, a pessoas que não tenham facilidade de freqüentar cursos presenciais. A falta de tempo para realizar cursos e participar de eventos, devido às demandas da própria atividade produtiva, agrava-se quando o profissional precisa realizar deslocamentos significativos para chegar até as fontes de conhecimento.
Muitas vezes, o ritmo do trabalho nas organizações não permite que o profissional abandone seu posto para realizar cursos, evidenciando a necessidade de que o aprendizado seja feito durante sua jornada laboral. Trabalho e aprendizado contínuo andam juntos. O avanço tecnológico tornou a aprendizagem a distância sem distância.
Sem sala de aula, quadro de giz, professores em tempo integral ou horários rígidos, o ensino on-line tem conquistado e ampliado seu espaço nas empresas. É a informação disponível sem fronteiras que, bem conduzida pedagogicamente, leva à construção do conhecimento. À distância, o profissional tem liberdade de estudar, respeitando o seu ritmo de aprendizado e a flexibilidade de horário.
Os cursos que oferecem ambientes com interfaces de comunicação assíncronas, com utilização de grupo de discussão, relatos de casos, troca de mensagens e síncronas, como chats e fórum, parecem estar mais de acordo com o conceito de ZDP (zona de desenvolvimento proximal) descrita por Vygotsky, onde as potencialidades dos indivíduos devem ser levadas em conta no processo de ensino-aprendizagem. Isto porque, a partir do contato com outros colegas, alguns até mais experientes e com realidades histórico-culturais diferentes, as potencialidades desses indivíduos podem ser transformadas em situações em que são ativados esquemas processuais cognitivos ou comportamentais.
A educação Corporativa, viabilizada pelo e-learning, deve favorecer a construção do conhecimento, a interatividade e a cooperação, mas para que isso se concretize é necessária a utilização de ambientes virtuais que atuem como um canal propiciador de comunicação e de interatividade entre os atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.


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